Cap. 22

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Bryce chegou no hospital à noite, e deu de cara com meu pai.

- oi - ele cumprimenta meu pai, que retribui o "oi".

- oi Bryce - minha mãe dá um abraço ao meu irmão.

Eu não sei o porquê, mas eu confesso que nunca achei que minha mãe realmente amasse Bryce. Ela nunca foi "próxima" à ele, parece que nem se importa com que fiquem meses sem se ver.

Lembro-me da minha infância, ela nunca tentava agradar Bryce, apenas a mim. Ela xingava ele sem motivo às vezes, quando ele ficava doente parecia que ela nem ligava.

Eu por exemplo, não fiquei uma semana sem que ela me mandasse um e-mail quando me mudei para Westwood. E logo me mandou voltar para casa no final de semana porque estava com saudades.

Mas com Bryce é diferente. Quando ele se mudou ela sequer ligou ou mandou e-mails para ver se ele estava bem. Isso é meio que função de mãe.

- não pode vê-lo. O horário de visitas acabou - meu pai diz.

- aonde está a vovó?

- no quarto com ele.

- ela não deve passar a noite com ele. Ela é uma idosa, e poltronas de hospitais não parecem ser confortáveis - Bryce sempre gostou da minha vó. Acho que ela foi a mãe dele. Porque a nossa mãe, parecia que era só minha.

- ela mesmo disse que quer ficar com ele, acha que não pensamos nisso? - fico com raiva do meu pai. Quando Bryce tenta ajudar ele precisa estragar.

- a vovó é teimosa. Mas ela sempre se amolece com Bryce, ele é tipo um filho pra ela. Acho que se ele tentar conversar com ela, ela aceite deixar alguém passar a noite com o vovô - digo em defesa à Bryce.

- Alyssa tem razão, Miles. Deixe Bryce tentar falar com ela - minha mãe diz e meu pai assente.

Bryce conversa com um médico para liberá-lo a falar com a vovó.

Ele entra na sala, e depois de uns 10 minutos, a vovó sai.

Ele tinha convencido ela a deixar outro alguém cuidar do vovô.

Meu pai e meu tio começam a decidir quem deveria ficar com ele essa noite, mas minha vó os interrompe.

- Bryce vai ficar com ele. Ele já está lá.

- de jeito nenhum eu vou deixar aquele irresponsável cuidar do meu pai. Ele não cuida nem dele.

- meu neto se dispôs, e o seu pai aceitou e adorou a idéia, inclusive. Diferente de você, Miles, Archer se importa com o seu filho. - minha vó diz e meu pai simplesmente abaixa a cabeça e assente.

- ok - meu pai diz - ah, e você vai dormir lá em casa hoje. Amanhã te levamos aqui de volta. O motorista já foi buscar algumas coisas suas na sua casa para você dormir lá essa noite.

Minha vó resmunga um pouco mas aceita.

.................................

Como eu senti saudades desse quarto. Ele ainda tinha meu cheiro.

Eu teria que ir de volta a Westwood com Bryce às 6 da manhã para ir a escola, então teria que levantar 5 horas para me arrumar e sair.

Acendo a luz e dou uma olhada nas coisas que não levei para Westwood quando me mudei pra lá.

Me deparo com uma caixa, guardada dentro de uma gaveta.

Eu me lembro muito bem dela. Eu costumava guardar muita coisa ali dentro. Cartinhas que recebia de Olivia, fotos, lembranças... E textos.

Sempre que eu estava triste, ou que acontecia algo de ruim, eu escrevia textos para meu vô. Ele não lia, claro. Eu sequer os entregava. Isso era só uma forma de expressar meus sentimentos.

Uma vez, comecei chorar na sala de aula. Eu não queria falar o motivo, e uma professora me disse que eu deveria escrever cartas para uma pessoa, contando sobre o assunto que me deixou triste ou em como me sentia. Eu não precisava enviar, mas eu me sentiria melhor.

Desde então eu sempre fiz isso, e deixei guardado todos esses textos. Nunca li nenhum, e nem pretendia. Só escrevia quando sentia emoções ou vivenciava momentos ruins, então eu leria coisas ruins.

Mas como a minha curiosidade gritava mais alto, procurei a carta da noite em que meu pai expusou Bryce de casa.

Querido vovô...
Hoje meu pai e mano brigaram. Eles sempre brigam, mas hoje brigaram mais.
Eu estava no meu quarto, e ouvi meu pai gritar com ele. Eu desci as escadas e meu pai deu um soco no mano.
Eu gritei com ele, eu disse "pai, para!" E comecei a chorar. Aí a mamãe veio e me tirou de lá. Ela me levou para o meu quarto.
Eu pedi para ela porque meu pai estava brigando com o mano dessa vez, e ela disse que era porque Bryce foi desobediente e não queria trabalhar com meu pai.
Eu disse para minha mãe que se Bryce não gostava de trabalhar com meu pai, ele não deveria ser obrigado a fazer isso. E ela me disse que meu pai estava certo, e que Bryce era um bobo.
Eu ouvi alguns barulhos de batidas. E eu comecei a chorar.
Eu estava com muita dó do mano, não queria que ele apanhasse.
Meu pai chamou mamãe para descer até a sala com ele e o mano. Ela foi, mas me mandou ficar no quarto.
Eu estava com muito medo do que eles iam fazer com o mano, então eu comecei a chorar mais ainda.
Eu não conseguia respirar. Eu só ouvia Bryce gritar "para" e meu pai batendo nele.
Depois meu pai bateu na minha mãe.
Eu ouvi um barulho de tapa e minha mãe soltou um grito.
Isso se repetiu, ele bateu nela mais vezes.
Eu ouvi ele mandar o mano sair de casa, e nessa hora eu desci correndo.
Meu pai estava furioso.
Minha mãe estava abaixada chorando em um canto da sala.
O mano estava com alguns cortes no rosto porque meu pai deu socos nele.
Eu corri até o mano e abracei ele bem forte.
A mamãe me tirou dos braços dele, e eu comecei a chorar mais e mais.
Eu pedia porque meu pai bateu neles e mamãe só dizia "nós estamos errados, papai está certo".
Eu não dormi essa noite.
Estava com medo do meu pai me bater também.
É isso vovô, eu te amo muito muito muito. Beijos da sua filha Alyssa.

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Capítulo capenga, eu sei 😭
Mas votem msm assim pff
Bjosss e queijosss 🤍

how much I love you - Jaden HosslerOnde histórias criam vida. Descubra agora