Prólogo

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Os olhos de Bang Christopher estavam vidrados sobre um pequeno cachorro de pelos esbranquiçados que corria livremente no jardim principal do grande palácio. O animal pulava de um lado para o outro, brincando sozinho sem perceber o olhar atento do homem que o bisbilhotava por uma das grandes janelas no último andar do palácio.

Aquela era uma cena fofa que distraía o observador da desagradável discussão que era travada por seus demais companheiros presentes no quarto onde se encontrava.

Bang Jinyoung, era o mais palestrante dentre os quatro homens. Ele era o atual rei da nação. O principal monarca do reino da Oceânia e genitor de Christopher.

O velho monarca abusava de sua energia para permanecer acordado perante os outros três homens. Seu corpo debilitado deitado sobre a grande cama no centro do cômodo enquanto tentava, com sua voz rouca e falha, comandar o debate da reunião. Ele obtinha a total atenção dos demais nobres e ignorava o jovem alheio que apenas olhava para a vista além do quarto através das janelas.

Os outros dois homens que compunham o quarteto se chamavam Lee Minho, ministro da economia e Seo Changbin, também nomeado apenas como General Seo devido seu posto como principal comandante sobre o exército e segurança do país. Ambos sendo os principais membros de suas famílias e representantes desta no comitê responsável pelas decisões políticas sobre o reino.

Este encontro se tratava de uma importante reunião que ocorria em segredo com os dois monarcas e braços direito da coroa. Discussões que  já vem se repetindo e se prolongando a alguns meses em prol de encontrar uma solução viável para a coroação do príncipe herdeiro ou persuadilo para que ceda a um casamento.

Quanto ao próprio príncipe, ele apenas se sentia sobrecarregado perante aos recorrentes encontros que vinham ganhando maior frequentemente nos últimos meses. Não que este não percebesse o quão importante era a ocorrência dessas reuniões, mas não conseguia evitar a frustração de não poder opinar sobre as decisões finais quando sua própria vida era o principal assunto tratado nelas.

Christopher nem ao menos entendia o porquê de está ali se suas opiniões nem seriam cogitadas para serem ouvidas. Era apenas uma testemunha para saber como chegaram à determinada conclusão de algo para seu próprio futuro.

Ele podia sentir o olhar de reprovação vindo do rei constantemente sobre si, assim como o do General Seo que, provavelmente, esperava que Chris se manifestasse sobre o debate. A atenção do primeiro não afetava tanto ao homem de cabelos laranja, ao contrário do olhar do General. Eles eram amigos desde sua infância e Christopher sabia que o outro desejava que ele se colocasse em uma posição oposta ao rei, mas essa não era uma possibilidade existente nos pensamentos dele.

Mesmo tendo grande influência sobre os nobres por ser o príncipe, Bang Christopher não gostava da ideia de ir contra seu pai. Ele já carregava a culpa por não querer se casar e, consequentemente, tardando sua coroação e desapontando o mais velho.

Na Oceânia, uma coroação só poderia ocorrer junto de um casamento. E, mesmo que o monarca mais jovem fosse extremamente competente e ortodoxo nas leis do país, sua atual sina era justamente a única coisa que se negava a realizar.

O pequeno cachorro no jardim já não era mais presente, mas os olhos de seu observador permaneciam no mesmo lugar, agora, sobre a grama verde e bem cortada. Tentava ao máximo ligar seus pensamentos a outras coisas até que foi forçado a voltar sua atenção aos três homens.

O velho monarca, deitado sobre a cama, chamou por ele com sua voz falha:

— Christopher, é verídico o que diz o General Seo? — Perguntou o rei, olhando com um pouco de dificuldade para o homem distraído. Chamando sua atenção.

Christopher o olhou confuso, nem ao menos havia ouvido o que o General tinha dito. Até então, a única coisa que realmente o interessava era o animal brincalhão ou o quão verde e bem podada estava o gramado principal do palácio.

Devido à sua confusão, o príncipe voltou sua atenção para o General que balançava a cabeça verticalmente, indicando ao outro que confirmasse a pergunta do rei. E, assim o príncipe fez, respondendo com uma breve afirmação e olhando novamente para o jardim através da grande janela.

— Pois bem! Faça como preferir, contanto que consiga subir ao trono antes da minha ou da sua própria morte.

Bang Jinyoung sofria com um estado precário de saúde. Nem ao menos saia de seus aposentos devido às dificuldades trazidas com sua doença. Por isso, assim que consentiu a proposta trazida pelo General Seo e, supostamente, pelo príncipe, deu um fim à reunião.

Changbin e Lee Minho foram instruídos a se retirarem do quarto. Restando apenas os dois monarcas.

Christopher não ousou olhar para seu pai. Ele sabia que havia sido mantido ali para receber uma repreensão, por isso, apenas aguardou a fala do mais velho enquanto olhava para o jardim bem cuidado.

Sem um grande espaço de tempo, o monarca retornou a falar. Ele também não olhava em direção ao outro, seu olhar e rosto sem expressão em direção ao teto.

— Bang Christopher, pense bem sobre suas escolhas. Se não está desejando que a família Bang perda o trono e a população desse país viva em meio a conflitos, sugiro que deixe de ser egoísta.

O voz do mais velho desaparecia lentamente ao longo de suas palavras, tornando-se mais baixa até que fixar em um último suspiro e logo adormecer enquanto proferia sua sentença final:

— Um casamento não é sobre amor, e sim sobre um dever seu com seu povo e seus antepassados…

A ausência de falas e o som da respiração pesada do rei  preencheram o quarto após o adormecimento precoce do mais velho ali presente.

O príncipe permaneceu parado em frente a grande janela. O sentimento de culpa novamente em seu corpo, o lembrando de seus deveres e covardia por se negar a cumpri-los.

Ele podia notar o quão emergente era a saúde de seu pai naquele momento. Tornando a ocorrência de uma coroação  imediata mais necessária do que nunca.

A visão de Bang Christopher se tornava menos nítida devido ao acúmulo de lágrimas em seus olhos, mas elas não eram pelo sentimento de culpa e sim de determinação. Christopher estava determinado a colocar um fim em seu egoísmo. Mesmo que isso o fizesse uma pessoa desonesta por não cumprir suas promessas.

Ele estava convicto e cederia ao seu inevitável futuro e cumpriria com seus deveres.

Determinação e um pequeno sorriso em seu rosto, essa era sua expressão, com os  olhos novamente focados no animal de pelos esbranquiçados que havia voltado para o jardim, mas dessa vez brincando em companhia a outro cachorro de pelos amarelos.

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Esta história está sendo reescrita e republicada desde 22/07/23.

Espero que gostem da nova narrativa✧⁠◝⁠(⁠⁰⁠▿⁠⁰⁠)⁠◜⁠✧.

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