Capítulo 1

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Seguro a xícara com as minhas duas mãos. Caminho para a sala e pego o controle da televisão, antes mesmo de poder me sentar, fui impedida por batidas impaciente.

Observo a porta, aguardando ansiosamente para escutar a voz da pessoa que estava atrás dela. Por segurança meus pais possuem uma chave, cada um, e já que nenhum dos dois entrou pela porta, então tento uma serie de opções de quem possa ser, contudo apenas uma pessoa eu posso descartar, Mariana. Ela é fria demais e egoísta o suficiente para poder se redimir e me pedir desculpa.

- Maria, sou eu o Devon. Por favor vamos conversar. - Implora.

Escuto mais três batidas.

Devon é a ultima pessoa que eu quero ver e conversar nesse momento. Creio eu, que nenhum outro momento será apropriado para conversar com ele, se antes dessa traição eu já não gostava, imagina agora. Devon nunca teve os meus ideais que eu, quero dizer, ninguém é obrigado a ter - mesmo tendo um relacionamento amoroso com a outra pessoa - entretanto, os seus assuntos e argumentos eram...terrivelmente ardilosos e sem graça, não me entusiasmava em absolutamente nada. Qualquer pessoa depois de um dia tenso no trabalho gostaria de chegar em casa e conversar sobre qualquer outra coisa sem ser o trabalho, Devon já não pensava assim. É gratificante o seu companheiro (a) perguntar como foi o seu dia, mas apenas isso.

Mais três batidas na porta.

- Maria, eu vou ficar aqui o dia inteiro batendo na sua porta até você abrir. Você não quer que os vizinhos reclamem, quer?

Serei forçada a abrir a porta do meu apartamento para uma pessoa que eu não quero ver, justamente por causa de sua ameaça. Não gosto de perturbações, creio eu que os meus vizinhos também não.

Respiro profundamente. Deixo a minha caneca sobre a mesa de vidro que fica ao centro entre a televisão e o sofá. Caminho em direção a porta ajeitando o meu roupão e antes de virar a chave fecho os meus olhos, implorando a Deus, para que ele me dê forças e muita paciência.

- Oi. - Devon deu um leve sorriso amarelo.

Eu odeio esse sorriso de quem fez merda e acha que está tudo bem apenas pedindo desculpa e pedindo uma segunda chance.

- O que você quer?

- Conversar.

- Não temos nada para conversar, você sabe disso.

- Discordo plenamente. Não vai me convidar para entrar? - Observou o interior do apartamento com um olhar irônico.

Sem ter nenhuma escapatória, dou dois passos para o lado, dando passagem para que Devon passar. Me arrependi da merda que eu fiz no segundo que ele entrou.

- Você nunca me trouxe aqui. - Afirmou, admirando o Hall.

- Nem os meus pais eu trago aqui, quem dera você. - Respondo rispidamente.

- Você nunca quis me trazer aqui. - Disse, quando os primeiros passos em direção a sala.

- Não, nunca quis. - Afirmo.

Pela primeira vez na minha vida não tive medo de dizer a verdade para ele. Desta vez Devon não vai correndo e contar para os meus pais que eu fui grosseira com ele ou mal educada, isso não quer dizer que eu tenha sido essas duas coisas com ele quando estávamos namorando, nunca fiz e nunca faria. Lembro-me de um dia que eu estava tão irritada com ele e de suas conversar insuportáveis, que eu quase, quase o mandei para o inferno. Sempre foi insuportável ficar ao seu lado, quase sempre eu tentava me esquivar dos seus beijos e dos seus braços, e todas as vezes que os seus lábios tocavam os meus eu sempre dava um jeito de limpar. Sua presença era um fardo para mim.

Em Revisão - Deliciosa Vingança  Onde histórias criam vida. Descubra agora