"Ele foi bom e delicado
Mas era mal e era tão mal educado
Foi tão gentil e tão cortez
Por que será que eu não notei nenhuma vez?"Ouvir essa voz suave no jardim do orfanato, era noite e a lua estava cheia, mergulhando o jardim em um tom de prata mágico, a dona da voz estava sentada em um banquinho, era pequena e tinha cabelos pretos muito longos.
"Eu reparei no seu olhar
Que não tremeu quando chegou a me tocar
Não pode ser, que insensatez
Jamais alguém me olhou assim alguma vez"Ele não resistiu e a acompanhou, Bela e a Fera era o seu desenho mais querido.
Assim que o garoto de cabelos pratas revela sua posição a garota o olha com seus enormes olhos escuros que brilhavam pela luz prata da lua.— Zana... — A voz dela era muito baixa, era extremamente difícil que alguém a escutasse, mas era adorável ouvir ela dizer seu nome.
— Princesa — o pequeno de pele morena aproxima dela e se ajoelhando em sua frente, tocando suas mãozinhas pálidas, tendo a divina visão dos contrastes de suas peles.
Ele desperta desse sonho ao som de Bela e a Fera, sentindo uma tristeza grande por se lembrar exatamente dos toques de suas mãos mesmo após tantos anos.
Sabendo que ainda se lembrava da garota que as pessoas juravam ser uma assombração do orfanato, se ela realmente fosse, ele sabia que havia se apaixonado por um fantasma.
— Tem casa não? — o rapaz menor pergunta ainda sonolento ao ver Kakucho na minha cozinha fritando ovos.
— Eu moro aqui em baixo, prefiro sujar os seus pratos do que os meus — a simplicidade de como ele é folgado é muito grande, Izana não desgostava da presença.
— Fez café? — o menor pergunta se sentando em uma das cadeiras da bancada.
— Óbvio — ele sorri um pouco, entregando um prato com ovos e uma xícara com café.
— Pode sujar minha louça sempre que quiser — Izana diz um pouco alegre depois de cortar um pedaço do ovo e comer.
— Você sempre diz isso — Kakucho dá uma risada baixa e vai pegar o dele também.
Hoje ele tinham um trabalho importante pra fazer, algo que somente os dois podíam. Infiltração seguida de assalto.
Não significava que eles iriam até lá roubar, mas significa que vão entrar, descobrir onde algo está, roubar da forma mais chamativa e danificante possível.
Se bem, que eles também roubariam hoje.
Então, depois do café da manhã reforçado os homens partem na direção de um prédio que parecia um barraco caindo aos pedaços, algo nada chamativo mesmo sendo um cassino ilegal da Yakuza onde eles com certeza mantém várias mulheres presas. Elas não são da conta da Tenjiku, mas a lista de clientes e fornecedores deles é.
— Cuidado — Kakucho diz para Izana ao deixá-lo na lateral do edifício por onde o rapaz de olhos violeta subiria— Se passar quinze minutos do prazo e você não falar comigo, eu vou entrar.
Izana sorri um pouco, mas de maneira adorável.
— Tome cuidado se isso acontecer — o platinado acena duramente para Kakucho.
O carro branco se afasta, olhando em volta rapidamente, o prédio era exatamente o que tínham investigado, era uma estrutura velha, da época em que as pessoas tinham que entrar dentro de dutos para limpar a ventilação, as paredes tinham vãos entre elas que também permitem a circulação. Perfeito.
Entrando pela ventilação o menor passou por vários corredores, durante a manhã aconteciam cenas ainda mais nojentas do que as que vão acontecer durante a noite. O Shinichiro sempre dizia que tinha nojo de homens que maltratavam mulheres, Izana compartilha do sentimento.
Ele descobriu onde estavam o que precisava depois de ter descido de um duto no corredor e entrado em um buraco que parecia uma portinhola de cachorro na parede, as paredes pareciam corredores a parte, quando ele esfrega seu pé calçado com um sapato de couro fino no chão percebe uma ausência de pó por um caminho.
— Alguém tem o costume de andar aqui dentro — ele murmura para si e já começa a andar, não queria encontrar com essa pessoa ainda.
Foi na exata hora que ele viu por um buraco o seu alvo guardando as listas. Foi fácil.
Estava pegando meu celular para avisar o Kakucho quando ouve passos de alguém correndo... Como tem alguém correndo aqui dentro?
A única coisa do tempo de reação de Izana que foi possível fazer é virar na direção dos sons, assim ele pode ver somente um vulto com pele branca e cabelos negros... O fazendo agir no impulso, segurando seu pulso da mão que segurava a faca, sim tinha uma faca, mas essa pessoa já estava tão rápida e o ambiente não era propício fazendo maior naquela situação escorregar para trás sem ter a chance aparar a quera, em uma situação normal ele teria caído.
Mas as paredes eram estreitas, deixando Izana preso, por sorte, ela também... Bem em cima de seu corpo, foi só aí que ele vislumbra de fato o rosto dela suavemente iluminado pelos furos da parede que entravam um pouco de luz.
— Zana — a mesma voz de sussurro, ele. não acreditava...
— Haru... Princesa — os dedos do moreno soltaram o pulso dela e a faca suavemente escorrega até o chão.
O rosto pálido dela estava muito magro, uma de suas bochechas estava roxa e ela não parecia nada bem... Algo que foi confirmado no ponto de vista de Izana quando seus olhos ficaram brilhantes de lágrimas, que logo escorreram por suas bochechas.
Isso trouxe uma sensação que o rapaz de cílios pálidos poucas vezes experimentou, era um desespero e uma angústia, como se as paredes fossem ainda mais estreitas.
A cabeça dela estava suavemente encostada em seu peito enquanto ele não conseguia me mexer, só ficando mais agoniado, o que piorou quando o celular de Izana começou a vibrar em seu bolso
— Haru — ele sussurra o nome da garota — pega o meu celular no meu bolso, é o Kakucho.
Um brilho distinto aparece nos olhos da garota, que pega o celular do bolso dele, atende e põe no ouvido de Izana, enquanto tenta se desencaixar de perto dele.
— Kakucho, uma pessoa vai te encontrar, trate ela bem... Vamos ter que roubar outra coisa daqui de dentro — Izana fala ao celular aos sussurros enquanto a garota escuta.
—Eu não posso... — ela ia falar quando izana põe seu dedo indicador na frente de seus lábios pequenos e carnudos.
— Se você está aqui e ainda não fugiu, eu sei exatamente o motivo — ele diz com sua expertise latente no olhar púrpura — Você vai ir até o esportivo branco lá fora, vai encontrar o Kakucho facilmente... Vamos voltar com a sua irmãzinha.
Ele dá um beijo gentil na testa dela antes que a garota simplesmente tome seu caminho pela parede, obedecendo o que o rei disse.
Sim, as irmãs Haru e Yuki, Haru era quase uma lenda do orfanato, uma pessoa que se esgueirava nas sombras e que as vezes era chamada de assombração, enquanto Yuki era um anjo, o albinismo completo e o fato de ser favorecida pela administradora do orfanato lhe conferia muitos privilégios junto de sua aparência bela.
Não foi nada difícil para Izana encontrar a sala onde a garota cuja imagem era até mesmo danosa aos olhos de tão brilhante, ela parecia doente e bem magra. Mas ele não tinha tempo para isso, agarrou a mulher que não o reconheceu pelo pulso e a tirou de lá enquanto Kakucho e metralhadoras faziam um estrago.
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O Coelho e a Cobra - Izana Kurokawa
Fanfiction"Você não é um demônio, será a minha rainha" Para Izana, a garota que vivia nas sombras era a que mais merecia ser vista.