Minha Esperança [Camren]

Cirurgia

PVO Lauren Jauregui.

A faculdade na Inglaterra havia sido uma das melhores, confesso que foi difícil me adaptar as coisas diferentes na minha rotina mas acabei fazendo bons amigos, William, Isabelly e Gustavo eram pessoas que até hoje tenho contato, claro que haviam outros mas esses eram meus favoritos. Me lembro como se fosse ontem chegar no meu dormitório vendo Isabelly com um sorriso simpático estendendo a mão pra mim, sim, a gente teve um envolvimento mas foi por alguns dias até ela confessar seu amor por outra menina e nos tornarmos melhores amigas. Os outros dois foi uma amizade muito verdadeira, ficamos conversando durante vários momentos sobre os estudos, vida e festas também, gostei de ter ido mas preferia ter ficado.

O tempo me fez esquecer as coisas boas e ruins que deixei em Miami, as pessoas que deixei não esqueci, na real acho que será difícil deixar pra lá um dia. Os primeiros meses foram duros pois o estudo era avançado, fiquei tentando decidir se ficaria ou não mas Ally sempre me incentivou, tanto falei dos meus sonhos sendo médica que ela comentou que Normani também havia seguido o mesmo caminho como enfermeira, sei disso por que atualmente trabalhamos juntas ela é uma das enfermeiras do hospital em que estou. Mas voltando, pelo estudo avançado foi difícil me adaptar a tangas mudanças, mas com bons amigos fui compreendendo as matérias, não me sentia sozinha na maioria do tempo conversava com minha mãe, ela me incentivou a seguir meus sonhos. Ser uma médica cirurgiã não era fácil, precisei me empenhar em descobrir meus reais objetivos na medicina. Um deles óbvio que era mudar a vida das pessoas, mas também descobri que fazia bem a mim mesma ajudar quem precisava, eu estou bem comigo mesma. Descobri que me sinto melhor quando estou dando uma boa notícia, mas nada me faz esquecer as ruins.

Me lembro do primeiro paciente que morreu na sala de cirurgia a um ano, eu era nova mas sabia o que estava fazendo, uma parada cardíaca deixou tudo mais tenso na sala, usei o desfibrilador tentando reanimar mas isso não deu certo, os sons sonoros dos batimentos cardíacos haviam parado de vez sem chance de reanimação, foi meu pior dia sendo médica. A realidade era que não dava pra selvar todo mundo que precisava ser salvo, as vezes perder significa maturidade, entendi no momento que não sou Deus mas posso ajudar a tentar trazer alguém a vida. Me lembro que sai da sala de cirurgia vendo os pais do garoto desesperados por informação, avisei o que tinha acontecido recebendo gritos pela reação, eles estavam desesperados e em lágrimas a mãe segurava no meu jaleco implorando para que fosse mentira, simplesmente disse que não tinha nada a fazer tirando suas mãos de mim. Me afastei deles deixando chorar entrando na minha sala mas naquele momento me abaixei começando a chorar, foi meu primeiro fracasso. Eu não sabia como lidar com tanta pressão, perder alguém querido era ruim e sabia disso, deixei que Normani cuidasse dos pais pois não estava bem pra isso.

Procurei ajuda de uma psicóloga do hospital que me apoio, seu nome era Lucy e me ajudou muito a superar esse caso, uma criança, eu havia deixado uma criança morrer mas não era minha culpa. Infelizmente tive que aceita que as pessoas não são de ferro, a maioria pode morrer amanhã e nem sabe, a realidade médica era tentar manter sua respiração até certo ponto, o garoto morreu pois não resistiu e seus pais sabiam disso, eu sabia disso. Mas tinha esperanças que um dia fosse vê-lo cresceu, não aconteceu. Sabendo das minhas responsabilidades decidi ser mais cuidadosa com meu trabalho, claro que não fazia cirurgia todos os dias mas quando precisasse eu estaria lá, não tive mas pacientes graves eram exames normais, cirurgias simples graças ao meu bom Deus. Na teoria as coisas parecem mais fácies só que na prática não dava para adivinhar quem iria ter uma parada nessas, eu estou disposta a viver uma vida normal mas vezes ver pessoas morrer me afetavam, gosto de casos simples mas um desafio sempre é bem vindo. Não gosto de imaginar ninguém perto de mim morrer mas meu pai é a prova disso.