- Não está certo.
A voz de Elizabeth cortou o silêncio, ainda que fosse apenas um sussurro.
- O que não está certo, Lizzie? - perguntou Emily, sua irmã.
- Eu sinto que os Cullen estão em apuros.
- Lá vem você com esse papinho de novo - respondeu Ellen, sua outra irmã. - Se está com saudades era só dizer, poderíamos fazer uma surpresa.
- Não, você não me entendeu. Eles estão mesmo em apuros!
Como sentia isso, Lizzie não sabia explicar, mas sentia. Concentrou-se em localizar alguém da família através de seu poder. Poderia ser um pouco exaustivo, mas ela conseguia, já fizera isso antes.
Sua mente vagou em várias direções, e levava um tempo até que conseguisse se concentrar apenas nas vozes que conhecia. E como havia planejado, escuta a voz de Alice.
- Alice -, sussurra, e suas irmãs prestam atenção ao que ela diz. - Ouço a voz dela, com medo eu acho... Ela disse que Edward está tentando provocar os Vulturi.
Há um momento de tensão, suas irmãs sequer conseguiriam imaginar Edward, que era tão sensato, fazendo algo desse tipo. Mas quando Ellie ia perguntar o motivo disto, Lizzie abre os olhos e diz: "Ele vai se matar!".
***
Foi uma decisão conjunta, mas ao mesmo tempo nada fácil de ser tomada: elas viviam escondidas há muito tempo. Vestiram disfarces para poderem dar as caras em plena luz do dia. Quando deixaram a gruta onde viviam, sabiam que as coisas que iam encarar não daria para voltar atrás, não daria para desfazer.
- Tem certeza, Lizzie? - perguntou Emily, em tom protetor. Elizabeth sabia que suas irmãs não queriam que se arrependesse depois, afinal de contas escolheram viver juntas e isoladas por séculos. Ao mesmo tempo sabiam como era importante para ela fazer isto: se sentiria culpada pela eternidade em que vivesse.
- Tenho. Eu vou entender se quiserem ficar, não queria expor vocês.
- Ai, fala sério. Somos irmãs, não somos? Estamos nessa juntas -, respondeu Ellie, a mais sensata de suas irmãs.
Por fim, saíram da gruta. Era engraçado pensar que elas de fato viviam como nos contos sobre vampiros, em cavernas escondidas do sol e de qualquer outro ser (mas elas não saíam para caçar pessoas na calada da noite, aí que estava a diferença).
Numa velocidade descomunal chegaram em seu destino. Mas não foi por acaso, uma vez que já se encontravam na Itália, mas isso pode ser esclarecido em outra ocasião.
Chegaram em Volterra, se passava apenas poucos minutos do meio dia, as ruas ainda continuavam cheias de pessoas de todas as idades vestindo capas vermelhas.
Neste momento as irmãs andavam majestosamente, trajando vestimentas capazes de cobrir sua pele, óculos escuros, chapéus graciosos e luvas. Apesar disso, vestem roupas comuns, que por incrível que pareça combinavam com os acessórios.
Entrando na fortaleza dos Volturi se desfizeram de todo acessório, porque afinal não entrava um raio de sol sequer no local. A única coisa que ainda não haviam se desfeito eram suas lentes de contato, que na verdade seria desintegrada sozinha por seus corpos.
Quando chegaram a uma recepção, sentiram o aroma do sangue fresco da humana que ali estava, a fim de recebê-las e direcioná-las onde queriam ir. Em outra ocasião, não teria sobrado nada da moça para contar a história.
Nem se deram ao trabalho de parar, Elizabeth confundiu a moça de tal forma que foi como se ela não as visse passar, sem alarde, sem mortes.
Pararam em frente a porta do covil dos Volturi, olharam uma para a outra, e entraram na sala. No exato momento que entraram na sala, Aro parou de falar, e dirigiu-lhes seu sorriso que vinha de orelha a orelha.
- Ora ora ora, se não são minhas trigêmeas favoritas - e riu.
Lançando sorrisos, as três os comprimentaram numa saudação educada, como as damas costumam fazer.
Foi neste momento que Elizabeth sentiu um cheiro diferente. Rapidamente avaliou a situação em que se encontravam os Cullen. Alice estava parada próxima a Edward, que estava exatamente como ela se lembrava, com exceção de estar usando uma capa dos vampiros Volturi abotoada porém com peito exposto. E ali, atrás dele de forma protetora, encontrava-se a fonte do cheiro agradável, porém diferente do que sentiam.
Uma humana.
Não foi preciso muita coisa para Lizzie deduzir o que estaria acontecendo. Em uma fração de segundos. Mas não cabia a ela demonstrar surpresa, não queria que a conversa fosse muito longa.
- Que maravilha, que maravilha - ainda dizia Aro. - Quantas visitas boas para um único dia, que maravilha.
- Fico lisonjeada, Aro - respondeu Emily educadamente. - Pedimos desculpas pela intromissão, não quisemos abusar da boa hospitalidade, mas achamos injusto trazer sua recepcionista até aqui só para nos acompanhar.
Emily era a mais educada das três, então geralmente era a porta-voz.
Aro apenas balançou a mão, do tipo 'não tem problema algum', e parecia ter perdido seu interesse pelos Cullens e andava agora na direção das três visitantes. Caius e Marcus também pareciam ter perdido a vontade de continuar, seja lá o que estavam fazendo com Edward, Alice e a humana.
Pegou na mão de cada uma e deu um beijo, costumeiro de boas-vindas e para sondar suas reais intenções, mas não pareceu surpreso em não conseguir ler nada.
Lizzie sabia defender a mente de suas irmãs como ninguém, de vampiros até mesmo como os Volturi. Mas se Aro insistisse por algum tempo, quem sabe... Ele a encara e sorri novamente, então ela sabia no seu interior que ele notara o que ela estava fazendo.
- Minhas queridas, a que devo o prazer de sua visita inesperada? - perguntou Caius.
Dessa vez quem falou foi Elizabeth.
- Viemos pedir que deixem os Cullen ir embora. Tenho certeza de que eles não queriam importuná-los, afinal de contas somos pequenos, não deviam perder seu importante tempo conosco.
Aro parecia gostar das palavras de bajulação, mas Lizzie sabia que teria que oferecer algo a ele se quisesse que ele lhe fizesse esse favor.
- Bem, meu tempo é muito importante, como de fato notou. Mas... Edward trouxe uma questão bem intrigante na verdade. Não tenho certeza se pode me oferecer algo capaz de me fazer esquecer o motivo de ele estar aqui.
Edward moveu-se desconfortável por um segundo. Talvez isso passasse despercebido pelos outros, mas não por Elizabeth. Aquela humana parecia mesmo ser importante para ele, e seja lá o que o levou a desistir de tudo, obviamente não queria deixar de viver agora.
- Temos assuntos inacabados - continuou Elizabeth.
- Lizzie. - Disse Ellie, nada satisfeita, o que pareceu agradar Caius.
- Sim, temos. E querem falar sobre isso... agora?
Elas se entreolharam, mas antes que respondesse algo, foi a voz de Edward quem quebrou o silêncio.
- Não precisa. Não faz isso Elizabeth - era um sussurro quase inaudível. Mesmo estando ele na frente da humana, a vampira duvidava muito que ela tivesse escutado.
Alice também não parecia feliz com o rumo que a coisa estava tomando, mas não poderia se intrometer. Não desta vez.
- Gostaríamos de ouvir mais propostas, antes da decisão final. Podemos resolver quando acharem melhor, não queremos incomodar. No entanto... Estávamos por perto, mas gostaríamos muito de rever nossos irmãos, se nos permitirem ir para casa, claro.
Eles se encararam por um segundo, e para Lizzie foi o suficiente. Podia fazer coisas inimagináveis com o poder de sua mente. Sabia que ele as deixaria em paz por enquanto, e ao mesmo tempo sabia como ele odiava ser desafiado, principalmente na frente de outras pessoas.
Aro também as conhecia bem, sabia disfarçar seus pensamentos sem que fosse óbvio que estava fazendo isso. Suas intenções eram outras quando disse:
- Podemos nos resolver mais tarde.
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As Cullens - Crepúsculo
FantasyElizabeth sabia. Só não conseguia explicar como, mas sempre que Edward não estava bem, sabia que precisaria fazer algo, porque devia muito a ele. Algo acontece que deixa a vida dele em perigo, então Elizabeth e suas irmãs decidem socorrê-lo, mesmo n...