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𝐌𝐈𝐂𝐇𝐄𝐋𝐋𝐄 𝐓𝐑𝐀𝐂𝐇𝐓𝐄𝐍𝐁𝐄𝐑𝐆 ⎯⎯ 𝒞𝖺𝗅𝗂𝖿𝗈́𝗋𝗇𝗂𝖺 ﹙𝒇.﹚ 𝟤𝟢𝟣𝟫 ⎯⎯
Eu tenho 17 anos, faço 18 daqui a 1 mês, mas meus pais ainda me tratam como se eu fosse uma criança irresponsável que não tem um pingo de maturidade. Mal sabe eles que eu adquiri maturidade desde meus 13 anos, e aos meus 15 ela se veio por inteiro como uma bomba jogada em uma sala onde você está sozinha. Sem ajuda.
É óbvio que maturidade se vem com o tempo, só que desde quando eu comecei a perceber que o problema nem sempre fui eu, eu soube que eu estava começando o ciclo da maturidade cedo demais. Uma pré adolescente que deveria aproveitar a infância que lhe restava, chorava todos os dias para saber o que tinha de errado com ela. Só que o problema não era ela, e isso nunca entrava em sua cabeça, já que seus pais contrariava seus pensamentos que nem chegava a passar direito por seu raciocínio.
Com 15 anos eu comecei a namorar e tive o término logo após alguns meses, 8 para ser mais exata. Foi o meu primeiro amor. O primeiro amor é sempre o mais trágico. Eu odeio pensar que fui usada mesmo quando eu pedia para isso não acontecer. Pedia tanto para Deus, quanto para ele.
Então é super trágico você transar com o seu ex namorado, eu fui usada duas vezes? É como você perder na sua reta final. Talvez ele nunca vá entender como eu me senti quando acordei com uma ressaca enorme e a primeira coisa que eu vi, além de seu quarto ridiculamente branco, foi ele.
Ele nunca vai entender que não foi apenas mais uma transa, assim como fazíamos após nossa primeira relação juntos. Mas sim como se tivéssemos perdido a virgindade novamente. Bom, pelo menos para mim. Eu nunca vou conseguir me esquecer que eu fui para cama com ele novamente, sabendo que fui apenas mais uma foda diária dele.
Meu ex.
E não me lembrar de nada que aconteceu, complica todas essas merdas que já estão complicadas o suficiente.
É como jogar roleta russa. Você não sabe, mas você tenta a sorte.
E se a sorte não estiver do seu lado, você se fode.
Não quero acreditar na pessoa que um dia quebrou minha confiança, mas se eu não acreditar nele, acreditarei em quem?
── Alô, terra chamando a Chelli! ━ Aurora diz. As garotas estão aqui em casa, no meu quarto.
Não lembro o que estávamos falando, mas chegou ao ponto de chegar na minha foda com Leonardo.
── Eu me arrependo amargamente. ━ É a frase em que digo, as meninas me olham com uma cara confusa, não sabendo exatamente sobre o que estou me direcionando
── Da foda com o Leonardo? ━ Maitê pergunta.
── De tudo, exatamente. De quando eu comecei a namorar com ele. De quando eu confiei nele. De como eu me senti e me fechei após o término. De ir naquela festa. De ter bebido tanto. E claro, da foda com meu ex-namorado. ━ Digo e respiro fundo. ── Se eu pudesse, eu mudaria tudo na minha vida só para não me sentir como estou me sentindo agora.
As garotas me olham surpresa, foi como um prévio desabafo.
── Olha, Chelli, você não tem que se arrepender das coisas a essa altura do campeonato. Já se passaram 3 anos. E sobre a relação sexual que vocês tiveram a pouco dias atrás, foi um erro. Obviamente foi um erro, mas não tem como você mudar isso, ficar se remoendo pelo leite derramado não vai adiantar se você não for limpar.
── Limpar?
── O certo seria vocês irem se resolver, conversar sobre tudo que aconteceu. Pelo o que eu me lembro, você nunca ouviu o lado dele. Se ele estiver certo ou não, perdoe. Não estou dizendo para voltar a confiar, mas sim sobre o perdão. Daqui a alguns dias vocês talvez nunca mais se verão, e você vai ficar nessa sua luta por algo que você nem sabe ao certo o que aconteceu. ━ Aurora termina sua fala. Maitê apenas concorda com a cabeça, parecendo levemente chocada com a frase que acabou de ser dita.
Respiro fundo, retirando meu olhar da garota e repensando sobre a frase acabada de ser dita.
E tem perdão?
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