Surto no MC

Mais um dia de expediente

 Era mais um dia lindo em Santa Catarina, o sol mais que esperado na capital do estado acariciava a pele dos sulistas enquanto o frio aconchegante se fazia presente no meio do ano.

 Era um dia movimentado na grande Florianópolis, a ilha estava estranhamente agitada, claro, com a época de férias escolares se era esperado. Porém ainda sim estranhava os moradores, principalmente aqueles que tinham algum estabelecimento e não estavam pronto para aquela demanda toda.

 E assim acontecia em uma das lanchonetes da cidade, onde uma pequena balbúrdia acabou se instalando em frente ao caixa, chamando atenção indesejada pelos funcionários. Um argentino loiro estava causando um escândalo por um erro que ele não admitia de maneira alguma ter sido cometido.

— És demasiado para mí venir a este lugar, pagar una fortuna y aún así no servirme una una hamburguesa limpia. — Alterou sua voz novamente, quase subindo no balcão onde a atendente, também loira, e dos olhos verdes, tentava manter a calma e passar isso para o cliente. (Sim, é a Catarina).

— Por favor, senhor, eu tenho certeza que só pode ser um mal entendido, nada deste tipo havia acontecido aqui até hoje. — Disse calmamente, sorrindo meiga para tentar aliviar a situação, mas a carranca do loiro não parecia que iria se desfazer tão cedo.

— É, senhor, a gente é meio doido da cabeça mas é cuidadoso no que faz. — Disse um homem alto que colocou a mão no ombro da colega de trabalho, seu rosto também calmo e sereno, um sorriso fofo que lembrava até um Golden Retriver, ele havia visto a bagunça e não pensou duas vezes em ajudar a loirinha.

— No me importa, eso no niega el hecho de que había un cabello rubio en mi hamburguesa. — Disse grosso, cruzando os braços e bufando, parecendo até uma criança mimada.

— Mas senhor- 

— Minas, que se tá fazendo aí? Volta pro café! — Disse o acastanhado que saia da cozinha para ver o que estava acontecendo, ficando levente estressado ao ver a fila que se formava na secção onde o grandalhão deveria estar. — Deixa que eu ajudo a Catarina, daí. — Veio até o balcão, vendo o outro voltar a trabalhar e olhando para o cliente indignado, ainda mais quando viu a capivara saindo de onde o outro estava. — O que aconteceu aqui? — Perguntou o Paranaense, mas antes que a Catarina pudesse responder o argentino havia sido mais rápido.

— Que lío es este ¿un animal sucio dentro de la cocina? — Esbravejou, se sentindo enojado e ainda com mais razão de reclamar.

— Com todo respeito, senhor, a Naná é limpinha e usa touca como todo mundo, daí. — Cruzou os braços, ninguém podia chamar sua filha de suja ela chegava a ser mais limpa que ele próprio. — E eu escutei o que foi alegado pelo senhor, não lhe ocorreu que pode ser o seu cabelo? Você é loiro também. — Disse sem rodeios, tendo a voz firme mas ainda sendo respeitoso.

— ¿Ahora es mi culpa por tu incompetencia? — A voz arrogante deixou o outro ainda mais sem paciência e a loira mais desesperada e sem saber como resolver a situação.

— Com licença, com licença, tudo bom? — Um outro funcionário aparece por trás do dois, abrindo espaço para olhar o argentino. — Não pude deixar de escutar a situação e também de ver que tem muita gente aglomerada, e que nem devia tá aqui. — Sorrio ácido para o paranaense, que ergueu as mãos em rendição e voltou para a cozinha murmurando um "Boa sorte, Ce" antes de sumir de vista, sendo acompanhado de sua capivara. — Mas enfim, só queria pedir para resolvermos isso de forma mais tranquila, com calma, acho que ninguém aqui quer chamar muita atenção, né? — Sorriu grande, tentando também acalmar os ânimos de todos. — Da pra gente ir conversar lá fora?

— No! — Disse ríspido, achando um desaforo toda aquela situação.

— Aí, pra que essa lapada seca, senhor? — Murmurou o cearense, meio ofendido com uma simples palavra.