não são seus filhos

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chan acordou cedinho naquela manhã porque estava com sede, então desceu as escadas com cuidado a fim de ir a cozinha quando viu o pai sentado no batente da porta do quintal.

estranhou, porque ainda era muito cedo e aquela manhã fazia frio, então foi até o adulto e tocou seu ombro. soonyoung tinha o rosto molhado pelas lágrimas e uma aparência cansada. diferente de todas as outras vezes que o filho o viu chorando, soonyoung não tentou disfarçar, se deixando ser abraçado pelo filho que agora passa as mãos pequenas pelo cabelo do pai.

- papai, não chora. se o papai ficar triste o chan também fica. - disse após alguns minutos de silêncio. o pai fungou baixinho com a cabeça na blusa do filho.

- desculpa o papai por isso tá bom? - se afastou e deixou um beijo no cabelo do filho, levantando-se. limpou o rosto com as mãos trêmulas. - o papai vai tomar um banho e ai vem fazer café da manhã pra você, okay?

chan fez bico e viu o pai sumir pelo corredor. decidindo então que queria ver como jihoon estava, a criança subiu as escadas novamente e caminhou até o quarto dos pais.

chan bateu três vezes na porta e esperou um pouco. quando não recebeu respostas, abriu a porta devagar, vendo jihoon deitado na cama com o rosto vermelho e o travesseiro molhado. a criança fez bico e fechou a porta, escalando a cama e se deitando junto com o pai, dormindo fazendo carinho na cabeça de jihoon.

agora uma semana havia se passado desde aquela manhã e o clima na casa estava horrível. jihoon voltou a ignorar soonyoung e toda hora as crianças viam algum dos pais tristes pela casa, mesmo que os adultos tentassem a todo custo parecer felizes perto dos filhos.

também faziam cinco dias que os papéis do divórcio estavam em cima do balcão, apenas esperando serem assinados para então a decisão estar legalmente tomada.

jihoon segurou a caneta para assinar inúmeras vezes, mas não conseguiu em nenhuma delas. já soonyoung não assinaria até jihoon assinar.

a aquela altura do campeonato, as crianças entenderam que alguma coisa aconteceu, mas não se atreveram a perguntar ou fazer qualquer coisa, não querendo piorar o que já parecia péssimo.

mingyu até tentou conversar com o irmão ou com soonyoung, mas nenhum dos dois falava nada e aquilo já estava desesperando o homem que via não só os adultos ficarem deprimidos, como as crianças ficarem tristes com a situação.

agora era uma sexta-feira, soonyoung estava na empresa e jihoon aproveitou o dia de folga para ir visitar a mãe, a fim de desabafar para alguém tudo que aconteceu.

- meu filho, eu já disse que você não precisa ficar morando com aquele homem. você pode vir morar aqui. - a senhora serviu chá para o filho, sentando-se a sua frente na mesa redonda.

- não é assim que funciona, mãe. nós temos filhos juntos, não posso simplesmente abandonar eles.

a senhora estalou a língua, uma feição de nojo.

- não são seus filhos, lee jihoon. não são de sangue.

- não começa, mãe.

- eu sou contra esse relacionamento desde o início de você sabe. eu te disse que não devia adotar eles, e agora que o soonyoung te traiu você fica preso na mesma casa que ele por crianças de outra pessoa! - continuou.

jihoon encarou a mãe bravo, se levantando.

- eu vou ir embora. nem sei por que vim aqui pra início de conversa.

- você tem que parar de fugir sempre que eu falo a verdade, meu filho.

- não é a verdade, mãe. - jihoon já estava na porta. - seungkwan e chan são meus filhos você querendo ou não. são seus netos.

- não são!

- mãe, eu falo isso porque te amo, a senhora já perdeu o mingyu quando começou a reclamar do noivo dele, a senhora quase me perdeu quando começou a falar merda do soonyoung a anos atrás e a senhora vai me perder se continuar falando dos meus filhos. - avisou. - você é contra esse relacionamento desde o início porque o soonyoung é um homem, mãe. e mesmo se ele continuasse sendo um marido incrível como sempre foi, você continuaria sendo contra.

- eu sou sua mãe, lee jihoon. me respeite!

- eu te respeito, mãe, mas tá na hora de você me respeitar. esse é meu último aviso.

[♡𖥻]

- oh, meu bem, por que você tá chorando?

mingyu perguntou preocupado, segurando seungkwan no colo, chan ficou na ponta dos pés e tentou limpar o rosto do irmão.

- t-tio... por que... os papais estão a-assim?

mingyu não precisou perguntar para saber o que o "assim" significava. suspirou e se sentou no sofá, tentando pensar nas melhores palavras para o explicar.

- kwan... olha, desculpa o tio, mas eu não sei o que aconteceu dessa vez. - fez carinho em seu cabelo e puxou chan para ficar mais perto deles. - os papais precisam conversar.

- mas... mas o papai jihoon não deixa o papai soonyoung falar!

- eu sei, dino. seu papai jihoon tá de cabeça quente e não vai ouvir ninguém por livre e espontânea vontade agora.

os três ficaram em silêncio por alguns minutos. seungkwan consequentemente parou de chorar e as três cabeças funcionavam a todo vapor, tentando pensar em uma solução para o problema.

- tio... - seungkwan chamou. - eu tenho uma ideia pra fazer eles conversarem... mas o papai vai ficar muito, muito bravo. e vamos ter que esperar até segunda-feira.

[♡𖥻]

- cheguei. - soonyoung anunciou e entrou na casa.

os dois filhos agora estavam no sofá com jihoon. o cabelo molhado dos dois mostrava que ambos já tinham tomado banho. jihoon estava no meio dos dois, um pote de pipoca no colo enquanto "detona ralph" passava na TV.

- demorou. - foi a única coisa que jihoon disse, virando um pouco a cabeça.

- desculpa. - murmurou. - tive mais trabalho hoje.

- sei. - soonyoung cerrou os olhos. - já jantou?

- ...não.

o mais velho estava achando aquela conversa estranha, não entendendo bem o por quê da pergunta.

- papai! - seungkwan pausou o filme. - papai, fizemos uma comida delícia, a gente deixou pra você, olha!

seungkwan puxou o pai até a cozinha, mostrando o prato de comida no microondas, então deixou um selar na bochecha do pai e voltou para a sala, dando play no filme novamente.

minutos depois, enquanto soonyoung comia, jihoon apareceu na cozinha.

- vem assistir filme com a gente quando acabar ai.

- posso perguntar por que você tá estranho, ou você vai me ignorar de novo?

- o mingyu disse que o seungkwan chorou hoje. - falou baixinho, não querendo que os filhos escutassem. - por causa de como estamos. eu não quero que eles fiquem assim.

- ah... tá. eu já vou lá.

jihoon assentiu, voltou para sala e se sentou no sofá, mas deixou um espaço para soonyoung ao seu lado.

operação cupido; soonhoonOnde histórias criam vida. Descubra agora