HARRY! STOP!

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Oiço o Harry a chamar-me mas nem olhei para trás continuando a correr o mais longe que pude. Encosto-me a um muro tentando controlar a minha respiração.

Sinto-me sem forças para continuar... não me alimento bem mas também ao vê-la deixa-me sem forças para tudo. Nunca pensei que depois destes anos todos que a pudesse ver de novo. Quando olhei para ela senti uma imensa raiva, mas medo também me dominava... medo que ela me volte a repetir as mesmas palavras que desde aquele dia que nunca mais saíram da minha mente, como ela teve coragem de ser assim tão cruel e não ter acreditado em mim? Se encontrasse aquele homem nojento eu juro que era desta vez que lhe arrancava aqueles dentes amarelos devido aos cigarros que ele fumava.



Encontro-me no chão a chorar com as minhas pequenas mãos a esconderem o meu rosto. Chorei como aquele dia em que fiquei sem a minha casa, sem a minha família. Chorei como prometi nunca mais chorar... eu deixei que a minha tristeza se virasse em lágrimas.



Sinto uma presença ao meu lado. Harry. Ele apenas ficou em silêncio enquanto que acariciava ao meu braço com a sua grande mão de seguida sentando-se ao meu lado.



Ele deve estar com pena de mim. Mas nada neste momento me importa, sinto-me mal, fraca e sem vontade de fazer ou dizer algo. Vou ficar ali até as minhas lágrimas pararem. Nem sei o que vou dizer ao Harry, de certeza que me vai perguntar e eu vou ter que inventar algo. Estou sempre a mentir, que agora nem sei o que posso inventar para que ele possa acreditar no que acabou de acontecer.



Sinto o seu braço em cima dos meus ombros e a puxarem-me para ele. Deito a minha cabeça no seu peito e agarro a sua camisola de leve ficando a chorar silenciosamente no seu peito.



" Uma menina linda como tu não deve chorar. " Harry sussurra no meu ouvido.



Estou mais calma depois de tanto choro, acho que estava na hora de apenas deixar tudo o que sentia em lágrimas, que era a forma mais fácil já que com palavras não sou do melhor e também não tenho com quem falar então...

Fico em silêncio não dizendo nada observando os carros a passarem.



" Não te vou obrigar a falar, mas espero que saibas que podes confiar em mim. Eu acho que devemos falar com alguém que seja um estranho ou então não completamente estranho porque assim não te julgaria e dão sempre os melhores concelhos. " Ele dá de ombros.



" Estás a insinuar que eu deva falar contigo, é isso? " A minha voz sai num sussurro.



" Não era comigo, mas, era um bom começo. " Ele murmura e sinto o olhar dele em mim.



Sento-me direita e encosto-me a parede ajeitando a minha roupa.



" Eu não preciso de falar com ninguém. Eu estou bem. " Murmuro encolhendo-me e abraço as minhas pernas encostando o queixo nos meus joelhos ficando a olhar os carros.

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