Ele odiava mais que tudo quando a baiana o obrigava a descer e ter que lidar com a papelada, mas todos no setor do nordeste estavam muito ocupados naquele final de tarde e Ceará era o único que conseguiria buscar os documentos que estavam com São Paulo. Ele nem se preocupou em bater na porta quando chegou no setor do sudeste, apenas abriu de uma vez:
- São Paulo! Arriégua, cadê todo mundo? – O moreno se surpreendeu ao ver o interior praticamente vazio, apenas Rio de Janeiro estava lá dentro, o carioca parecia ocupado com o próprio serviço, mas por motivos desconhecidos estava fazendo isso de pé e com as costas totalmente curvadas.
- Ele saiu já tem uns minutos, e aqui tem porta sabia?
- Agora pronto, como que vou pegar os documentos que a Bahia precisa?
- Iii mermão, mas ele foi fazer exatamente isso – O carioca viu o ponto de interrogação se formar no rosto do nordestino – Ele foi levar os documentos pra ela.
- Ô miséria! Vim pra cá atoa – Ele estava prestes a sair quando deu de cara com Minas Gerais tentando entrar na sala.
- Tarde Ceará, ta perdidu aqui?
- Tarde, não, não, eu só...
- AÍ!!
Tanto Minas Gerais quanto Ceará olharam com atenção para o interior da sala, Rio de Janeiro tinha sentado em sua poltrona de serviço, mas o homem fazia um cara terrível de dor.
- Rio? – O cearense levantou uma das sobrancelhas.
- Iiiiiii, Paulin ti pego mesmo di jeito ein – O mineiro entrou na sala e foi na direção da própria mesa.
- Minas! – Rio de Janeiro olhava um pouco constrangido entre os outros dois que estavam no ambiente.
- O QUE?! – Ceará se aproximou correndo e colocou as duas mãos na mesa do colega – O SÃO PAULO COMEU TEU CU?! SÉRIO ISSO?!
- CALA BOCA PELA SACO! – O carioca parecia ter ficado irritado – E você também fecha essa boca Minas.
Já sentado, e finalizando o que deveriam ser seus afazeres do dia, Minas Gerais apenas riu baixo e não deu muito mais atenção.
- Mas ele fez isso mesmo? – Dessa vez ele tinha dado seu melhor para falar mais baixo.
Rio de Janeiro revirou os olhos irritado, mas confirmou de forma extremamente sutil com a cabeça.
- Arriégua! O Pernambuco sabe disso?
- SAI DAQUI CEARÁ! VAI TRABALHAR! – Ele começou a atirar todos os itens que tinha na mesa na direção do colega, esse por sua vez saiu correndo em até a porta.
Mesmo que tivesse sido basicamente expulso do setor do amigo, isso em nada afetou o cearense, mas outra coisa afetou, e muito. O moreno passou a longa caminhada toda pensando no que tinha descoberto, aquilo tinha ascendido uma chama de intriga e curiosidade dentro de si, então, em vez de voltar direto para seu próprio setor, foi até o setor do norte e abriu a porta sem nem pensar e muito menos bater.
Amazonas, Pará e Acre que estavam dentro da sala levaram susto com a súbita abertura.
- Que isso Ceará? – A mulher fez uma cara feia na direção do nordestino que foi entrando sem mais nem menos.
- Aqui tem porta sabia? – Acre olhava emburrado direto da própria mesa.
- Engraçado, o Rio me falou um negócio parecido – O cearense nem olhou na direção do colega ao responder, o foco estava todo na mesa onde o paraense estava sentado e era para lá que ele ia.
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Por mim?
RomanceDepois de uma descoberta, no mínimo, interessante que o Ceará teve em relação ao amigo Rio de Janeiro, várias ideias tomaram posse da mente do pequeno cangaceiro, e como era de se esperar, todas elas envolviam o Pará. . . . Considerações: Os persona...