CAP I - Gênesis

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"No princípio criou Deus os céus e a terra."

Gênesis 1:1

Em uma floresta de clima úmido, as folhas estavam em decomposição, o solo coberto de musgo. O ar está impregnado com uma mistura de odores de madeira úmida, fungos e a doçura pungente das plantas.

As árvores  são altas e imponentes, líquens e samambaias se pendem graciosamente dos galhos. Os troncos  se inclinam um sobre os outrss, formando um emaranhado intrincado de ramos entrelaçados, criando um labirinto verde escuro que desafia a visão e o senso de direção.

Os raios de luz que conseguem furar o dossel formam manchas isoladas no chão. Que revelam uma miríade de pequenas plantas que lutam pela luz, assim como alguns animais que se escondem na escuridão.

Os sons da floresta são uma sinfonia de murmúrios e sussurros. O vento sussurra nas folhas, criando uma melodia suave e constante. A vida selvagem permanece escondida, se ouve ocasionalmente ouve o farfalhar de asas de pássaros noturnos ou o grito distante de uma coruja. Os galhos rangem a medida do tempo.

Dentro desse labirinto de sons e cheiros, há  um lobo branco cercado de cadáveres de vários animais. O pelo que antes era completamente branco, estava encharcado de sangue tanto dele quanto de suas presas. Debaixo do animal, podia ser vista uma mulher desacordada, a qual o lobo estava a protegendo com sua vida.

Um raio fraco de luz entra pelas folhas e cai direto nos olhos acinzentados da mulher, assim a acordando.

Ela se levantou, revelando seu porte robusto, cabelos brancos que caiam até os ombros. Suas únicas vestes são uma calça-saia, presas a faixas, braceletes e botas, todas tendo a cor preta. E um pequeno colar vermelho.

- Cacete... - A platinada se levanta e chacoalha a sua cabeça. Sua visão é ofuscada pela pequena luz. Suas memórias estão confusas.

- Pensa, Pensa! Como é que você veio parar aqui mulher. -  Ela esfregava as mãos em sua cabeça tentando ter qualquer resquício de memória.

- Espera... Quem... Quem sou eu? - Suas memórias não estavam apenas confusas, e sim vazias como um quadro em branco.

Seu corpo treme, e o cemitério de animais em sua volta trazia aquele cheiro de carcaça o que a fazia quase vomitar.

-Eu fiz isso?- Sua voz fraqueja e seu corpo cai de joelhos em meio ao sangue.

-Espera... não pode ter sido eu.- Marcas de garra e presas podiam ser reconhecidas entre os cadávere.

Algo felpudo tocou os joelhos da platinada. Ela olha para baixo e vê um lobo com a pelagem quase toda vermelha. Ambos se encaram por um tempo, os olhos azuis do animal não eram estranhos para a mulher.

-Eu sou sua dona? - o lobo dá um baixo latido como resposta e cai sem forças no chão.

A platinada põe suas mãos em volta da cabeça do lobo que fechava seus olhos. - Ei você não pode morrer agora, eu preciso de respostas! Deve ter algo por perto que possa te ajudar! -

Olhou a sua volta em busca de algo que a possa ajudar, mas era inútil. Ela sentia o calor do animal sumindo aos poucos, nem lhe haviam forças para abrir os olhos.

- Entendo... você já está nas últimas não é? - embora o lobo estivesse frio, ela sentia um conforto perto dele, como se ela estivesse finalmente casa.

- Eu não lembro de nada, mas por algum motivo eu me sinto segura do seu lado, talvez você estivesse me defendendo desses animais? - Um pequeno sorriso se forma, mas some instantes depois.

- Esquece... perguntas são inúteis agora. A única nica coisa que  posso fazer agora é te livrar desse seu sofrimento. - A platinada torceu a cabeça do lobo, o matando de uma forma rápida e indolor.

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