CAP II - A colheita

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"Cuidado com os falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores"

Mateus 7:15

A igreja era um local enorme com muitos quartos, mas havia um em específico que chamava a atenção de todos que passavam por ali. A porta era de uma madeira mais espessa para evitar que alguém a derrubasse, por trás, vários cadeados e trancas para reforçar a segurança.

Uma placa ficava no topo com um aviso escrito, "Proibido a entrada sem autorização da madre". Se alguém perguntasse o que era aquele quarto, responderam que era apenas o armazém.

Para aqueles que entrassem, encontrariam uma escadaria descendo até o subsolo, iluminado por tochas fincadas nas paredes, as quais eram infestadas por teias e rachaduras

Descendo até o último degrau, havia um quarto feito da mesma madeira da outra porta. Estrondos eram audíveis de seu interior que estava imerso pela escuridão.

— Me deixem em paz... — Uma voz feminina cochicha, seu corpo trêmulo fazia todo o cômodo vibrar junto, derrubando vários objetos. A mulher golpeava o ar incessantemente tentando acertar algo ou alguém.

Em meio a esse devaneio, algo escamoso rastejou pelo corpo da mulher, chegando em sua bochecha e a lambendo.

—AAAAAAH! — Acordou em um susto, os tremores pararam no mesmo instante. Sua pele estava pálida e seu corpo ainda tenso.

— Merda, o mesmo sonho de sempre. — Reclamou ofegante. Lentamente saiu da cama, indo até uma mesa ao lado com um lampião. Estalou os dedos criando uma chama verde que iluminou todo o quarto. Revelando a identidade daquela mulher como Lilith.

O cômodo mais parecia uma sala de tortura que um quarto, ele era feito de pedra do piso ao teto. Lilith andava com cuidado no chão sujo para não pisar em alguma lamina caída, se abaixando, guardou alguns livros de volta na prateleira. Seus conteúdos estavam em línguas desconhecidas, com desenhos da anatomia de seres parecidos com humanos.

— Eu baguncei tudo de novo — Suspirou se deitando na cama novamente. A morena olhava para cima decepcionada consigo mesma. Até ela sentir novamente algo se rastejando em seu corpo. — Ah, bom dia Melmel.

O ser era a cobra de estimação de Lilith, Melmel, que aproximou-se do rosto de sua dona e a lambeu novamente em uma tentativa para animá-la.

— Ah para hahaha — Riu pelas cócegas causadas por sua cobra — Eu te devo por ter me acordado, prometo te alimentar com um rato bem gordo depois! — Deu um enorme sorriso e coçou a cabeça do animal.

— Agora vamos arrumar essa tralha antes que a irmã che-. — Batidas na porta interrompem Lilith.

—Droga! — Lilith se encaminhou a porta, a abrindo de uma maneira onde somente sua cabeça aparecia.

— Olá irmã Maria, precisa de algo? — Forçou um sorriso.

— Já está quase na hora do café da manhã e você não subiu, fiquei preocupada.

— Eu devo ter perdido o tempo dormindo, eu ando bem cansada esses dias hahaha. — Lilith com uma falsa expressão, tentou fechar a porta, no entanto Maria coloca seu pé entre o vão a impedindo.

— O mesmo pesadelo não é?

— Sim... — De forma relutante, Lilith abre a porta para Maria entrar em seu quarto. Ambas sentaram na cama prontas para conversar.

A madre pegou a morena pela cabeça e a aproximou de seu peito. Lilith se acalmou, lembrando como sua irmã a abraçava na infância.

— Eu não sei mais o que fazer irmã, eu tento esquecer dessas memórias há anos, mas é como uma ferida que não cicatriza — desabafou, olhando para baixo com seus olhos cansados.

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⏰ Última atualização: Oct 10, 2023 ⏰

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