Prólogo

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A lua brilhava como um farol prateado no céu noturno, derramando sua luminosidade sobre a paisagem. Três homens avançavam em meio à penumbra, seus passos  ecoando pela estrada antiga. O homem chamado Hiego liderava o grupo, seus olhos atentos vasculhando o caminho à frente.

— Waycer com esse seu bafo é capaz até de acordar os mortos.

Waycer riu sem jeito, esfregando a parte de trás da mão contra a boca, numa tentativa vã de disfarçar o odor etílico que exalava.

— Ah, não liga. Aquele licor de mirtilo que encontramos na taverna estava simplesmente divino. Não pude resistir!"

O terceiro homem, com um semblantes mais sério olhou para Waycer com uma sobrancelha arqueada e disse:

— Divino, você diz? Eu chamaria de diabólico. Aquele licor estava mais para um veneno do que qualquer outra coisa. Só espero que não tenhamos que enfrentar algum perigo em breve, pois estará em desvantagem.

— Relaxa, Dost. A única coisa que enfrento agora é essa estrada escura. E, bem, talvez uma ressaca amanhã.

Dost olhou para o líder do grupo  e perguntou com uma expressão preocupada:

— Tem certeza de que esse é realmente o caminho correto até a vila?

— Tenho, estou seguindo as instruções de Maegar.

Enquanto caminhavam um cheiro nauseante de uma raposa morta os atingiu, fazendo-os parar abruptamente. Waycer e Hiego olharam na direção do odor e viram uma cabra estranhamente grande e com os olhos cinzas, se alimentando-se da carcaça da raposa.

— Mas que porra é essa? 

Murmurou Waycer, afastando-se alguns passos.

— Merda, ele estava certo.

Ao ouvir isso, Dost franziu o cenho olhando para Hiego.

— O que quer dizer com isso?

— A escuridão voltou.

— Não podemos perder tempo aqui, precisamos prosseguir.

A cabra fixou seus olhos nos homens por um momento, ergueu a cabeça e soltou um som agudo antes de dar meia-volta e desaparecer na escuridão da noite.

Após o momento perturbador com a cabra, o grupo continuou sua jornada pela estrada. A lua brilhava cada vez mais intensamente, como se tentasse dissipar as sombras que se espalhavam pela paisagem. 

— O que foi extatamente aquilo?  — perguntou Waycer, tentando processar o que tinha acabado de ver.

— Uma cabra, simplesmente uma cabra estranha. — respondeu Dost com um tom de desconfiança em sua voz. 

Hiego sabia extatamente do que se tratava. No entanto, não queria alarmar seus compnheiros. Em vez disso, decidiu manter a conversa focada na missão.

— Não importa o que foi aquilo. Nossa prioridade agora é chegar à vila o mais rápido possível. Temos um trabalho  a fazer.

Waycer, ainda se recuperando do efeito do licor de mirtilo, balançou a cabeça concordando.

— Tem razão, vamos manter o foco.

Dost estava em silêncio, com o semblante sério, como se estivesse processando o que acabara de acontecer. Ele não estava convencido de que aquele encontro era apenas uma coincidência. No entanto, sabia que o líder do grupo não toleraria dúvidas ou hesitação nessa missão.

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