"black orchids" , Único.

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   O sol já estava indo embora, se escondendo atrás de grandes prédios. O céu ganhava a tonalidade na qual Nakajima tanto amava. Ainda caminhando até sua casa, em passos rápidos e largos; dava-se para apreciar o pôr do sol. Ele realmente adorava aquilo, principalmente quando fazia isto com sua companhia favorita. E, embora seu namorado não pudesse acompanhá-lo ainda, Atsushi sempre lembrará de Ryunosuke nestes momentos.

Nakajima estava voltando do seu trabalho de meio período, e, antes de ir para casa, ele definitivamente visitaria seu amado. Passando horas e horas ao lado dele, conversando e proporcionando um pouco de lazer e afeto para Ryunosuke.

Em suas mãos, ele carregava um pequeno buquê de orquídeas negras, as quais eram favoritas de Akutagawa. Atsushi tinha certeza de que seu namorado adoraria aquela surpresa, já que ele era um bom cultivador de flores. Um de seus passa-tempos, ainda quando não havia sido internado, era cuidar e cultivar variados tipos de flores! Mas, depois que adentrou o hospital, não havia como cuidar delas. Fazendo com que Akutagawa ficasse levemente deprimido por isso.

Então, para animá-lo, Nakajima resolveu levar para ele ao menos um buquê de flores por semana. Para que assim, Akutagawa não sentisse tanta falta de suas amadas flores. E, embora algumas morressem pelo clima hospitalar, Atsushi sempre recolocava novas e saudáveis flores no lugar das mortas e ressecadas.

O buquê estava bem cuidado, e Atsushi estava feliz em levá-lo. Carregava com todo o cuidado do mundo, certificando-se que não as estava machucando.

Quando chegou ao hospital, cumprimentou alguns conhecidos que trabalhavam no lugar. Alguns até mesmo amigos de seus pais. Ele sorriu quando Kunikida mandou lembranças a Dazai, dizendo que iria visitá-lo ainda neste fim de semana. E, antes do ortopedista voltar ao trabalho, acariciou os cabelos – desajeitadamente cortados em casa; de Atsushi e se foi, tendo uma fila minimamente grande para atender.

Nakajima acenou para o homem e caminhou até a recepção, pedindo autorização para ver o paciente do quarto 505. A recepcionista apenas acenou e lhe entregou um cartão, dizendo que Akutagawa já estava acordado. Atsushi agradeceu gentilmente e se direcionou até o quarto, caminhando em passos largos pela pressa de ver como Ryunosuke estava hoje. Ele deu três batidinhas na porta antes de entrar, girando a maçaneta e entrando ao quarto.

Atsushi sorriu quando viu Akutagawa sentado na cama hospitalar, um dos vasos de flores entre suas pernas, enquanto ele parecia cortar algumas raízes e folhas mortas, cortando também algumas "cabeças" que não serviriam para as flores, o que acarretaria a morte da linda flor. Quando Ryunosuke o notou, ele sorriu um pouco. Seu sorriso, genuinamente, se alargou ainda mais quando notou o buquê que seu namorado havia trazido.

— Trouxe para você, achei que gostaria delas – ele disse, parecendo não notar o quão óbvio aquilo era. Akutagawa deixou escapar uma risada nasal, fazendo com que Atsushi percebesse e se sentisse um pouco envergonhado, dando uma risadinha tímida.

— São lindas, Jinko. Eu realmente as aprecio muito. São minhas favoritas, não é mesmo? – ele disse, pegando delicadamente o buquê. Ele as aproximou do nariz e respirou seu perfume, ele suspirou e sorriu pequeno. Atsushi parecia encantado por um momento, observando aquele momento maravilhado.

Nakajima o observou por um tempo. Seu olhar parecia um pouco melhor do que a última vez, também havia o fato de que Akutagawa não estava deitado, tendo que receber a ajuda do tubo para respirar. E sua pele, embora ainda estivesse bastante pálida, não parecia morta como nos últimos meses. Seus lábios também não estavam tão ressecados e roxos. Ele sorriu genuinamente, Atsushi poderia chorar naquele momento, mas não fez.

— O médico disse que estou evoluindo muito bem – Akutagawa começou dizendo, percebendo o quão Nakajima o encarava, parecendo o analisar – Talvez, daqui a alguns meses, eu possa fazer meu tratamento em casa – ele disse calmo, ainda com o nariz próximo às flores – Na nossa casa – ele disse baixinho, quase inaudível.

Atsushi sorriu ainda mais, se aproximando e se sentando ao lado de Ryunosuke, ele o abraçou de lado e suspirou.

— Você.. realmente não sabe o quão feliz me sinto em ouvir isso, Ryu – ele disse baixinho, sua voz meio trêmula. Atsushi talvez fosse chorar com isto.

— Atsushi, não me diga que vai chorar agora – ele disse, colocando o buquê no colo e olhando para Atsushi.

— Eu não vou – ele disse baixinho, sua voz diminuindo o som a cada vez que ele falava uma palavra.

— Mas parece que vai – Akutagawa disse dando uma risadinha, fazendo com que Nakajima bufasse e passasse as mãos em seus olhos, enxugando as lágrimas teimosas – admito que fiquei feliz com a notícia, mas não chorei. Porém, sua reação não me surpreende. Eu até esperava algo pior – ele disse ao tom monótono e neutro de sempre, encarando Atsushi intensamente. Fazendo com que o platinado realmente não conseguisse o encarava de volta.

— Não enche.. – ele disse baixinho, abraçando Akutagawa um pouco mais forte. Ele sorriu e deu um beijinho na bochecha de Akutagawa, fazendo com que um sorriso surgisse no rosto do outro.

Um silêncio confortável tomou conta do lugar, aquilo era o suficiente. Aquele silêncio agradável era a forma dos dois garotos dizerem "eu te amo" um para o outro. Eles realmente se amavam tanto. Porém, aquele agradável silêncio foi trocado por uma longa e boa conversa. Atsushi contava sobre o trabalho e como estava sendo morar na casa dos pais por um tempo. Contou sobre o quão bom era poder conversar com Lucy e algumas vezes até desabafar com ela. Disse também sobre o quão difícil foi convencer Chuuya de que Kenji era um bom menino e que estava tudo bem ele namorar Kyouka, que Dazai não havia ajudado em nada para acalmar os ânimos de Nakahara, e que, para sua sorte, Sigma, o namorado dos dois, havia o ajudado e controlado Chuuya.

A conversa se estendeu por um longo tempo, agradavelmente. Tão boa que Atsushi resolverá passar a noite com Akutagawa. Logo, Ryunosuke tinha companhia para sua noite, não se sentindo sozinho ou assombrado, pois sabia que o tigre acabaria com qualquer um que tentasse fazer mal para ele. E, de fato, aquilo fazia com que ele tivesse bons sonhos todas as noites.

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"A Visit for the Patient in Room 505", ShinSoukoku.Onde histórias criam vida. Descubra agora