podia apenas o ouvir falar, seu espírito morto soprava aveludadas palavras em meus ouvidos, suas lembranças iam de encontro com as minhas tantas cartas, em breve eu o veria partir para aquele porto, deixaria-nos em qualquer ilha que cuspia de seus lábios, aos poucos o vi embarcar com as almas náufragas que pertenciam as suas noites fantasiosas, iria partir assim como ja ouvi as montanhas afirmarem, nesse momento nosso, parece aguda as andarilhas palavras de que você lutaria em morte com os abespinhados redemoinhos. ele podia ouvir o sino bater e o vento furioso tomar qualquer brecha dessa casa velha onde estávamos. nesta noite, somente as velhas estrelas brilhavam no céu, sóis que confundiam sua mente com as lamparinas. de repente, você me parou naquela lembrança que perfurou meus sentidos, de qualquer forma, ele contornava o meu corpo e me chamava de ninguém enquanto estive nas dobras da sua mente, algumas olhadas eram suplicadas para que não fosse imortal o poço que o chamava. no fim, quando a cadeira de balanço parou e você me olhou, não foi a minha memória que foi entregue ao esquecimento, levantou-se da cadeira e se distanciou com uma hostil falta de simetria numa mente perturbada, me mantive paralisada com nevada em meus olhos, não conseguia encarar, você ainda era um mistério elegante que cantava canções bobas toda noite pra mim, foi o garoto perdido em alguma foto velha que deixava sempre por perto. da última vez você sorriu no banco da orquestra sinfônica, desta vez, me sento sozinha na carruagem do fim, e você continua sendo um pensamento viajado, posso ouvir-te respirar mesmo dentro dessa cova fria, com tanta dor deixou a saída e me largou nesse plano circular de mão única, eu continuo caindo do outro lado da estrela, e talvez, eu deva parar o olhar e me declarar um fim ainda quando te amo a cada noite da minha cabeça, desperto e vejo que nunca esteve aqui, você pintou o azul nesse mergulho extravagante do seu suicídio, me perdoe.
