Em meio às ruas agitadas de São Paulo, onde o frio corta a pele e as batalhas de rima queimam a madrugada, Aurora vive dividida entre a correria da faculdade de Psicologia e a paixão pela cultura do rap. Quando recebe o convite da sua melhor amiga L...
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Acordei com o frio de São Paulo me atravessando pela janela que, pela milésima vez, esqueci de fechar à noite. Abri os olhos devagar, tentando me acostumar com a claridade. Suspirei fundo, levantei da cama e fui direto pro banheiro dar início a mais um dia.
Depois do banho e das minhas higienes matinais, peguei o celular na cômoda, ainda conectado ao carregador. Algumas notificações no WhatsApp me chamaram a atenção — entre elas, mensagens da Levinsk. Entrei na conversa e vi o convite: ela ia rimar essa noite e queria que eu fosse.
Respondi na hora dizendo que sim. Já fazia um tempo que eu não assistia às batalhas dela, e isso me deixava meio mal comigo mesma. Eu me dizia fã número um, mas os compromissos da faculdade, provas e estágios acabaram me afastando. Hoje, não ia dar brecha. Prometi a mim mesma que não deixaria a Levinsk na mão dessa vez.
Tomei café rápido, organizei meus materiais da aula de Psicologia e saí de casa, trancando a porta e me preparando mentalmente pra mais um dia puxado.
Algumas horas depois...
Saí da aula direto pro meu apê. Dessa vez, tinha tempo de sobra pra me arrumar. Tomei um banho caprichado, defini meus cachos tingidos de preto e vermelho, fiz uma maquiagem leve e me encarei no espelho. Eu estava linda — uma verdadeira visão. Sorri de canto. Hoje eu era um mulherão.
Sentei no sofá esperando dar meu horário. Quando o relógio marcou, levantei, tranquei a porta e fui em direção ao local marcado da batalha.
Assim que me aproximei, vi a multidão se formando ao redor de um palco pequeno, coberto, com caixas de som espalhadas e algumas pessoas conversando em cima dele. Meus olhos buscaram entre os rostos até encontrarem aquela figura inconfundível: cabelos azuis, olhar de fogo. Levinsk.
Me aproximei por trás e abracei com força.
— Que saudade da minha MC favorita! — falei apertando ela com carinho.
— Que saudade de ti também, cachinhos. Nunca mais veio me ver, né, rapariga — respondeu ela se afastando do abraço, com aquele olhar de falsa bronca.
— Nem me fala. Tô numa correria danada com a facul. Meu professor de psicologia do desenvolvimento me afundou em artigo e apresentação — falei com ironia, e ela soltou uma risada gostosa.
— Hoje vou encarar o Brennuz. O povo tá esperando fogo no palco — disse com aquele sorrisinho confiante.
Olhei na direção que ela indicava e vi dois caras altos. Um tinha dreads vermelhos e laranjas, o outro exibia um black power vermelho que parecia brilhar sob as luzes do palco.
— Qual dos dois é o tal Brennuz?
— O do black vermelho. Conhecido como o rei do Detroit.
Levinsk continuou falando, mas eu mal conseguia prestar atenção. Tinha algo naquele cara que hipnotizava. Meu olhar ficou preso no cabelo, no jeito dele. E, como se sentisse, ele virou bem na minha direção.
Me encarou de cima a baixo com um sorriso safado nos lábios, passando a língua devagar por eles.
Um homem desses é perdição. Balancei a cabeça, tentando me concentrar na conversa, mas sentia os olhos dele queimando na minha pele, principalmente nos meus cachos.
Alguns minutos depois, chamaram os dois pro palco. A multidão vibrou. O grito de guerra ecoou:
— ESSA PORRA É SEM CORTE, ISSO É BATALHA DA NORTE. O QUE A GENTE QUER VER? SANGUE!
Eu gritei junto, no peito.
A batalha começou pegando fogo.
*LEVINSK* :
"Não me importa se é rei, se é coroa ou castelo, Aqui quem domina a cena é mulher com anel no dedo e martelo. Rimando firme, minha voz não trava,
Hoje cê não segura essa mente que é uma lava!"A galera gritou, vibrando. Brennuz sorriu, aquele sorriso maroto que ele já tinha me dado antes.
Brennuz:
"Pode vir com martelo, com espada e com escudo, Mas teu flow treme quando o meu chega absurdo. Respeito teu corre, tua força e tua trilha, Mas hoje vai cair de joelho... pra minha rima brilhar."
Explosão de gritos. Eu me peguei com o coração acelerado, não só pela tensão da batalha, mas porque ele lançou o olhar de novo. Direto pra mim.
A rima seguiu acirrada. O placar estava 2x2 quando Brennuz lançou mais uma provocação, apontando pra mim:
Brennuz:
"Além de não rimar, não sabe conversar, Mas sem problema, que com sua amiga eu vou ficar!"
A multidão gritou como se o chão tivesse tremido. 3x2 pro Brennuz. Mesmo assim, ele abraçou a Levinsk no final, respeitoso, trocando risadas com ela. Os dois sabiam que ali era batalha, não guerra.
A galera começou a se dispersar. Sentei num banco esperando a Levinsk, que tirava foto com alguns fãs. Foi quando alguém sentou do meu lado.
— E aí, sou o Brennuz. Você é...? — disse ele, estendendo a mão.
Apertei a mão dele.
— Sou Aurora. Suas rimas foram foda demais, você manda muito.
Ele sorriu, com aquele olhar esperto.
— Aurora? Ih... então cê que é aquela que dorme cem anos? — falou com um sorrisinho debochado.
Dei risada.
— Olha, com a rotina que eu tô, se eu cochilar no metrô já fico devendo esse sono todo aí.
Ele riu alto, sincero.
— Tá explicado então... Cê tava sumida das batalhas porque tava tentando recuperar o sono da princesa. Faz sentido.
— E você com esse cabelo de fogo, parece que saiu direto de um anime — brinquei de volta, apontando pro black power vermelho dele.
— É, ué! Tô no modo Super Sayajin Lírica — respondeu ele, piscando um olho como se tivesse vencido uma batalha paralela só com a resposta.
Conversamos mais um pouco, rindo das bobagens. Era só isso: duas pessoas trocando ideia depois de uma noite de rimas pesadas, sem pressão, sem joguinho.
Levinsk logo terminou com os fãs e veio ao nosso encontro. E a noite seguiu como tinha que ser: com rima, risada e respeito.
Oii gente, resolvi voltar com essa fanfic ja que na época teve tanta visualização mas agora voltando com uma escrita mais solida e mais legivel ( tenho vergonha do jeito que escrevia ).