Seleção perversa

Capitulo 1

"As coisas tendem a melhorarem sempre. Elas dão voltas e voltas mas sempre chegam a algo bom no final."

Eu amava meu pai e sempre o escutava, mas, as vezes, temos que negar algumas coisas. Isso é uma delas. As coisas não melhoraram. O mundo funciona de um jeito estranho, ele gosta de enganar as pessoas. E, nos últimos tempos, tem me achado uma ótima vítima...
E foi naquela tarde que o mundo resolveu voltar ao jogo. Me usar novamente. Devia ser uma ótima personagem...
*
Acordei com minha meia irmã gritando e chorando.
— Ahhhhh! Isso é INJUSTO! Eu é que devia ir ao palácio! A idiota da Belle não devia nem ter a chance! Ahhhhhh!

— Querida, você é muito nova... Mas não se preocupe com Belle... Ela nunca conseguiria. Ainda mais porque nunca vai se inscrever. Agora me dê essa inscrição. Pronto no lixo! Agora volte a dormir.

Esperei uns 15 minutos e sai do quarto. Andei o mais silenciosa possível e fui até a cozinha, onde minha madrastra e meia irmã haviam "conversado". Peguei o envelope de inscrição para a seleção e o levei comigo ao meu quarto. Claro, o menor da casa e o mais isolado. Deitei em minha cama e o abri. Tinha uma ficha de inscrição. A ficha de inscrição para a seleção. Tão esperada por todos, mas eu nunca tive tanto interesse assim. Mas, só pra contrariar, me inscrevi. E também porque passar alguns dias no palácio não seria nada mal. Mas, de qualquer jeito, eu nem ia passar. Peguei uma caneta e logo o preenchi:

• Nome: Isabelle Foster
• Idade: 17 anos
• Altura: 1,70m
• Peso: 52kg
• Casta: Casta 3
• Província: Kent
• Cor do cabelo: castanho escuro
• Cor dos olhos: azuis
Extra: Sou roteirista e autora. Dou aulas de dança e trabalho na biblioteca em meu tempo livre. Falo Inglês, português e francês.

Eu não era tão ruim. Aliás, qual o problema em tentar? Tentar não importa mas conseguir é outra história. Claro que se ouvisse as baboseiras de minha madrastra eu me acharia uma babuína. Mas ela não era o meu espelho. Todas as minha habilidades vieram de minha mãe. Ela era muito habilidosa e bem sucedida até que morreu. Eu tinha 10 anos. 2 meses depois meu pai se apaixonou por Eloisa, minha atual madrastra. Eloisa engravidou no mesmo ano, de minha meia irmã, Cindy. Um ano depois meu pai morreu. Eloisa realmente gostava dele. Gostava de mim também. Mas ela me considera a culpada pela morte de meu pai, e talvez eu realmente seja. Por isso Eloisa não foi muito acolhedora comigo... Poderia sair de casa aos 18 e esperava muito por esse dia, mas, infelizmente fiz 17 só semana passada. Lá vinha outra brincadeira da vida... Quando acabei com a inscrição a escondi em baixo da cama e voltei a dormir.

— ISABELLE FOSTER! TRATE DE SE LEVANTAR AGORA E ME EXPLICAR UMA COISA!! - Eloisa podia não ser meu espelho mas na maioria dos dias era um despertador bem desagradável.

— Eu não fiz nada! — Respondi em um pulo, me sentando na cama e olhando em volta, assustada

— Cadê o envelope para a seleção?! — ela havia descoberto. Tinha de me fazer de desentendida.

— Envelope da seleção? Que? Já chegou?! Será que devo fazer a inscrição? Não sei, algo a se considerar. — Ela me olhou com desconfiança mas acabou saindo do quarto, batendo a porta com força e me deixando surda por breves segundos.

Enfiei o envelope em minha bolsa e fui o mais discretamente possível até a porta.
Devia entregar meu envelope na prefeitura. A fila por lá era enorme. Basicamente todas as meninas de 16 a 20 anos de Kent estavam na fila. Minha vontade era sair por aí chutando umas cabeças até conseguir um bom lugar na fila.

"Não Belle. Se quer ser um dama, deve pensar como uma." Impossível. Agora pensava seriamente em decapitar a menina na minha frente. Mas ela quem pedia:

- Aaaaah! Que emoção! Será mamãe? Será que consigo? Ai ai ai ai ai ai!!! Mamãe socorro! Já esta chegando!

Chegando no quarteirão da prefeitura, né queridinha?!
Respirei fundo. Eu posso aguentar mais algumas horas! E com certa dificuldade aguentei. Depois de duas horas a matraca na minha frente entrou na prefeitura para dar a ficha. Depois dela era minha vez. Eles pediram uma foto. Não neguei. Dei um sorriso e forcei Meus olhos a não se fecharem com o flash. Pronto, foto tirada. Entreguei minha ficha e fui embora.