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Depois da apresentação individual, eu me refugiei no meu quarto, trancando a porta e ignorando toda a minha equipe.

Agora que pensava no que acabara de fazer, tinha medo de que eles castigassem o meu pai pela minha estúpida arrogância. Eu fora burra.

Acabei por deixar Connor entrar e ele ficou comigo, mas eu não revelei o que aconteceu na minha apresentação, eu não queria voltar a pensar sobre isso. Aliás, eu nem queria pensar em nada que tivesse a ver com os jogos.

Nessa noite, seriam reveladas as pontuações individuais, ou seja, como o público não tinha acesso às apresentações e nem aos treinos, cada Tributo tinha uma pontuação que mostrava o seu valor, e isso podia ser a diferença entre ter Patrocinadores ou não. Mas essas pontuações não significavam que o Tributo que tivesse a nota mais alta iria ganhar. Por exemplo, houve um ano em que o vencedor apenas tivera um três... Mas esse valor pode ser a diferença entre viver ou morrer.

Saímos na hora do jantar, indo na direção da sala e vendo que Haymitch e Effie já estavam presentes, bem como o Cinna e a Portia.

Haymitch olhou Connor e perguntou o como correra a sua apresentação. Meu amigo deu de ombros.

- Estavam prestando atenção a tudo menos em mim. - Pegou um copo de suco. - Apenas usei algumas adagas e consegui destruir alguns bonecos de treino em poucos segundos. Houve alguns homens que realmente viram e eu os vi assentirem levemente.

Effie sorrriu e tocou no seu braço. - Muito bem, Connor.

O olhar de Haymitch caiu sobre mim e quase desejei poder ser invisível. - E você, boneca?

Baixei o olhar e minha voz saiu num sussurro. - Atirei uma flecha aos Produtores.

Todos pararam de comer, me olhando. Effie estava visivelmente chocada, me olhando com os olhos muito abertos.

- Você fez o quê? - Disse Haymitch.

Abaixei os talheres e encarei ele. - Não atirei propriamente contra eles. Mas atingi o copo que um deles estava segurando.

- O que eles disseram? - Perguntou Cinna, de forma cautelosa.

Dei de ombros. - Não sei. Eu saí logo depois disso.

Effie abriu ainda mais os olhos. - Sem darem autorização?

Assenti. - Eu dei autorização a mim mesma.

Haymitch assentiu e respirou fundo. - Bom, você está ferrada.

Franzi o cenho. - Vão castigar o meu pai?

Ele negou. - Não creio, mas vão fazer a sua vida num inferno, na Arena.

- Isso eles sempre fazem. - Disse Connor, sem erguer o olhar do prato.

Fechei os olhos e depois escutei Haymitch. - Mas me conta, qual a reação deles? Porque eles são obrigados a darem atenção aos Tributos. Só porque veio do 12, não significa que tenha de ser ignorada.

Sorri. - Ficaram em choque, assim como a Effie. - Indiquei ela.

Haymitch soltou uma sonora gargalhada e todos começaram a rir também. Até mesmo Effie.

- Adorava ter visto. - Disse o meu mentor.

Ergui o olhar e vi Connor, piscando o olho para mim.

Depois do jantar, todos ocupámos os nossos lugares na sala, para vermos as pontuações dos Tributos. Eu estava demasiado nervosa. Eu teria a pior pontuação na história dos jogos, com certeza.

Surge uma foto de cada Tributo e depois a pontuação, por baixo. Naturalmente, os Tributos Profissionais têm as pontuações mais altas, entre 8 e 12 pontos.

Surge a foto do rapaz do 2, o Leo, e sinto os nervos tomando conta de mim. Odeio ele. E, incrivelmente, ele conseguiu um 10. Tomei uma nota mental para evitá-lo na Arena tanto quanto possível.

Como se lesse os meus pensamentos, Haymitch me olha. - Ter uma pontuação alta, nem sempre é bom. Apenas é bom para conseguir Patrocinadores, mas entre os Tributos, só faz você se tornar um alvo. Então, relaxa, seja qual for a sua.

Assenti e respirei fundo.

Minutos depois, a foto de Connor surgiu na televisão e o número 9 surgiu, piscando, por baixo.

Todo o mundo felicita ele, até eu. Aquela pontuação foi incrível! Alguém estivera prestando atenção nele.

E depois surge o meu rosto e quase fechei os olhos. Mas, surpreendentemente, o número 11 surge piscando por baixo.

A reação da minha equipe é totalmente diferente da minha. Eles levantam, se abraçando e rindo, comemorando, enquanto eu fiquei presa no sofá, olhando aquele número, até ele desaparecer.

Connor me puxa para um abraço e me aperta forte. - Muito bem, Laney.

Me afasto e nem consigo sorrir. Como eu ganhei um 11?

Haymitch se aproxima.

- Deve haver um engano. - Falo. - Eu atirei contra eles.

Ele sorriu. - Devem ter gostado do seu mau gênio. Escuta, eles querem um espetáculo, então precisam de concorrentes com alguma garra. - Apertou o meu ombro. - Você e o Connor vão dar trabalho.

Nessa noite, mais tarde, subi no terraço e sentei no chão, olhando a cidade lá em baixo e os seus habitantes celebrando por conta dos jogos.

O número 11 não parava de girar na minha mente. Eu tivera uma pontuação melhor do que qualquer Profissional. Isso seria um problema, com certeza.

Connor apareceu minutos depois e sentou na minha frente, suspirando e depois indicou a cidade.

- Celebrando porque adolescentes inocentes serão enviados para morrer. - Me olhou e sorriu, animado. - Me sinto como um animal.

Sorri, ele sempre fazia aquilo. Sempre escondia o nervoso, o medo, com palavras animadoras e divertidas.

Ergui o queixo. - Não ia icendiar a Capital?

Ele riu, assentindo. - Ainda não achei nada com que pudesse fazê-lo.

Sorri e depois olhei ads luzes coloridas.

- Eu vou ser a primeira a morrer.

Ele me olhou. - Claro que não.

Sorri sem vontade. - Acha mesmo que, depois de tudo, sobreviverei ao banho de sangue nos primeiros minutos? Duvido. O idiota do 2 quer me matar, e agora, com a pontuação mais alta, com certeza os restantes também querem.

Connor assentiu. - É... Mas eu estarei lá com você. - Ele segurou a minha mão, se inclinando na frente. - A gente acaba com eles.

Sorri e depois olhei ele, apagando o sorriso do meu rosto. - Isso é ainda pior. Não podemos ser os últimos.

Ele assentiu e respirou fundo, entendendo. Depois me olhou e sorriu. - Se eu pudesse, eu tirava você do leque de Tributos desse ano. Sério. Mas eu não posso. A única coisa que eu posso fazer, e já falei para você, é tentar te manter viva o máximo de tempo que eu conseguir. Mesmo que você não apoie essa ideia. E é o que farei. Eu vou manter você viva e depois... - Deu de ombros. - Se tiver de morrer para você vencer... Dane-se! Eu morrerei. Prefiro assim, do que morrer para divertimento do Capitólio.

- Connor, eu não...

- A gente não é imortal. - Sorriu. - Um dia iríamos morrer. - Suspirou. - Me deixa morrer fazendo algo bom. Me deixa morrer lutando por algo que eu acredito. Minha família não pode me ver morrer apenas por que sim, a dor seria ainda pior.

- E eu? - Falei. - Como eu vou conseguir suportar, Connor? Como vou enfrentar a sua família se eu sobreviver e você não?

Ele sorriu novamente. - Você é forte e eles te adoram como família deles. Sério, Delaney, me deixa dar um sentido á tudo isso, já que fui obrigado a entrar nessa merda.

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