Capítulo 4 - Direto da DM

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O sol mal havia rasgado a neblina da manhã quando meu celular vibrou outra vez

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O sol mal havia rasgado a neblina da manhã quando meu celular vibrou outra vez.

Eu não dormi direito. Revi aquele vídeo no feed do Brennuz tantas vezes que já sabia a legenda de cor. A notificação daquela marcação ainda piscava na minha mente como luz de palco. Sabe quando algo acontece na sua vida e você sabe, no exato momento, que nada mais será como antes?

Era isso.

Levantei da cama com o corpo mole, mas com o coração diferente. Tomei banho devagar, deixei meus cachos secarem ao natural, coloquei uma blusa velha da faculdade que dizia "Psicologia é resistência" e fiquei sentada na beira da cama olhando pro celular como quem espera algo... mesmo sem saber o quê.

E então vibrou de novo.

📩 Mensagem de @brennuz_

Meus dedos gelaram. A garganta secou. Não era sonho.

Abri a conversa.

brennuz_:
Yo, bom dia psico do verso 👊🏽
Não costumo mandar mensagem pra geral, mas precisava dizer que tua rima ontem foi coisa séria. Muita gente chega pra aparecer. Tu chegou de verdade.

Eu li. Re-li. Encostei o celular no peito, como se pudesse absorver as palavras direto na alma. Respirei fundo e respondi com um leve tremor nas mãos.

auroraversa:
Bom dia! Caramba, não sei nem o que dizer direito... obrigada de verdade. Eu só fui ver a Levinsk, nem pensava rimar. Mas parece que alguma coisa dentro de mim pediu palco.

A resposta veio quase de imediato. Como se ele tivesse mesmo parado o dia pra falar comigo.

brennuz_:
Isso é arte, mermo. Quando o verso encontra o peito, a gente vira instrumento. Escuta só: vai rolar uma cypher fechada mês que vem, só convite. Se tu tiver afim, me dá um salve. Vai colar gente grande. E a cena precisa de voz com conteúdo.

Cypher. Fechada. Brennuz. Me convidando.

Fechei os olhos e precisei respirar umas três vezes antes de responder. Meu estômago se revirava entre medo e euforia.

auroraversa:
Tô dentro. Mesmo tremendo, eu vou. Obrigada pela confiança, de verdade.

brennuz_:
Tremer faz parte. Mas tu nasceu pra falar o que o mundo cala.
Tamo junto, Aurora. Até breve. E cuida dessa mente aí, psico também sangra.
🖤🔥

Bloqueei a tela. Segurei o celular nas mãos. Sorri. Chorei um pouco. Me encarei no espelho. Pela primeira vez, sem precisar fingir força.

A faculdade ainda me chamava, os textos de Jung me esperavam na estante. Mas agora, as vozes da rua também chamavam. E eu queria ouvir todas elas. Traduzir em rima. Em sessão. Em verso.

Porque talvez, no fim, psicologia e poesia sejam a mesma coisa:
Tentar entender o que o mundo sente, mas não sabe dizer.

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