- Emma pov -
Isso só pode ser um pesadelo. Aqui estava eu,em uma casa que não era minha,com uma tempestade lá fora,que me impedia de ir embora,e para piorar,essa garota,que a cada dez palavras que saem da boca dela,pelo menos oito são para me provocar.
- Isso só pode ser um pesadelo - Sussuro,mas não baixo o suficiente para que ela não escutasse.
- Você sabe que ficar resmungando não vai mudar nada né? - Ela estava certa,mas isso não ia me impedir de expressar minha indignação com aquele dia. Ela estava sentada próxima a janela,onde eu estava minutos atrás. O cabelo quase totalmente seco e levemente bagunçado deixavam ela muito bonita,admito.
" O que tem de errado com você?",me corrigo logo em seguida.
- Vai acabar arrancando um pedaço meu se continuar me olhando tanto assim - Ela faz questão de mostrar o sorriso vitorioso. Isso não vai ficar assim. Me aproximo,e fico bem perto dela,me abaixo e sussurro em seu ouvido esquerdo:
- Se for só um pedacinho não faz mal né? - E dessa vez quem sorri sou eu. Ela fica sem reação e apenas encara com olhos arregalados,acho que ela não esperava que eu retrucasse. Pelo menos venci dessa vez.
As horas passam devagar,e não nos falamos quase nada nesse tempo,soltavamos apenas algumas provocações às vezes,mas nada demais,confesso que talvez,eu estivesse gostando desse jogo,ou seja lá o que for isso.
Já estava quase anoitecendo e pensei poderia preparar o jantar. A energia ainda não havia voltado,eu liguei para a companhia de energia,e como eu liguei,insistindo para ter informações mas eles sempre diziam que estavam fazendo o possível para resolver o problema.
- Eles vão demorar de propósito - Ela entra na cozinha sem nem ao menos fazer um barulho. - Eu demoraria - Dá de ombros como quem não quer nada.
- O quê você quer dizer com isso? - Provavelmente iniciariamos mais uma troca de farpas.
- É só que você tá ligando o tempo todo,eles vão acabar se irritando com isso - Começo a pensar que talvez ela de fato estivesse certa.
- E o quê você quer que eu faça? - Achei que as palavras sairiam de forma rude,mas na verdade soaram bem tranquilas. - Preciso que a energia volte,preciso que a chuva pare,preciso ir para casa.
- Você não precisava ter ficado,não é como se eu fosse roubar alguma coisa aqui mesmo,nem sequer saímos daqui o dia todo - Ela puxa uma cadeira se sentando,e apoia os cotovelos na mesa.
- Não é por isso que ela me pediu para ficar - Não queria que ela achasse que nós fizemos um julgamento precipitado sobre seu caráter,porque mesmo que eu não vá com a cara dela,não seria capaz de fazer esse tipo de coisa. - Ela só queria ter alguém aqui. Acho que no fundo,ela espera que as coisas melhorem,como era antes.
- Vocês se conhecem a bastante tempo?
- Nos conhecemos a alguns meses,mas a época movimentada da pousada foi antes disso,na verdade essa pousada teve seus anos de glória,mas foi antes de eu chegar aqui - Me sento de frente para ela,e consigo ver alguns traços de seu rosto,graças às luzes de emergência espalhadas pelo lugar.
- Por que veio? - Não entendo sua pergunta e acho que ela percebe. - Por que veio para cá?
- Eu... - Não sei se quero falar sobre isso com ela,não sei se posso confiar nela. Quer dizer,todas as nossas interações até agora não foram das mais amigáveis não é? - Eu só precisava de um lugar novo,para começar uma nova vida - Acabo dizendo a verdade,em partes pelo menos. Afinal,qual a chance de ela ficar tempo o bastante para tudo isso importar? Exato,nenhuma.
- Você vive aqui sozinha ? - Ela tem os olhos fixos em mim,e por alguma razão,isso me deixa nervosa,mas não em um sentido ruim,é só como se eu de repente não soubesse como agir.
- Por que,vai me sequestrar? - Ela arregala os olhos,como se eu tivesse descoberto um segredo,mas logo muda a expressão para me alfinetar.
- Se eu sequestrasse alguém chata como você,largaria no meio da estrada - O sarcasmo de sempre estava de volta. E eu aqui achando que poderíamos ter uma conversa civilizada pelo menos uma vez.
- Se alguém como você me sequestrasse,eu mesma pularia do carro.
Pelo olhar que ela me lançou,sei que estava prestes a me responder da maneira mais afiada possível,mas antes que ela possa dizer qualquer coisa,somos interrompidas pelas luzes que piscam e começam a clarear todo ambiente. A luz havia voltado,ótimo.
Me levanto e vou até a geladeira e armários,começo a vasculhar para ver se encontro alguma coisa para começar o jantar que já deveria ter começado,encontro tudo o que precisaria para fazer um bom jantar.Margaret prezava por ingredientes de boa qualidade e isso me deixou genuinamente feliz.
-Vou preparar o jantar,tudo bem por você? - Me viro em sua direção quando termino de separar os ingredientes.
- Então você vai me servir ?! - Um sorriso petulante enfeita seus lábios. - Eu sabia que não ia resistir.
- Eu nem sei porque me dou ao trabalho - Ergo as mãos em rendição.
- Eu posso ajudar você a preparar?
- Você não tem cara de que sabe cozinhar - Debocho e recebo um olhar de indignação em troca.
- Agora você me ofendeu - Ela se levanta e vem até mim. - Senta - Ela aponta para a cadeira na qual eu estava.
- Como é? - Arqueio uma sobrancelha.
- Você disse que eu não sei cozinhar,vou fazer você pagar por isso - Ela continuava com aquele olhar indignado. - Vou preparar o jantar sozinha.
Eu achei que ela só estivesse brincando,mas o olhar sério dela me disse o contrário. Ela continuava em pé,me encarando. Droga de olhos verdes e lindos.
- É sério? - Eu apenas recebo um aceno positivo em troca. - Okay... - Me sento com relutância,ainda a encarando.
Ela não diz mais nada,apenas se vira e começa a preparar nosso jantar. Ela realmente parece saber o que está fazendo,a observo,tão concentrada,seria uma cena adorável se ela não fosse tão irritante,mas óbvio que jamais diria isso a ela,ela iria me infernizar pelo resto do tempo em que ficasse aqui.
- Você vai se arrepender de me desafiar Emma - Ela parece bem convencida disso,e eu apenas reviro os olhos.
- Você é tão... Espera aí,como sabe o meu nome? - Percebo que não havíamos nos apresentado ainda,mas ela sabia o meu nome,mesmo sem eu saber o dela. - E como você se chama?
Ela se vira com um olhar que não sei decifrar o que significa.
"Pelo menos agora a dona dos lindos olhos verdes que me encaravam,iria ter um nome."
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O contrato - Yelena Belova
FanfictionSeria possível o amor nascer do que deveria ser só mais um trabalho? Após sair do controle de Dreykov,Yelena ganha a vida fazendo trabalhos para pessoas que estejam dispostas a pagar seu preço. Ainda com esperança de encontrar sua irmã,Natasha. Mas...