Just let me adore you - ls

Prólogo

Eles nunca te contam o quão longo isso pode ser. Apenas dizem que leva tempo.

Quanto tempo? Estou cansado, exausto de esperar a tortura acabar. Ela está acabando comigo.

Eu dei todo o meu amor quando era o que mais me faltava, e não me sobrou nada.
Eu não o amo mais, deixei de amar antes mesmo de terminarmos, mas dizer que superei seria a maior mentira que já contei algum dia.
Eu levo comigo cada pedacinho dessa merda, me martirizando a cada dia por ter aguentado tudo o que aguentei quando eu não precisava disso.

Eu me perdi e estou longe demais para me encontrar.

Meu terapeuta me disse um dia: "você doaria seu último moletom para alguém, sabendo que precisaria dele um dia e não o teria?" e eu não havia entendido, até que entendi.

Eu dei o meu amor quando o que mais me faltava era isso, e agora que preciso do meu próprio amor, não o tenho mais.
Estou vivendo minha vida da melhor maneira que consigo agora, sobrevivendo, eu diria.

Não encontro felicidade nas pequenas coisas que antes me divertiam, não vejo sentido em muitas coisas que amava admirar e fazia com tanta devoção. Hoje eu caço migalhas de atenção em quaisquer coisa superficial que me entreguem, sei que nada profundo chegará até mim novamente e eu nem quero que chegue.

Eu tenho medo do amor. Tenho medo do que ele causa nas pessoas e em como ele as muda. O amor me mudou, completamente.

Ao contrário do que dizem por aí, o amor machuca. Ele abre o seu coração de todas as maneiras possíveis e te deixa ali, a mercê da sua própria dor, sentindo o vento gelado e solitário tocar na sua ferida drasticamente aberta.

As pessoas são rasas e por mais clichê que isso possa soar, todas são iguais. Elas sempre vão acabar te machucando em algum momento ou você as machucando, é inevitável, a não ser que você evite.

E agora, estou vivendo não me importando com absolutamente nada ao meu redor, é assim que funciona, não? Não quero ninguém além do físico, não quero carinho, não quero romance, eu sequer acredito nessas coisas hoje em dia. O superficial já me é o suficiente.

A indiferença é a assinatura da superação, e bom, eu já estou com a caneta na mão.