Vendida ao Alpha

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Charlotte

A viagem durou pouco mais de um mês, a comitiva que nos acompanhou não era grande, porque não ocupávamos uma posição significativa dentro da alcateia. Meu padrasto, o companheiro de segunda chance da minha mãe, disse que estava em busca da ajuda do poderoso Rei Alpha e que eu o acompanharia para que aprendesse com outras alcateias, já que minha educação fora limitada, mas eu nunca poderia imaginar o que estava me esperando ao chegarmos.

Passamos a noite próximos de uma alcateia já estabelecida fora dos muros da cidade de Greenbelt, ali nós fomos informados de que não poderíamos entrar na cidade em nossas formas lupinas, pois seria visto como um ato hostil contra a alcateia Lunarhaven. Eles, assim como todas as alcateias que cercavam a cidade e viviam nos bosques de Reims, respondiam ao cruel Rei Alpha, Logan Blackwood.

"Isso é ridículo," um dos lobos que acompanhavam o meu padrasto e a mim falou irritado enquanto observava outros lobos se movimentando ao longe. "Esperar até amanhecer e tomar a forma humana, isso é humilhante."

"Estamos falando do cruel Rei Alpha, o Lycan que matou seu antecessor e tomou o trono," respondeu outro lobo, que também fazia parte do nosso grupo. Apenas me mantive afastada deles o suficiente para não morrer de frio e conseguir escutar sobre o que falavam, mas me mantive em total silêncio.

"Eu não me importo se ele é cruel, louco ou que seja, contanto que tenhamos aquilo que viemos buscar." meu padrasto me olhou com frieza e desprezo. Me recolhi mais, não queria irritá-lo e estava muito cansada da viagem.

As histórias do cruel Rei Alpha já haviam chegado as alcateias mais distantes, como a nossa. Não conseguia imaginar como um soberano como ele poderia aceitar ajudar uma alcateia tão pequena e isolada como a nossa e nem o motivo do meu padrasto ter sido o escolhido como embaixador. Um arrepio estranho atravessou meu corpo, fazendo com que meus pelos se arrepiassem. Decidi apenas fechar meus olhos e dormir o máximo que pudesse e guardar minhas energias para a manhã seguinte.

Assim que amanheceu nossos corpos tomaram a forma humana, como não tínhamos qualquer roupa conosco, nos foram dadas algumas pelos guardas que vieram nos buscar, para que assim pudéssemos entrar na cidade. Assim que atravessamos o portão, fomos imediatamente levados ao grande e imponente castelo, meu padrasto parecia muito satisfeito, mas eu continuava sem entender o real motivo de nossa viagem. Poderia não saber muito sobre o mundo fora da nossa alcateia, mas eu sabia que um pedido de ajuda não seria recebido com tanta pompa, especialmente por um rei dito como impiedoso e cruel.

"Pai," meu padrasto me olhou com raiva, me encolhi na mesma hora "desculpe, meu senhor."

"Diga logo o que quer." ele disse, sua voz irritada. Respirei fundo e abaixei minha cabeça.

"Estamos mesmo aqui para solicitar a ajuda do grande Rei Alpha?" Meu padrasto parou de andar e se virou para mim, a fúria queimando em seus olhos. Ele segurou meu cabelo com força no couro cabeludo e me puxou em sua direção.

"Você ousa questionar minha decisão, sua maldita impura?" Tentei segurar as lágrimas e movi a cabeça negando, ele me soltou e voltou a caminhar sem dizer mais nada. Os lobos que nos acompanhavam, agora em suas formas humanas, riam sem se importarem em esconder, da minha situação.

Todos ao redor estavam nos olhando, alguns com pena de mim, mas a grande maioria apenas me olhou com desprezo, como todos sempre me olharam. Eu era a filha de uma loba que foi rejeitada pelo seu companheiro, mesmo já estando grávida. Vivemos às margens da alcateia, nos alimentando dos restos dos demais até que meu padrasto se compadeceu da nossa situação e aceitou minha mãe como sua companheira. Nossas vidas ficaram um pouco mais fáceis, mas os estigmas nunca sumiram e isso sempre irritou meu padrasto.

Mantive o silêncio pelo restante do caminho, mas ao ver os portões adornados de ouro do grande castelo suspirei. Nossa alcateia era pequena, então todas aquelas casas e aquele castelo eram novidades e maravilhas aos meus olhos. Eu era uma menina de dezoito anos que nunca saiu do lado da mãe, ainda não havia encontrado meu companheiro enviado pela Luna tão pouco saído dos limites do nosso território.

Todos dentro da cidade estavam em suas formas humanas e pareciam confortáveis assim, enquanto eu me contorcia dentro das minhas roupas desconfortáveis. Minha mãe me treinou para assumir a forma humana, caso fosse necessário fugir e me esconder no mundo dos humanos, mas aquela foi a primeira vez em que eu realmente precisei mudar minha forma física. Passei as mãos pelos longos cabelos que caiam sobre meus ombros e fiquei maravilhada com sua suavidade e macieis, sua cor se assemelhava a do meu pelo, marrom como a terra que eu tanto amava.

O castelo era tão grandioso por dentro quanto era por fora, adornado com ouro, esculturas, tecidos finos e quadros, porém tudo estava desarrumado. Alguns quadros estavam rasgados, outros tortos ou caídos no chão, os tecidos das cortinas rasgados. Tudo passava uma mensagem assustadora de que teríamos o mesmo destino que aqueles objetos, se fosse o desejo do Rei Alpha.

Fomos deixados em uma sala, nossos companheiros ficaram na cidade que ladeava o castelo. Não havia luxo, na verdade os móveis estavam todos muito gastos, tecidos rasgados e ninguém veio falar conosco durante todo o tempo em que esperamos. Meu padrasto foi chamado e eu fui deixada sozinha na grande e silenciosa sala. Resolvi me aventurar e olhar ao redor, tentar entender um pouco a personalidade do dono daquele castelo. Através da janela observei grande movimentação de homens indo e vindo, carregando caixas e mais caixas, então vi meu padrasto com um pedaço de papel nas mãos, sorrindo e acompanhando os homens para além dos muros do castelo. O pânico começou a tomar conta de mim. Para onde ele estava indo? Por que eu estava sendo deixada para trás?

As portas da sala se abriram e um Lycan de pelagem cinza, branca e preta entrou, seus grandes olhos verdes brilhantes me fitaram, haviam diversas cicatrizes espalhadas pelo seu pescoço e braços, ele era tão alto que precisou se curvar para passar pela porta. Sua presença imponente me fez cair de joelhos na mesma hora. Aquele era o Rei Lycan, mas por que ele estava naquela sala diante de mim, uma ninguém?

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