Capítulo 1
— Ályan!
Ela se virou buscando saber quem que havia dito o seu devido nome, em seguida percebe senhora Miury vindo em sua direção caminhando em linha reta até ela. A mulher andava quase como se estivesse marchando, ela não parecia nada agradável, seu semblante indicava uma expressão aparente de raiva e apontava para a garota de cabelos brancos dando a entender que ela teria feito algo que não a deixou contente. Ályan por sua vez, tentou proferir algumas palavras assim que a senhora chegou ao local, porém antes que as pudesse pronunciar algo a mão dela veio de encontro ao seu rosto, deixando uma leve marca avermelhada e junto desta, um corte surgiu, supostamente devido ao tamanho de suas unhas, que por sua vez não estavam tão longas, contudo, não estavam tão pequenas, tamanho médio eu diria. Uma pequena gotícula de sangue caía e caminhava pela face da menina, descendo pela pequena abertura recém feita. Senhora Miury apenas a encarava com raiva em seu olhar, ela segura a garota com força pelos cabelos e lhe faz a encarar igualmente, entretanto, em vez de uma fisionomia raivosa a que vinha à tona era uma expressão dolorosa devido ao fato de seus cabelos estarem sendo quase que arrancados de sua cabeça pela tamanha força que era utilizada pela senhora que os puxava.
— Você está doida garota? O que veio na sua cabeça para ter uma ideia dessas?
O silêncio se manifestou pelo local que estavam, nem o canto dos pássaros que passavam por ali se escutavam mais. Senhora Miury que já estava “cuspindo fogo” acabou por aumentar sua irritação e empurrou Ályan, a fazendo cair no chão e ralar o joelho pelo impacto da queda. A garota olha para cima e encara a senhora de meia idade como se questionasse o porquê daquilo tudo.
— Não vai me responder? — Novamente o silêncio, porém, antes que pudesse agredir novamente a garota ela a responde.
— Senhora Miury, por favor, me diga o que aconteceu, eu nã- — Outro tapa foi desferido no rosto de Ályan, desta vez cortando sua fala.
— Ah, faça-me o favor! Não se faça de sonsa! Quem você pensa que é para ficar cortejando o marido dos outros? Está doida? Quer acabar com minha reputação? — Ela fala gritando e andando pelos lados. Ela parecia muito angustiada com esta situação.
— Mas eu não cortejei marido de ninguém! — Diz apreensiva. Era verdade que ela não tinha cortejado ninguém, muito menos o marido de alguém, no entanto a senhora Miury parecia não acreditar no que a Ályan alegava.
— Fique quieta! — Grita novamente — Você irá a casa dos Shildrins e irá se desculpar a eles, principalmente para a dona Nyli! — Ela se abaixa e segura o queixo de Ályan pressionando um pouco. O sangue que ainda se fazia presente na bochecha da garota acaba sujando o seu polegar e uma expressão de nojo é formada em seu rosto — Que nojo! Ah, sinceramente, por que que eu não te deixei morrer naquela floresta hein? — Limpa o polegar na roupa da garota e solta seu queixo bruscamente a fazendo virar o rosto logo após sua ação.
Após a saída da senhora, Ályan se levanta do chão e vai em direção ao poço que havia ao lado da casa, perto do local onde elas se encontravam a pouco, para poder lavar seus machucados. Ela começa a jogar água no machucado e seu semblante muda para uma expressão de dor, afinal, estava doendo, não era algo insuportável, apenas uma leve ardência no local do corte, porém, ainda sim, ardia. Assim que ela termina de limpar seu rosto, Ályan começa a jogar água em seu joelho tentando limpá-lo também, já que o líquido avermelhado fazia questão de escorrer pelo arranhão, e, por mais que seu vestido a cobrisse até suas canelas, ele não foi capaz de o proteger contra um corte quando caiu. A expressão de dor ainda continuava, o corte em seu joelho parecia ter sido um pouco mais profundo do que achou, a pedra que estava por baixo de si quando foi derrubada era realmente bem afiada e além de ter a machucado o seu vestido também foi rasgado no local do corte. O sangue não parava de escorrer, seu belo vestido azul de mangas bufantes já estava manchado pelo sangue, então, ela aproveitou o rasgo que o vestido já possuía e arrancou um pequeno pedaço dele, o suficiente para fazer uma atadura improvisada e o amarrou em seu joelho para que o sangue não escorresse mais.
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Já deveriam ser provavelmente cinco e meia da tarde, Ályan está voltando da casa dos Shildrins. Assim como a senhora Miury mandou, ela foi pedir desculpas por “estar cortejando o marido de Dona Nyli”. A maior parte do tempo que ela passou na casa dessa família foi tentando se desculpar, porém a única coisa que aconteceu foram gritos e mais gritos, a garota levou mais tapas na cara, e Dona Nyli não a deixou falar uma palavra se quer. No final de tudo, ela ainda conseguiu pedir as devidas desculpas, essas mesmas, não foram aceitas pela parte da senhora.
Enquanto andava de volta para casa, um barulho ecoou no meio da floresta. A casa onde a garota vive junto da senhora Miury era um pouco mais afastada da pequena vila adiante, o percurso era bem deserto, quase não se passavam pessoas por ali, então Ályan acelerou os passos meio desconfiada do que viria a seguir, ela com certeza não queria estar ali para saber o que aconteceria no momento seguinte.
Caminhando, outro barulho foi ouvido, dessa vez parecia ser algum animal indefeso, talvez um cervo ou um veado. Os gritos do animal eram sôfregos e agonizantes, como se estivesse sendo maltratado por algo ou alguém, e, por mais que lutasse contra a curiosidade do que estava acontecendo, ela foi maior. Seguindo os gritos do animal indefeso, Ályan, por sua vez, chega ao local do incidente. Lá ela encontra um pequeno cervo com sua pata presa em algum tipo de armadilha de ferro, parecia doer, contudo, pelo menos não havia nenhum corte em sua pata, o que pareceu tranquilizar a garota. Ela se abaixa um pouco e alisa a cabeça do pequeno cervo.
— Ei, pequenino, como você veio parar aqui, hein? — Ela suspira e sorri — Eu vou te tirar daqui, ok?
Sem saber exatamente o que fazer para tirá-lo dali, ela olha ao seu redor para tentar encontrar algo que a ajudasse. Observando a área em que estava, ela encontra um galho, por mais que não fosse tão resistente era sua única opção no momento, e assim ela o faz, ela coloca o galho entre os dois lados da armadilha e o levanta como se fosse uma alavanca, tomando cuidado para não machucar mais ainda o cervo, e, por mais que achasse que isso realmente não fosse dar certo, por incrível que pareça, ela conseguiu libertar o animalzinho, e assim que teve sua pata solta do que o prendia ele começou a correr para mais fundo da floresta deixando Ályan sozinha novamente no local.
Ályan se levanta de onde ela estava sentada e limpa seu vestido, ou pelo menos o que restou dele, já que não bastou só bater, as folhas da senhora Nyli ainda fizeram questão de rasgar o vestido que já estava em um estado precário.
— Bom, agora é minha vez de ir!
Ela começa a caminhar de volta a sua trilha original, mas antes que pudesse deixar a área que está localizada, alguma coisa começou a se mexer entre as folhas. De início a garota pensou que fosse algum outro animal então não deu muita atenção, porém as folhas pareciam se mexer conforme ela andava, era como se algo estivesse a perseguindo. Ályan para no meio do caminho muito desconfiada e com um pouco de medo do que poderia ser, mas, continuando a pensar que poderia ser algum tipo de animal. Ela dá uma olhada para onde as plantas se mexem e logo em seguida fala:
— Tem alguém aí? — Continua olhando para o local meio apreensiva — Eu devo estar ficando louca!
Assim que sua fala é dita as folhas começam a se mexer mais entre as árvores, por mais que estivesse com medo e desconfiada do que poderia ser, sua teimosia ainda persistia e o pensamento de que era algum animal ainda estava presente, então, ela resolve continuar sua jornada de volta para casa, porém ainda mais atenta do que antes, entretanto, antes que conseguisse dar mais algum passo adiante, algo que parecia ser uma bola preta caiu em sua frente. Ela estranhou, mas não se importou muito, até essa coisa começar a fazer barulho, algo como um chiado de uma chaleira. Ályan se assustou e logo deu um passo para trás apavorada com a ideia do que poderia ser aquilo. A coisa que parecia uma bola começou a soltar algum tipo de fumaça, que pelo visto, não estava fazendo nada bem para Ályan. Ela começou a sentir uma tontura, sua vista começou a embaçar, suas pernas começaram a ficar fracas e de maneira repentina ela caiu no chão. Uma forte dor de cabeça veio, e a sua única visão antes de perder totalmente a consciência foi a de um homem alto, vestido totalmente de preto, da cabeça aos pés.
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A Rainha de Arcândia
FantasyÁlyan, uma garota camponesa que vive no reino de Arcândia é sequestrada por um grupo de pessoas desconhecidas e é levada para o reino de Milquión. O motivo? Só eles sabiam, porém algo parece estar fora de controle. Os cristais vitais da Árvore Crysb...