𝙊𝙉𝙀 𝙋𝙃𝙊𝙏𝙊 𝘾𝙃𝘼𝙉𝙂𝙀𝙎 𝙀𝙑𝙀𝙍𝙔𝙏𝙃𝙄𝙉𝙂 𝗈𝗋𝗂𝗀𝗂𝗇𝖺𝗅 𝗌𝗍𝗈𝗋y

𝟎𝟏. ▌𝐏𝐈𝐋𝐎𝐓

Eu sempre gostei de fotografia. Desde de que eu era criança, sempre observei as fotos que meu pai tirou das paisagens, pessoas e momentos mais bonitos de sua vida. Então, quis continuar seu legado. E aqui estou eu, cumprindo o que prometi a ele, há muito tempo atrás.

“Papai! Papai! Quando eu crescer, eu vou ser que nem você! Eu vou usar uma câmera mágica para guardar as pessoinhas dentro quando eu apertar esse botão!” Eu dizia, com meu cabelo preso em duas marias-chiquinhas e com um vestido de princesa cor-de-rosa. Ele deu uma risadinha e me pegou no colo.

“Isso eu tenho certeza. Mas como você vai prender as pessoas aí dentro?”

“Eu já disse. É uma câmera mágica que consegue guardar pessoinhas.”

“Mas elas andam lá?” Eu parei e pensei um pouco.

“Acho que não. Elas ficam paradas quando apertamos o botão!”

“E se elas estiverem com medo de se mexerem quando você olha para elas?”

“Elas têm medo de mim? Por quê?”

“Talvez você pode perguntar para elas porquê.”

“É uma boa ideia, papai!”

“Agora, quer ir de cavalinho para ganhar um sorvete?”

“Quero!”

As memórias com ele foram incríveis. Desde tomar sorvete na praça até os dias de hoje. Ele sempre foi minha grande inspiração desde o começo.

Acordo com o som irritante do meu despertador. Saí da cama com ódio. Odeio acordar cedo, assim como papai, provavelmente ele já está resmungando pela casa. Fui ao meu banheiro e fiz minhas necessidades, escovei meus dentes e tomei um banho rápido. Sai rapidamente do banheiro, coloquei meu “uniforme”, peguei minha bolsa e desci para o primeiro andar. Vi meu pai na cozinha. Diminui a velocidade dos meus passos e o barulho, ficando na ponta dos pés. Esperei assim que eu fiquei perto suficiente dele, coloquei as minhas mãos em seus ombros e falei um pouquinho mais alto para assustá-lo.

“Bom dia, meu lindo papai. Como vai seu dia?” Ele deu um pulo e se virou para me ver rindo dele. Ele ficou emburrado e resmungou algo.

“O que você disse?”

“Por que eu nunca me acostumei com isso?” Ri mais com seu comentário. Ele riu comigo.

“Aí, minha barriga doí!” Dei algumas risadinhas e coloquei a mão na barriga. Parei de rir e tentei recuperar meu fôlego. “Meu café tá pronto?”

“Deixa eu ver... Café preto com açúcar?”

“Exatamente.” Ele me passa a minha xícara de quando eu era menor. “Pai, não se esqueça dos seus remédios.” Eu disse, tomando um gole do meu café. Ele resmungou que já iria. Descansei minha xícara na mesa e o alertei. “Papai, eu só estou aqui porque você não está tomando seus remédios.”

“Eu sei, mas... Odeio ficar tomando remédio. Esses remédios tem um gosto nojento!” Ele disse fazendo birra, igual uma criança.

“Mas precisa tomar. Se não vai ficar doente e vai pro hospital. Você quer isso?” Ele balançou a cabeça. “Então continue tomando que você melhora rapidinho.” Eu tomei todo meu café, levantei e dei um beijo em sua bochecha. Ele sorriu feliz. “Preciso ir trabalhar, tchau papai.”

“Tchau, Lea.” Peguei minha bolsa e fui em direção a meu trabalho na California Institute of the Arts, ou CalArts para encurtar. Lá onde eu conheci meus melhores
amigos, que também estão envolvidos em arte no geral.

Cheguei um pouco atrasada, mas consegui antes que os portões se fechassem. Logo falei com a minha secretária e pedi para ela ver o que tinha agendado para hoje, enquanto andava rapidamente pelos corredores. Ela me acompanhava ao meu lado, fazendo nossos saltos clicarem sobre o piso. Consegui entrar no estúdio onde eu tiraria as fotos de uma modelo. Nunca tinha ouvido falar sobre ela, então estava meio apreensiva se tudo ocorreria bem. Assim que entrei na sala, vi uma mulher extremamente atraente falando com o meu chefe, Jackson Moore. Assim que os dois ouviram o barulho dos meus saltos, eles viraram o rosto na minha direção e vi o rosto dele se iluminar.

“Lea! Estávamos esperando por você! Quero que conheça a modelo mais famosa da atualidade, Morgan Gray Miller. Morgan, essa é a Leaner, a sua fotógrafa de hoje.” Ele chegou atrás de mim e colocou as mãos nos meus ombros. Me incomodei com ele tocando meus ombros assim. Na verdade, ele sempre foi assim. Muito carente para a minha direção.

“Na verdade, é Eleanor.” Estiquei a minha mão para que ela pudesse pegá-la, que ela fez de bom agrado. “Uau, você tem uma pegada forte.”

“Obrigada. É um prazer conhecê-la, Eleanor.” Ela saboreou meu nome em sua boca, o que fez minhas bochechas pegarem fogo. Ela percebeu e deu uma risadinha. Estou fodida nas mãos dela.

“Podemos começar?” Eu soltei sua mão, talvez um pouco indelicadamente. Acho que ela não se importou com isso.

“Claro.”

“Amber, você pode me passar a documentação das fotos, por favor?” Pedi para minha secretária.

“Posso sim, Lea.” Ela mexe em uma pilha de pastas em sua mão até achar o envelope. “Aqui.”
“Obrigada. Pode descansar.” Sorri em sua direção. Ela retribuiu e saiu da sala pequena. Abri o envelope e vi que a papelada dizia que seriam... Fotos promocionais de roupas íntimas!? Não era isso que Jack disse para mim! “Jackson!” Gritei. Ele veio logo em seguida.

“Sim, Lea?”

“Você disse que eram fotos comuns, não fotos dela de roupas íntimas!”

“Eu disse?” Acenei com a cabeça. “Que pena, agora você vai ficar com esse ensaio de fotos. Pode deixar que eu cuido do outro, certo?”

“Mas-” Ele me interrompe.

“Maravilha! Daqui a pouco vai entrar um outro fotógrafo que vai te guiar pelo resto deste ensaio, ok?”

“Não!”

“Perfeito! Até mais!” Ele saiu com sua maleta. Eu bufei. Não acredito que ele trocou os ensaios! Por isso que eu não conhecia a modelo!

“Podemos começar agora?” Eu estava de costas para ela. Suspirei e me virei, fazendo eu ver como seu corpo era perfeito. As curvas da sua cintura, abdômen sarado e bunda inchada. Essa é a mulher que todos sonham em ter, por isso ela é modelo. Corei com o pensamento e, com a voz meio tremida, respondi.

“Cl- claro.” Posicionei a câmera em frente ao fundo branco e me abaixei para ver o enquadramento da foto. E lá estava ela. Posando para a foto. Seu corpo fazia o formato de “S”, ela segurava seus cabelos e fazia uma cara sexy. Uau...

*Click!*

*Click!*

Ela mudou de posição. Ela colocou suas mãos em cintura, inclinou a parte de cima do corpo para trás e os joelhos para frente. Sua cara atraente ainda continuava.

*Click!*

*Click!*

Assim que apertei o botão pela quarta vez, senti alguém envolver o seu corpo no meu, acompanhando meu corpo curvado, em uma espécie de abraço por trás. Ele colocou as suas mãos em cima das minhas e sussurrou no meu ouvido.

“O corpo dela fica mais gostoso se você der um pouco de zoom e mudar a lente um pouco...” Ele falava enquanto fazia. Sua voz grave e aveludada mandou um calafrio pela minha espinha. Olhei a foto novamente, e ela ficou, nas palavras dele, mais gostosa ainda. Eu não disse nada e só apertei o botão.

*Click!*