Cap .1.

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O silêncio transitava pelos cômodos e o corredor do recinto até então irreconhecível. Os passos que ela ali dava eram sutis e firmes. Seu dedo estava pronto para agir; o medo estava no controle.

O luar era seu único auxilio, seu único guia; seu brilho reverberava pelos móveis e o chão de mármore que se estendia além do véu escuro. Ruídos arrepiaram os ouvidos de Kely.

Cochichos.

A mulher se virou rapidamente, erguera a arma pronta para puxar o gatilho ante qualquer coisa que lhe ameaçasse a segurança em meio a tantos questionamentos. Batidas e arrastos ecoavam além da porta que se encontrava no fim do corredor que ela parara para observar. Um brilho amarelo tingia a sua penumbra em derredor da fresta da porta.

Kely estava soando, mas não de calor. A breve brisa que erguera as cortinas da janela lhe chamou a atenção, era como se estivesse dizendo para espiar.. “Olhe! Você precisa ver!” — tão suave...

Seus olhos voltaram-se para a fresta da porta, mas seus passos à levavam para a janela. A questão do porque, do como parara no andar de cima de uma casa desconhecida no meio da noite a encarcerava; Precisava saber quem poderia ter feito isso. Seu estômago se embrulhou. fora sequestrada e deixada com uma arma?.. Sutilmente, ela checou o cartuxo, fora deixada com uma arma CARREGADA! – Estava mais tranquila, mas perguntava-se se precisaria usar. Ela voltou seu olhar para janela.

Nada.. Não havia nada lá fora. O ar se extinguia de seus pulmões enquanto avaliava o lugar. Não estava reconhecendo as casas e nem a rua e isso a deixava intrigada. Um carro, havia um carro no quintal da residência. Um Prenci V8 de cor aparentemente branca; Um modelo simples. Ela não conseguia ver a placa, queria saber de onde viera o automóvel, mas o negrume lhe castigava os olhos.

Foram apenas alguns segundos de pura inércia e silêncio, o bastante para que a mulher pulasse de susto com o impetuoso escancarar da porta além do corredor agora totalmente escuro e silencioso. Ela não piscava.

— Quem está ai? — Ninguém lhe respondeu.

Seus olhos falhavam, mas não eram tolos, estavam vendo os movimentos da presença no cômodo. — Nem mais um passo. — Ameaçava-o em seu tom. Mas a figura continuou a transitar por entre os móveis, tão serena, de forma tão fantasmagórica que quando torceu o seu pescoço pouco visível para Kely, correu em disparada. Sua presença ainda se manifestava pelo ar, derrubando tudo em seu caminho.

 Kely hesitou, mas os tiros não deixaram de sair. Seus passos rápidos o seguiram por um momento, mas travou em furor.

Já estava longe.. descendo a escadaria

— inferno.. — o ódio dela se intensificou, mas nada sobrepujava o medo que acabara de lhe tomar. Precisava de luz!

Era um posicionamento padronizado, então logo achara o interruptor da lâmpada, o qual ela não se desgrudava. Ela subia e descia a chave e nada de ascender, nada de luz. Kely parou para escutar os sons de cadeiras sendo arrastadas no andar abaixo. O medo lhe intensificava mais e mais. Ela já estava ficando agoniada. Apalpava tudo; desde as pernas aos seios; Não estava com o celular, mas estava com a arma? — Ela se frustrava mais e mais com as questões do momento.

A mulher não desistiu, pegou no interruptor mais uma vez, mas antes de o erguer, uma lâmpada acordou dentre as trevas.— Estava finalmente vendo!

A porta que antes estava fechada, agora estava aberta.

Algo em seu ver estava diferente, o corredor parecia mais extenso e estreito, mas ela não se prendera a esse sentimento, ou pelo menos o perdera quando notou a trilha de pétalas de rosas que seguia o cômodo a dentro. Com a arma apontada para o chão, ela caminhava em alerta até a luz. Aos poucos os móveis naquele cômodo davam a entender que era um quarto de uma menina. Estava ofuscando-a, mas Kely logo se acostumou com a luz que lhe tirava aos pouco dentre as sombras. Quem à ligou ainda está ali; ela sabia disso.

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⏰ Última atualização: Aug 07, 2023 ⏰

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