Boston, 1980
Serena passa na frente do espelho de seu quarto repetidas vezes, e em nenhuma se sente contente. Seus cabelos estão cheios de laquê, seu rosto coberto de maquiagem e sua roupa é tão colorida que pode ser vista a 2 quilômetros de distância.Serena está, bem... irreconhecível.
— Você está ficando louca, Vivienne! — A adolescente reclama aos berros.
— Você vai me agradecer depois, Serena. — A mais velha fala enquanto termina de ajeitar os cabelos da irmã.
Aquela garota não era a Serena que todos conhecem, porém, essa é uma data especial e, segundo Vivienne, merece uma produção especial: Em 17 anos, Serena foi chamada pela primeira vez para sair por um garoto. A mais nova reclamou várias vezes sobre não estar sendo ela mesma, mas essa foi a simples resposta de Vivienne:
— Você não usa sua essência para beijar na boca, Serena! Seja uma adolescente normal! Você se vestir de piriguete de vez em quando não vai te fazer deixar de ser você mesma, eu hein.
A mãe das duas apenas ri da situação enquanto passa ferro em algumas roupas, pensando no quanto sua pequena Serena havia crescido. A menina que vivia brincando de ser inventora, astronauta, engenheira, coisas que meninas — e nem meninos, parando pra pensar — não se interessam com frequência, que corria pelada para fugir do banho e vivia ralando o joelho ao brincar na rua, subitamente, estava se arrumando para o seu primeiro encontro. Lauren não consegue acreditar no quanto sua filha cresceu.
— Não entendo como os garotos gostam disso. Eu, hein! — Ela fala se olhando no espelho com uma careta por conta do incômodo que os saltos e o elástico de cabelo lhe causavam.
— A beleza dói, irmãzinha! Anda, que você vai se atrasar. — Vivienne dá dois tapinhas nas costas dela e levanta do banco no qual estava sentada.
— Deixe que ela se atrase, Vivienne. Onde já se viu a moça esperar o rapaz? — Lauren intervém na conversa.
— Ai, mãe, você parece que mora em 1950! Vamos, Serena. — A mais velha pega a chave da moto e segue para a garagem com sua irmã. Ela iria se encontrar com algumas amigas, e aproveitou para deixar sua pirralha na frente do cinema. Ambas se despedem da mãe com um beijo e um abraço.
Vivienne até estranhou o fato de o tal Chase não ter ido buscar sua irmã, mas estava tão empolgada com o fato dela sair para um encontro pela primeira vez que ignorou esse pensamento e fez questão de levá-la. Sabia que Serena era muito feliz e realizada sozinha, mas também sabia que um amor adolescente seria algo que traria mais brilho a sua vida, afinal, é assim com todos, e ver sua irmã vivendo essa experiência tão mágica na adolescência seria incrível para ela como irmã mais velha.
— Obrigada pela carona, Vivi. Quando chegar em casa te conto tudo! — Serena diz com um sorriso no rosto. Apesar de estar se sentindo uma palhaça nesse figurino montado por sua irmã, ela a ama muito, e fica feliz que alguém se dedique tanto em vê-la bem quanto Vivienne.
Serena se dirige até a fachada do cinema, que se encontra lotado de pessoas ansiando para assistirem a estreia de Star Wars V: o Império contra-ataca. Seus olhos verdes passeiam nervosamente pelo local, clamando por encontrar a face do menino que lhe arrancou tantos suspiros nos últimos dias, chegava a ver seu rosto até em completos desconhecidos, sua mente se encontrava efervescente, presa em seus delírios de adolescente.
Chase é um dos garotos mais populares da escola, simplesmente, por ser titular no time de futebol americano da instituição e já ter jogado em outro estado em um dos campeonatos intercolegiais. Serena não conseguia conceber como um rapaz desse nível se interessou nela, mas ela estava tão empolgada que nem sequer pensou nos estranhos motivos de ele ter escolhido sair com a nerd do colégio, ela apenas agarrou a oportunidade com todas as forças que tinha.
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Strike no amor!
Roman d'amourVocê não precisa ser bom de boliche para dar strike no coração de alguém! Ainda mais se esse alguém está com o coração cheio de buracos.