P4N1C!

II. "a not so routine day"

Bom, depois daquilo eu só ignorei e segui minha vida. Quer dizer, até uns minutos atrás tava tudo bem. Surpresa! Outra vez que eu agi por impulso com o Nathan* (*pessoa que me intimida na escola). Ah, que ódio dele! Bom, confesso que eu gosto bastante dele. MAS, isso não vem ao caso até eu falar o que rolou.
Intervalo, umas 09:30 da manhã, lá vem Nathan fazer o que sempre fazia.

— Eai, livro didático?* — disse ele assanhando meu cabelo.(*apelido que ele me deu por eu ser muito nerd. Eu sei, é horrível)

Tirei a mão dele do meu cabelo e me virei lentamente para a sua direção.

— Para a sua informação, Nathan, meu nome é Lucas. E, o que que foi? — disse já me irritando com ele.

— Ih! Tá nervoso, é? — Ai, que saco! Ele me dá nos nervos.

— Não, imagina. — disse perdendo a paciência, mas ainda sendo muito boiolinha e não conseguindo parar de olhar para os olhos dele.

— Ai, garoto, fala o quanto você quiser tá. Isso não vai me fazer parar de te infernizar todo dia. — Que raiva, Jesus. Que raiva desse menino. Mas... Ele também é lindo, né?

— Ai, Nathan, só cala a porra da sua boca! — Me exaltei mesmo.

— Agora deu pra ficar falando merda, foi? Se você quiser que eu cale a boca, vem calar. — Ele disse chegando mais perto do meu rosto. Deu vontade... De dar uma voadora na cara dele.

— Cala a boca. — disse, sendo resistente.

— Vem calar. — disse ele separadamente e chegando ainda mais perto de mim. Eu já tinha tido uns 342 AVCs só nessas chegadas que ele deu. Eu nem sabia o que dizer, só sabia que eu tinha que calar a boca desse cara. Bom, cara lindo, mas chato... E é aí que eu ajo por impulso.

— Quer saber, vou mesmo. — Totalmente por impulso, eu me aproximei mais ainda dele e... Vocês já sabem, né? Beijei ele no impulso. Durou uns 6 segundos, o que me deixou confuso porquê ele não parou nem se afastou. Olha, sem querer dizer nada, mas acho que a Raquel já recebeu sua resposta. E não só ela, mas todo mundo da escola que tava lá. Eu estava me odiando muito por ter agido por impulso, mas eu tinha que ser resistente.

— Calei. — disse tentando disfarçar a vergonha de ter beijado um cara que me odeia na frente de, literalmente, todo mundo da escola. A única coisa que eu fiz foi sair de lá logo depois de enunciar esse verbo. Saí caminhando, mas um tempo depois corri para o lugar mais longe da escola para poder chorar. Só o Lucas mesmo, né. Só o Lucas para acontecer as merdas da vida escolar e pessoal. Não é a toa que eu sou fã de *Heartstopper. Ai, por que eu fiz isso?

(*Série LGBTQIAPN+ da Netflix, escrita e criada por Alice Oseman.)