• Perigo •

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Antonio Carlos

Duas mesas a frente, lá estava ela. Sentada de costas, agora sem o casaco. Eram pintas ou manchas em sua pele? E que pele. Parecia tão lisa, sensível ao toque. Minhas mãos formigaram e pude sentir o ar focar mais denso. Que sensação é esta?

Olhei para o garçom, que passava em direção ao bar e fiz sinal ao mesmo, pedindo uma dose de whisky. Continuei com meus olhos na mulher, sem reparar que meu próprio amigo, já me encarava. Apenas despertei do meu devaneio, quando JV puxou meu braço.

- Cara, te falar. Desiste. Se eu que tentei conversar, não consegui, imagina você a secando de costas.

Como assim, conversar?

- Oi? Do que está falando?

- A loira de vermelho! Você só falta latir a olhando. Se recomponha.

- Eu não estou fazendo nada, além de esperar meu copo. E você, me deixou aqui e foi atrás de mulher. Belo sócio eu arranjei!

- Que bom, que eu tenho um belo sócio, que conseguiu uma grande expansão para nós, enquanto eu descolava uma mulher pra mim!

Comecei a rir olhando meu amigo, que já se afastava atrás da mesma morena, que eu estava a poucos minutos. O garçom voltou, me entregando o copo e assim eu pude relaxar, voltando meu olhar para a loira, que agora estava em pé

Ela se virou e por Deus, eu entendi o porquê do meu amigo se aproximar dela. Os lábios, deslumbrantes. Os olhos, brilhavam em um tom de azul que quase parecia artificial, mas combinava com ela. O decote, mostrava mais pintas no caminho de seus seios. E ela me olhava.

Abri um sorriso de canto e levei o copo até a boca, tomando um gole enquanto a via andar novamente, em direção ao banheiro. Virei novamente o copo, engolindo a dose completa e novamente a sensação, forte e intensa me bateu. E eu sabia o que era. Perigo.


Alice de França

Dentro do banheiro, a música estava abafada e as conversas bem animadas. Assuntos sobre batons, drinks e até mesmo ele, estava em pauta. Me aproximei do espelho, deslizando meus dedos entre os fios de cabelo rebeldes em meu colo, enquanto ouvia as fofocas.

- Não é aquele jogador de futebol?

- Não. Acho que ele é empresário. Estava com o João, aquele ator.

- Ou é apenas um encostado.

Os risos contagiaram o banheiro. Mas não, ele não parecia nada disso. O nariz um pouco torto, as marcas nos punhos, a mandíbula com o corte fino. Os braços... Ah sim, os braços. Por um instante, senti como se estivesse em minha volta. Respira Amanda.

A mulher que me chamou até aqui, já estava saindo quando me dei conta de sua voz me chamando. Virei de costas e pude ouvir um último comentário.

- Ele estava com a Loren, mas a largou do nada. É possivelmente maluco.

Abri um sorriso do qual eu mesma não entendi o motivo. Sorriso que se esvaiu, quando levantei meu olhar para a porta, e lá estava ele.

Os dois botões de cima da camisa, estavam abertos mostrando o desenho do seu tórax definido. O tecido branco, marcava o peitoral, devido ao mesmo estar com os braços cruzados e a mandíbula desenhada pela forma em que o mesmo mordia algo. Estranho.

Continuei seguindo o caminho, e ao passar em sua frente, senti novamente o calor. Algo como um choque, ou uma tensão, que me fez olhar para o mesmo que já estufava o peito ao dar um passo a frente e sorrir.

- Olá. Posso lhe fazer uma pergunta?

Olhei em seu rosto, podendo ver que havia uma coloração diferente envolta do seu olho.

- Por qual motivo, eu lhe daria alguma liberdade?

O sorriso se foi do rosto dele. Divertido.

- Curiosidade, vinda de você. Posso?

- Pode, claro. Qual sua dúvida?

DANGER - AU DOCSHOESOnde histórias criam vida. Descubra agora