- Capítulo Único -

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  — Você nem ao menos sabe o que é! — grita para mim. Seus olhos pegando fogo.
  E em um impulso, eu digo:
  — Posso não saber o que sou, mas sei perfeitamente o que VOCÊ é! Você é egoísta, frio, e acha divertido matar!
  — Eu sou um assassino! E você também é!
  — Não, eu não mato inocentes por pura diversão! — repito. — Além do mais, você tem medo! Tem medo de admitir que é dependente de mim. — sentia meu coração batendo rápido como um tambor e um ódio indecifrável por Lestat, já estava quase em meu limite.
  — Eu não sou dependente de você! Não preciso de você! .. Posso muito bem sair daqui e me virar tranquilamente, SEM. Você. — diz enfurecido. Aquelas palavras me fitaram de um jeito que senti uma pontada de tristeza em meu peito. Meu coração se apertava mais e mais enquanto ele falava. — Você é quem precisa de mim, precisa aprender a viver sua nova natureza e esquecer sua antiga vida mortal! ..
  Rio fraco. Irônico. Lestat me olha, franzindo o cenho.
  — É cego, não é? Não é possível que não consiga enxergar isto... Se eu não te conhecesse tão bem, Lestat, diria que está apenas enrolando! Falando baboseiras repetidas vezes, porque não tem mais nada a dizer, porque perdeu seus argumentos...
  — Você não me conhece! — ele me interrompe. — Se me conhecesse tão bem como diz, saberia que eu só quero lhe ajudar!
  — Ah com certeza! — digo, sorrindo, um sorriso cheio de sentimentos misturados. raiva, tristeza, ódio, dor. — Que nem ajudou seu pai antes de morrer, não foi!?
  — E você? — o loiro cruza os braços, passando o peso do corpo para a outra perna. — Ajudou sua mãe quando estava à beira da morte?
  Nesse momento, meu limite chegou ao fim.
  — Não ouse falar da minha mãe! — eu o agarro pelo pescoço, colocando-o contra a parede com as últimas forças que me restavam. Queria morrer. Não suportava mais ficar ali, junto à Lestat. Ele era um hipócrita desgraçado que apenas tratava todos mal e fazia o que quisesse onde quisesse e na hora que quisesse.
  Ele riu.
  — Vá enfrente. Mate-me. — seus olhos frios me fitavam de tal maneira que me peguei perguntando à mim mesmo se aquilo era real. Não estava com medo, mas de repente senti meu coração começar a bater mais rápido do que já estava antes, se é que isso é possível. E senti um prazer parecido com o prazer da paixão. Fiquei ali, imóvel, sem saber o que falar ou fazer. Eu queria matá-lo. Mas ao mesmo tempo queria abraçá-lo. Queria abraçá-lo tão forte até que ele se sentisse acolhido. Não sabia nada sobre a vida mortal de Lestat, pois o mesmo nunca se deu o trabalho de me contar. E eu nunca perguntei. Mas talvez este fosse o motivo por trás de sua rebeldia e frieza. Sua vida antes de se tornar vampiro.
  Eu o olhava com fogo nos olhos, porém também estava me segurando para não deixar lágrimas caírem, ainda mais na frente dele. Porém... lágrimas caíram. Lestat me olhou por um momento, parecia preocupado, e também surpreso. Mas seu orgulho o impediu, e em vez disso, começou a gargalhar, alto. Enquanto isso eu o soltei e saí da casa furioso.
  — Não acredito no que estou vendo... — disse, rindo. — Louis, você nem consegue se controlar! .. Está tão preso à sua vida humana de antes que se tornara fraco. Sim, Louis, você é fraco. Muito fraco. E covarde.
  Eu ouvia sua palavras do lado de fora da casa, na varanda, mas ainda tentava ignora-lo. Tentava colocar na cabeça que Lestat era um maldito hipócrita, mentiroso, e que eu o odiava. Mas não funcionava. Não, porque não era verdade (pelo menos parte disto). Eu não o odiava. Não tanto assim.
  Ouço os passos dele se aproximando, até que o fito cara a cara. O loiro se aproxima de mim, lentamente, até ficarmos poucos centímetros de distância um do outro.
  Eu o olho por um momento, tentando decifra-lo. Tento compreender o que ele queria, qual era seu objetivo final após matar tantas pessoas sem motivo? Porém acabo falhando. Acabo falhando porque na hora em que eu abro a boca para dizer algo, sou puxado por Lestat, para um beijo. Um beijo calmo porém agressivo. Lento mas desesperado. Sentia isso porque conseguia ouvir o coração de Lestat batendo tão veloz quanto o meu. E de repente, consigo ouvir nossas batidas se sincronizarem como uma só.
  O vampiro para o beijo e me olha. E antes que pudesse falar mais alguma besteira, eu o puxo para um outro beijo, colocando as mãos em seu rosto dessa vez. Sinto suas mãos virem parar em meu rosto também, e logo depois sinto ele se aproximar do meu pescoço. Não sou tolo, sei que ele iria morde-ló. E por isso, hesito por alguns segundos e penso em algo que Lestat com certeza falaria para mim:
  — "Não queria morrer, Louis?"
  Mas ele não o disse. Em vez disso apenas começou a beijar-me enquanto suas mãos passeavam pelos meus longos fios castanhos. E naquele momento, eu me senti alterado. Como jamais me sentira. Perguntava-me se ia dar em alguma coisa, mas então parei e apenas pensei: "aproveite o momento.", e bom, foi o que fiz.

LOUIS & LESTAT -  ImaginesOnde histórias criam vida. Descubra agora