Ganhando Pontos

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— Kanawut é sério, já não sei mais o que fazer com você!!

— Parar de encher meu saco já é o suficiente – o garoto sentado esparramado no enorme estofado preto, apertava sem parar o controle, sem de fato prestar atenção ao que passava na tv. O amigo bufante a sua frente, tentava com o resto de suas forças colocar algum juízo na cabeça dura de Gulf — Kana é serio. Já chega com essa postura, você não é mais criança, não use a cartada dos pais ausentes como desculpa pra ser um insuportável – Mild, o único amigo sem interesse que suportava o comportamento irritante do badboy, tentava colocar um pouco de senso naquela mente ocupada apenas por malcriações e marcas de grife — Por que você não faz como eles e some também – Mild sabia que as palavras duras não eram reais, mas todos em algum momento chegam ao seu limite, e aquele se tornou o do garoto — Pois bem, vou realizar seu desejo, apenas não me ligue quando perceber o quão vazia é essa vida que você mesmo criou – pegando a mochila, Suttinut atravessa a sala sumindo pela porta. O pequeno malcriado ainda deitado no estofado apenas dá de ombros, mesmo que o bico incômodo tenha se formado nos lábios fartos, mas por pouco tempo, já que logo a campainha toca, e lhe alarga um sorriso no rosto, ele tinha certeza de que era o amigo voltando com o rabo entre as pernas, porém quando a voz da empregada soou na entrada da porta suas feições emburradas retornaram
— Jovem mestre, seu novo tutor chegou – a empregada se curva, deixando os dois a sós, na verdade deixando o recém chegado ainda mais a so, já que Gulf fazia questão de ignorá-lo — Boa tarde senhor Kanawut, serei seu tutor em algumas matérias de agora em diante – o recém chegado se curva em uma breve reverência – Me chamo Mew Suppasit, mas pode me chamar de Mew – o sorriso tranquilo enfeita o rosto do homem, mas Gulf pouco se importava — Humm, vou chama-lo de incômodo, acho que combina mais – debochado, o mais novo sorri pro homem, logo voltando a encarar a tv e passar os canais sem parar em nenhum.

O homem recém chegado, se mantém alguns segundos em silêncio, antes de questionar o garoto que logo em seguida bufa irritado — Então, prefere estudar aqui ou tem algum escritório que possamos usar ? – o garoto se ergue do sofá jogando o controle contra o assento do estofado — Beleza, já entendi. Você tem que mostrar serviço pros meus pais né… Vamos fazer assim, eu pago o dobro do que eles te ofereceram e você pode ir embora mais cedo – com um sorriso fingido nos lábios, Gulf pega sua carteira no bolso da calça de moletom que usava, tirando de lá um total de cinco mil bahts aproximadamente, e jogou contra o peito do homem parado à sua frente — Agora é só mandar uma mensagem e dizer pra eles que estou indo muito bem, ok!? – apesar do tal tutor ser maior que ele, o garoto abusado dá um tapinha no rosto do mais velho, passando por ele, e indo até o pequeno bar móvel ao canto da sala. As suas costas, o jovem até a pouco sorridente, se abaixa, juntando as notas caídas pelo chão de mármore escuro. O dinheiro é depositado em cima da mesa de centro, quase em frente a tv de tela plana. Os passos de Suppasit, agora ecoam em direção ao garoto que enchia um copo com gelos, se preparando para colocar o  líquido escuro junto a ele. Mas uma grande mão, de forma não muito delicada, segura a garrafa — Você não tem idade pra beber – a garrafa é colocada no lugar, e o garoto birrento, arrastado de volta ao sofá. Gulf se encontra perplexo com a ousadia do outro.

O corpo moreno foi jogado sobre o estofado, e logo Suppasit já sentava ao seu lado, tirando alguns cadernos de dentro da mochila recém aberta — Aqui é um bom lugar. Começaremos pela página oito – o tutor coloca os papéis e livros sobre a mesinha à frente do sofá, e posiciona um lápis e uma caneta em frente a Kanawut. O garoto já espumando de raiva, aperta o maxilar, e batendo os pés contra o chão se levanta do sofá, ou pelo menos era sua ideia, já que o homem ao seu lado torna a segura-lo, e novamente sentá-lo à força no sofá, despertando ainda mais a raiva de Gulf — Que merda você tá fazendo!!? Quem você acha que é?? Quantos anos você tem, sabe quem eu sou ?? – o franzir das sobrancelhas grossas, enfeitava o rosto do garoto, assim como o bico saliente nos beiços carnudos. As mãos do outro remexem os papéis, abrindo as páginas e tornando a falar de forma calma — Página oito, comece pelos exercícios 3 ao 8, depois passamos para história – o tal Suppasit já se concentra na leitura de alguma coisa, enquanto ao seu lado o mais novo chegava ao ápice de sua raiva — VÁ A MERDA ! – a mão pequena do garoto voa sobre a mesa, jogando todos os pertences sobre ela, diretamente no chão, espalhado-os por todo lado. Se pondo em pé, o garoto bufou, apertando as mãos ao lado do corpo, e encarando Suppasit com um olhar agressivo. Alguns segundos de silêncio foram a resposta dada por Mew, antes que calmamente ele fechasse seu livro, guardasse as poucas coisas ainda sobre a mesa, em sua mochila e se colocasse em pé de frente pro menor abusado, a alça da mochila é arrumada sobre o ombro largo do estudante
— Vamos terminar por aqui hoje. Volto daqui a três dias, pra corrigirmos as atividade – o homem apenas acena com a cabeça e se afasta, sumindo pela porta. Kanawut fica inativo por alguns segundos, mas logo explode em gritos e bater de pés contra o chão.

Aluno PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora