Meu começo

Capítulo 2

Pl: 1235 palavras

Assim que acabou o show, logo fui arrumar minhas coisas para sair com o Theo. Saí pelas portas do fundo para nao ter que esbarrar com ninguém e fiquei esperando meu irmão chegar. 

Pude avistar de longe um lindo carro preto chegando até mim. Fui andando para mais perto e vejo Theo com um óculos escuros.

– Novo estilo?

– Talvez, entra aí

Abri a porta do carro e seguimos em direção a nossa pizzaria favorita, já tinha falado com a Any para nós encontrar lá. Como ela mora perto, foi logo agendando nossos pedidos.

Durante o caminho cantamos nossas músicas favoritas, brincamos, rimos e contamos piadas. Quando chegamos minha melhor amiga já estava lá. Sentamos, comemos, e nós divertimos muito. Any e Theo sempre fazem o máximo possível para me animar depois que tenho uma conversa com minha mãe. Eu não contei a eles do meu encontro com ela, mas com certeza já sabiam pela minha cara. Desde quando era pequena esses dois foi o meu conforto, não teria me tornado quem sou hoje sem eles. 

A nossa noite juntos foi ótima. Depois que terminamos, Theo deixou Any em casa e fomos para a nossa. Chegando lá, fui dormir no meu quarto de tão exausta que estava e meu irmão fez o mesmo. Dei glória Deus que não vi minha mãe quando cheguei.

Deitando na minha cama quentinha depois de ter um banho calmo, fiquei pensando mais uma vez no que ia fazer a seguir. Como já estou no últimos ano, quero me dedicar ainda mais em minha carreira e apresentar minhas músicas. Por mais que já tenham dito que é melhor só cantar, acredito que posso fazer as letras das minhas músicas tocarem em todo canto.

Ainda mais quando se recebe um convite para fazer minha primeira turnê mundo à fora. Quanto mais penso em realizar o meu sonho por completo, mais fico animada. Contudo, ainda estou um pouco exitante. Nunca viajei sozinha por tanto tempo, onde também não vai ter ninguém que eu conheça lá.

Decido parar de pensar e simplismente ir dormir. Amanhã vai ser um longo dia.

Acordo de manhã para fazer logo tudo o que tenho que fazer. Me exercito, tomo café da manhã e olho minha agenda mais uma vez para não esquecer de nada.

Felizmente só tenho uma entrevista à tarde com alguns repórteres e fãs.

Me preparo logo para não dar nada errado, nela minha mãe também vai estar, já que ainda sou de menor. 

Me arrumo e logo já estou pronta. Theo vai nos deixar à frente do local.

Saímos e andamos até chegar e sermos recepcionadas por algumas pessoas. Eles nos levam até uma sala privada alguns minutos antes para nós prepararmos.

– Espero que não diga nada errado durante a entrevista – diz retocando a maquiagem

– Não se preocupe, não vou

Ficamos caladas por um tempo até que resolvo falar.

– Mãe, sabe… uns dias atrás recebi uma proposta para participar de uma turnê, e eu estava pensando que seria uma boa oportunidade pra mim.

Ela me encarou por um momento e suspirou.

– Infelizmente não vai dar, você ainda é menor de idade e tem muitas coisas para fazer ainda por aqui

– Mas é uma grande chance pra mim, até porque eu já vou ter feito dezoito anos. Só vai durar alguns-

– Eu já disse que não Ana Cecília! Pare de insistir e foque nos seus estudos. Veja, seu irmão conseguiu um ótimo dtrabalho apenas estudando. Então pare de ser teimosa e foque no que é realmente importante. Não devia ter deixado você continuar brincando de cantora

Fico calada e seguro o choro. Alguém vem nos avisar que já podemos ir.

Chegando lá respondemos as perguntas e coloco um sorriso no rosto. Quando acaba vamos embora para casa de Uber e fiquemos silêncio o caminho inteiro.

Chegando em casa logo subo para o meu quarto sem me importar com a cara de preocupado que Theo faz. Bato a porta com força e choro tudo o que não consegui fazer algumas horas atrás.

Escuto batidas na porta e logo vejo a cara de meu irmão.

– Oi, você tá bem? – Balanço a cabeça dizendo que não.

– O que houve? A entrevista foi mal?

Respiro fundo e conto tudo o que aconteceu, sobre a turnê, as palavras maldosas da mamãe para mim e o quanto eu estava ansiosa, mas que esse sonhos nunca se realizariam.

De repente meu irmão fica com uma expressão raivosa e sai correndo para o andar de baixo da nossa casa.

– Mãe!

Sigo ele e o encontro junto da nossa mãe.

– o que houve? Para que toda essa gritaria?

– Você pode até ser nossa mãe, mas não tem o direito de fazer uma prisão em volta da minha irmã

– Por favor Theo, não se intrometa nisso. Esse é um assunto entre eu e Ana Cecília e já decidimos, ponto final.

– Não! Você decidiu! Eu já tô cansado de ver durante todos esses anos você maltratando-a como se não fosse sua própria filha

De repente mamãe fica paralisada e chocado com o tom de Theo, ele nunca tinha falado assim com ela.

– Você quer saber a verdade? Essa garota não é nada menos que a filha da amante de seu pai. Por isso eu nunca vou a amar como filha.

Ela me encara falando todas aquelas palavras cospindo toda a verdade na minha cara.

– Você, nunca vai ser mais do que uma pedra no meu caminho

Ao ouvir essas palavras, sinto uma coragem que nunca senti antes misturando de tristeza e dor.

– Eu sempre te considerei como minha mãe, mesmo você nunca me dando o amor que uma mãe devia dar a uma filha. Mas tudo bem, a "pedra" vai sair do seu caminho.

Caminho em direção ao meu quarto, arrumos minhas coisas em uma mala e mando uma mensagem para Any, falando que vou até a sua casa.

– O que você vai fazer? 

– Vou passar uns dias na casa da Any até minha turnê começar. Sei que é muito repentino, mas não posso continuar aqui depois de tudo que ouvi.

– Você vai ficar bem? – meu irmão me olha com olhos de que vai sentir saudades, mas que sabe que esse é o melhor a se fazer agora.

– Eu vou, prometo.

Dou um abraço nele e sigo meu caminho para longe daquela casa, onde nunca mais irei voltar.

Alguns dias se passaram e hoje é finalmente o dia da minha turnê. Agora estou no aeroporto me despedindo das melhores pessoas que conheci na vida.

– Fica bem tá bom? – fala Any com uma voz dramática.

– eu vou

– Não esqueça de falar com agente assim que chegar, se cuida – diz The sendo o melhor irmão que alguém poderia ter.

Sigo o meu caminho até o avião após terem anunciado de novo que estão prestes a decolar.

Sinto o nervosismo de novo, mas dessa vez me sinto pela primeira vez em muito tempo mais relaxada. Sempre quis agradar minha mãe, mas finalmente percebi que não deveria tentar agradar os outros, mesmo sejam nossos familiares ou amigos.

Às vezes, a nossa satisfação renasce de grandes vitórias, e não é errado satisfazer-se com elas. Contudo, hoje, após compreender o real sentido de satisfação, eu não preciso tornar-me num grande vencedor apenas para reconhecimento social. Eu luto por mim, e me satisfaço com tudo o que alcanço. Pois, vencedores não são feitos somente de vitórias. Eles também carregam marcas e cicatrizes.