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Capítulo treze

Wang Yibo

No meio da tarde fui de helicóptero até a ilha que abrigaria o meu novo resort. Aquele projeto de expansão me custaria vários milhões, mas quando finalmente estivesse concluído e em execução me traria ainda mais dinheiro.
— Começaremos pela terraplanagem daquela área. — Indicou um dos engenheiros enquanto caminhávamos pela costa da ilha.
— Não se esqueçam de que precisamos do maior número possível de quartos com vista para o mar. Isso atrai os turistas.
— Seguiremos à risca o projeto dos arquitetos para a melhor otimização do espaço.
— Muito bem. Esse novo resort será ainda maior do que o que eu possuo atualmente. Planejo triplicar a minha receita com o fim da obra em dois anos, por isso preciso que tudo saia de acordo com o planejado.
— Estamos trabalhando pelo melhor, senhor.
— É o que eu espero. — Ajeitei a perna dos meus óculos de sol e observei o horizonte. Havia uma colina que terminava em um precipício com uma queda de vários metros até o mar.
Naquele momento eu via apenas uma relva verde, com árvores e um céu muito azul, mas logo aquela ilha deserta comportaria outro dos enormes resorts  para abrigarem turistas que viriam do mundo inteiro admirar as belezas locais.
De certa forma, ver a concretização daquilo me deixava feliz porque com a obra eu tinha um projeto, algo para focar e dirigir todos os meus esforços.
— Me mantenham informado — exigi do engenheiro.
— Conte comigo, senhor.
Assenti com um movimento de cabeça e dei a volta, seguindo até o local onde estava o meu helicóptero.
— Pronto para irmos? — perguntou o meu piloto que estava à disposição.
— Sim.
Queria estar de volta antes que fosse muito tarde.
Na manhã seguinte havia uma reunião com o contador sobre o fechamento de algumas despesas do hotel, mas pelo resto daquele dia eu estaria livre.
Assim que me acomodei no banco e peguei o protetor auricular, lembrei-me da noite passada e do que havia feito para tirar Xiao Zhan das garras daqueles bandidos. Sentia-me responsável pelo ômega, principalmente depois do que havia acontecido .
Quando chegasse iria tomar um banho e chamá-lo para jantar. Por mais que preferisse ficar sozinho, esse seria um momento para que definíssemos o destino dele. Iria falar sobre o enterro do pai, assim que conseguisse a liberação do corpo pela polícia, proporia uma boa faculdade e usaria o meu dinheiro para garantir que ele fosse aceito. Xiao Zhan poderia ir para onde quisesse. Até mesmo a América. Eu iria garantir que tivesse recursos e oportunidades para se tornar o que desejasse.
Era o que eu poderia fazer por ele, ao menos me convencia dessa forma.
Desci do helicóptero e caminhei pelo resort até chegar ao prédio que abrigava o meu apartamento particular. Tirei o meu terno e entrei para tomar um banho.
Meu cabelo estava um pouco maior do que o comum e eu precisava avisar à minha secretária para chamar um cabeleireiro.
Depois de me barbear e trocar de roupa, colocando uma calça jeans e uma polo cinza, peguei o telefone e liguei para a suíte onde havia acomodado Xiao Zhan. Esperava conseguir falar com ele e convidá-lo para que se encontrasse comigo no restaurante de frutos do mar que ficava no térreo do prédio principal.
O telefone chamou até cair e ele não atendeu. Questionei-me se ele estava no banheiro e decidi ligar mais uma vez, só que continuei sem resposta.
O hotel era grande o bastante para que ele estivesse em vários locais e me arrependi de não ter entregado um celular para ele.
Saí do meu apartamento e segui até a área das piscinas. Vasculhei o local, observando as pessoas que se divertiam, conversavam e tomavam drinques, mas Rhea não era nenhuma delas. Pensei que a garota pudesse estar na boate, porque os shows noturnos começariam logo, mas também não havia nenhum sinal dela por lá.
Antes de ir a cada um dos nove restaurantes que compunham o resort, fui direto para a central de segurança. Achei que pudesse ser mais fácil encontrá-lo através das câmeras, às vezes alguns dos seguranças poderiam tê-lo visto e pouparia a minha busca.
— Droga! — Eu já estava resmungando baixinho.
No primeiro dia sob a minha responsabilidade ele  desaparece.
Definitivamente estava se mostrando claro que eu não poderia ser responsável por ninguém, pois sempre metia os pés pelas mãos.
Bati na porta da segurança e um dos homens veio abrir.
— Senhor ? — Ele arregalou os olhos ao se deparar comigo no corredor.
— Preciso encontrar um hóspede.
— Encontrar? — Ele franziu o cenho.

Movimentei a cabeça, fazendo um gesto para que ele me deixasse entrar e o segurança deu um passo para trás, abrindo passagem.
— Ela é moreno, com a pele bronzeada. Tem olhos e cabelos escuros. Ainda não tem vinte anos.
— Esse? — Apontaram para um que estava andando entre as máquinas de caça-níquel no cassino.
— Não. Ele é mais alto .
— Não vi ninguém assim nas câmeras hoje.
— Ele não está no quarto, deve ter passado pelas câmeras em algum momento.
Fiquei me perguntando se não era melhor eu mesmo ir até o quarto pessoalmente e abrir a porta para conferir, por mais que soubesse que poderia irritá-lo por invadir o seu ambiente, mas era uma consequência por ele não ter atendido ao telefone.
— Cabelo um pouco longo?
— Isso.
— Vi um  hoje perto da piscina, mas foi antes do almoço.
— Me mostra! — exigi fazendo com que ele abrisse as filmagens antigas.
— Aqui. — O segurança apontou para a imagem na tela e eu vi Xiao Zhan chegando do caminho que levava para a sala de administração.
— Lembro-me dele porque ficou chorando no banco um bom tempo.
Enquanto ele falava eu o vi se acomodar na estrutura de pedra.
Achei que ele pudesse ficar confortável no meu resort de luxo, mas as lágrimas me mostravam o oposto.
Fiquei assistindo à gravação até que vi outra hóspede se aproximar dele. Conversaram, se abraçaram e a mulher foi embora, voltando quase uma hora depois na companhia de um homem. Eles conversaram com ele e Xiao Zhan se levantou para acompanhá-los.
— Para onde eles foram? — questionei quando saíram da câmera.
— Acho que para o ancoradouro.

Continuei acompanhando-o pela visão de outras câmeras até que ele entrou em um dos muitos iates que pertenciam a hóspedes e ficavam em nosso píer. De helicóptero ou barco eram as formas de chegar à minha ilha e muitos dos meus clientes vinham em suas próprias embarcações.
— Por que ele entrou aí? — Era uma pergunta para mim mesmo, mas acabou saindo em voz alta.
— Eu não sei, senhor — comentou o segurança que também estava atento às imagens.
— A quem pertence esse iate?
— Podemos ver nos registros quem está na vaga trinta e quatro. — Ele mudou as imagens para algumas mais recentes e me mostrou que a embarcação já estava de volta.
— O ômega saiu do barco?
— Não, senhor, só o piloto.
— Onde ele está?
Os seguranças ficaram me encarando e era evidente que não tinham uma resposta para me dar.
Abaixei a cabeça e pressionei as têmporas, sentindo-as latejarem.
Para onde você foi, garoto?
Como eu poderia protegê-lo se havia escapado do local onde eu o mantinha seguro?
— Precisa de mais alguma imagem, senhor?
— Não.

Olhei para os homens antes de virar e sair da sala. Estava bufando quando caminhei para o ancoradouro. Olhei para os vários barcos atracados na ponte de madeira até avistar o que estava no vídeo.
Havia um homem distraído na popa, ele fumava um cigarro e olhava para as estrelas como se não houvesse com o que se preocupar.
Dei um salto para dentro do iate e agarrei o sujeito pelo colarinho.
— Para onde você o levou?
Ele arregalou os olhos com o susto pelo meu movimento repentino e tentou me empurrar para longe.
— Ficou maluco, cara?
— Xiao Zhan, onde ele está? — Eu ofegava, num misto de raiva e descontrole que me deixava instável.
— Xiao Zhan?
— O ômega que você sequestrou.
— Ei, eu não sequestrei ninguém.
— Para onde o levaram?
— Espera, você está falando do ômega que a esposa do patrão me pediu para levar para casa?
— Levar para casa? — Soltei o colarinho do homem e recuei, confuso com aquela informação.

— É. Moreno, bonito,alto..
— Esse mesmo...
— Ah, levei para uma ilha de pescadores que fica a umas três horas daqui. Ele disse que morava lá e que precisava de carona para voltar. Se os meus chefes mandam eu faço. Como iria saber que era seu ômega e estava fugindo.
— Ele não é... — Parei no meio da frase, sem me dar ao trabalho de responder.

Saí do barco e deixei o homem me encarando com uma expressão de questionamento no rosto. Depois de entender que Xiao Zhan tinha voltado para a ilha onde ele cresceu foi o suficiente para que eu soubesse que não precisava continuar brigando com o homem.

(....)

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