Disciplina

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É a minha primeira vez publicando nessa plataforma, então se tiver algum erro peço perdão.


Boa leitura.










Era um dia chuvoso, Selina estava na cozinha da casa de Beneviento, abrindo os armários acima da pia procurando por uma chaleira. Faziam exatos cinco dias que estava trabalhando como empregada para Donna, e essa era a primeira vez que foi pedida para fazer um chá de ervas para a patroa, então não sabia onde ficava exatamente todas as coisas. Não ousava perguntar a ela onde estariam, pois no seu primeiro dia ela havia explicado onde se localizava cada objeto, e também deixou claro para não perturba-la em hipótese alguma.
Direta e grossa, era como a descreveria, além de ser extremamente observadora, vigiando cada passo de Selina pela casa enquanto lê os seus livros sobre marionetes e bonecas. Intimidadora e com toda certeza, charmosa e posturada. Donna não era fácil de agradar, na maioria das vezes, dava um pequeno sermão caso a empregada não fizesse a tarefa exatamente do jeito que ela havia mandado. Mas como Selina poderia lembrar de tudo? Era quase impossível guardar todas as informações que foram dadas a ela em um único dia. Quando fazia o trabalho corretamente, Donna não a elogiava e nem dizia uma única palavra, apenas olhava e seguia seu caminho.

Apesar de não ser muito agradável conviver com ela, também não era a pior coisa do mundo, até porque o salário era bem mais alto do que quando a mais nova trabalhava no castelo, onde Alcina era sua patroa. A casa de Beneviento era bem diferente de lá, no sentido bom. Tinha bem menos poeira por ser menor, e por Donna odiar sujeira e limpar todos os dias, antes da chegada da mais nova. A paz da casa também era outro fator a se considerar, quando Alcina não estava no castelo por conta das reuniões que a Mãe Miranda organizava, suas filhas, Bela, Daniela e Cassandra, ficavam atrás de Selina o tempo todo. Fosse para pedir alguma coisa, ou para a provocar dizendo que iriam beber todo o sangue de seu corpo. Ela tinha um certo medo quando era deixada com as meninas, mas sabia que elas não desobedeceriam a ordem de sua mãe de não machucar mais empregadas.

Donna sempre ia diversas vezes no castelo para conversar pessoalmente com Alcina. Certa vez, ela viu a mais nova brunindo um vaso do salão principal e, após isso, Selina foi dispensada do castelo e passou a trabalhar para ela. Não se sabe o motivo dela querer ter o seu serviço de imediato, pois ela sempre viveu sozinha em sua casa e fez tudo do seu jeito. Lady D concordou com o pedido de Donna para ter Selina como sua empregada, não ligou muito para a sua saída do castelo, pois já havia muitas subordinadas trabalhando para ela.

- Selina, venha cá. - Diz Alcina a chamando perto dos grandes portões do castelo, na companhia de Beneviento.

Selina dobra o pano que estava usando para dar brilho ao vaso e o coloca dentro do bolso de seu avental. Caminha até ela e para ao lado de Alcina, olhando para sua patroa com as mãos para trás. - Sim, senhora?

- A partir de hoje, você não trabalha mais para mim, irá servir a minha irmã Donna, na casa dela.

Com uma feição confusa, a mais baixa acena positivamente com a cabeça, indicando que entendeu. Se vira para a irmã mais nova de Alcina e curva-se mostrando respeito e submissão. - Que dia eu começo, senhora? - Pergunta Selina, com a voz calma.

- Senhora Beneviento para você. Venha comigo agora, pegue suas coisas, vou esperar na carruagem. E não demore, eu detesto esperar. - Ríspida e seca, Donna faz Selina arrepiar com a sua voz firme.

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Após achar a chaleira, a mais baixa a enche com água e a coloca no fogão, acendendo-o com um fósforo e, separando um prato pequeno com uma xícara em cima. Em seguida abre o pote de açúcar, colocando um torrão acima de um guardanapo para que ele não entre em contato com bandeja. Ao lado da xícara deixa uma pequena colher de chá, para que Beneviento pudesse mexer sua bebida quente e misturar o açúcar.
Assim que a água começa a ferver, Selina desliga o fogo e a despeja dentro da xícara, em seguida coloca um sachê de chá dentro. Antes de seguir o caminho para a sala onde se encontra Beneviento, Selina seca a chaleira já fria com um pano de prato, e a guarda no seu devido lugar.

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