Capítulo 15

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A festa é numa casa chique, quadradona e monstruosa, com janelas que vão até o teto, e a decoração que parece saída direto de Mad Men . É o epítome do estilo de Candlehawk. Consigo até imaginar o que meus amigos e minhas irmãs diriam se estivessem aqui. Joy iria me dar aquele olhar de soslaio que ela aprendeu com a mãe. Thora franziria o nariz como se estivesse cheirado um peido. E Jenna iria…

- Bem-vindas - diz um cara alto e taciturno com uma cerveja artesanal na mão. Eu o reconheço na hora.

A camisa de linho parece amassada de propósito, e o cabelo, deliberadamente bagunçado, penteado com alguma marca de mousse para babacas.

- Eu não te conheço. Meu nome é Joshua. Essa é a minha casa.

Ele não aperta a minha mão, quase como se a nossa apresentação dependesse do que posso oferecer em troca. Eu sei que você não me conhece. Meu nome é s/n. Essa é a minha ex-namorada.

- s/n - digo, acenando com a cabeça.

- Você é de Candlehawk?

- Não. Grandma Earl.

Ele ri. Ele simplesmente ri. Emma olha para mim, coloca a mão no meu braço como se eu fosse dizer alguma coisa…

- Você não namora uma menina de Grandma Earl? - pergunto, categórica - Ou você só apaga essa informação quando está chupando a cara dela?

- s/n - Emma sibila. Basset me olha como um bicho de estimação engraçado que acabou de fazer xixi no tapete dele. Os olhos são enevoados, ele já bebeu demais. Mas então ele começa a rir de novo, inclinando a cerveja na minha direção.

- Você é descarada - ele diz - Pode ficar.

Eu não faço ideia de como responder a isso, mas Emma me afasta de lá antes que importe. No meio da casa, ao lado de uma lareira que deveria pertencer a uma estação chique de esqui, um monte de gente de Candlehawk está esperando em fila. Não consigo entender o porquê até ver uma parede cheia de vinhas com pequenas velas e cactos que pontuam as estantes. É um fundo para tirar selfies. Estão fazendo fila para tirar foto.

- É tão legal - Emma diz - A estética da foto fica perfeita.

Um grupo de amigos entrega os celulares para os outros e se aglomeram na frente da parede de selfies. Um dos caras bagunça o cabelo, mantendo a mão ali como se estivesse no meio do movimento. A menina ao lado dele abre a boca para rir, mas não ri de verdade. Só fica na pose como se estivesse prestes a fazer isso. Eu me sinto como se tivesse acabado de entrar na quinta dimensão.

- Nós podemos tirar foto depois - Emma diz, alheia ao meu espanto - Drinques primeiro.

Ela pega minha mão e eu a deixo fazer isso. Nós vamos para a cozinha, onde várias pessoas obviamente analisam nossa roupa de cima abaixo. Emma finge não perceber, mas alisa a camiseta embaixo da jaqueta de couro. Ela me leva até um balcão cheio de garrafas de bebidas alcoólicas.

- Aqui - ela diz, entregando uma lata na minha mão. Não é uma sugestão.

Penso em Jenna indo para todas essas festas de Candlehawk com Olivia ano passado, e consigo entender por que ela sempre queria ficar bêbada. Mas eu sei bem aonde isso a levou.

- Eu estou bem, na verdade - falo para Emma - Hum. Minha garganta está meio arranhada. Vou só pegar uma água.

Emma parece surpresa, mas não insiste. Ela faz uma mistura e toma um gole longo. Estou pegando água do filtro quando ninguém menos do que Olivia Rodrigo se esgueira ao meu lado. Sinto os olhos dela em mim como um laser.

- Nós temos água mineral, sabe - ela fala arrastado. Deliberadamente tomo um gole da água do filtro.

- Estou bem assim, obrigada.

Jogada do amor (Jenna/you) Onde histórias criam vida. Descubra agora