Carta para Dorcas

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Minha amada Dorcas Meadowes 
                    não me importo se agora Lupin

              Já era tarde da noite quando me vi pensando em você, eu com toda certeza não deveria fazer isso, mas por que me apetece tanto? Por que parece tão certo?

A mente humana nos prega peças, mas se apaixonar por alguém que não se pode ter é uma carta de suicídio. Uma declarada sentença de morte sobre mim. Um tiro nos próprios pés.

E eu sinceramente não te culpo.

Por ter esses olhos tão brilhantes e intensos que às vezes acho que foram pintados pelo próprio Van gogh.

Por ter esses lábios tão grandes bonitos que sinto que se provar seria diagnosticada com diabetes de tão doces.

Por ter uma risada tão doce e bonita que é como se ouvisse o mais belo dos instrumentos todas as vezes.

Então por que esse sentimento me corrói? Por que é como uma adaga que perfura cada vez mais meu pobre coração?

As vezes sinto como se tu fosse boa demais pra mim, e para esse mundo tão cruel que te faz refém de seus próprios pensamentos todos os dias de sua vida.

Às vezes penso que somos como Romeu e Julieta, destinados a nunca ficarmos juntas.

E as vozes de minha cabeça, as mesmas que me deprimem todos os dias de minha vida, tem certeza de que nunca poderemos ficar juntas, e o que mais dói é que estão certas.

Mas às vezes penso, por que seria tão errado? Por que duas pessoas que se amam não poderiam ficar juntas apenas por terem o mesmo gênero? Já me disseram que isso vai contra Deus, mas às vezes me pego pensando o quão hipócrita ele é, pregando amor ao próximo e condenando a uma vida de castigação eterna uma pessoa apenas por amar outra do mesmo gênero. A vida é muito hipócrita, mas quem sou eu para questionar a Deus? A figura soberana, maior que tudo e todos.

Sou apenas uma mulher. Que uma vez na vida já amou outra mulher. Não como esses casais ditos felizes, de homens que pregam amor ao próximo e quando chegam em casa ofendem suas mulheres. Foi um amor de verdade, não sei se recíproco, mas verdadeiro e mais forte do que muitos amores considerados normais por aí.

Eu quero deixar claro que de maneira alguma permito que fique culpada após minha partida, eu parti pois nunca aguentaria te ver com outro alguém, meu amor, eu nunca me permitiria observar seus lindos e rosados lábios que uma vez foram meus, colados com os de outra pessoa, nos de alguém que não fosse eu.

Minha doce Cass, quantas vezes não chorou em meu colo por se ver na condição de ter que se casar com alguém que não amava, quantas vezes já não trocamos beijos em seus aposentos quando ninguém estava olhando, quantas vezes já não quase morremos de rir por uma simples piada sua

Quero que se lembre de mim com amor, não como aquela dama com quem trocou ósculos uma vez em sua vida. Quero que me lembre como aquela com quem passava noites adendo observando as estrelas e trocando leves selinhos.

Você é boa demais para o mundo Dorcas Meadowes, (agora provavelmente Lupin, porém nunca Mckinnon) e eu me orgulho de uma vez você ter sido minha

— com amor, sua eterna Marlene Mckinnon.

____________ Essa carta foi escrita em abril de 1897 por Marlene Mckinnon, uma mulher que foi encontrada morta logo após o casamento de sua melhor amiga Dorcas Elizabeth Lupin, mulher de Remus Lupin. 














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