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O silêncio naquela clínica veterinária estava sendo agonizante tanto para Siyeon quanto para Bora. Tudo poderia ser resolvido se uma das duas largassem o ego de lado e iniciasse uma conversa, mas é claro que isso parecia impossível para a Kim e Lee.
Sabe quando você não vai com a cara de alguém por simplesmente nenhum motivo? Bom, era assim que Siyeon e Bora definiam sua relação. Toda hora, a cada e minuto e segundo possível, as duas trocavam farpas. Yoohyeon e Yubin, as outras colegas de trabalho, já não aguentavam mais ter que aturá-las nessa situação.
Infelizmente, as duas tinham plantão no mesmo dia. Se já não fosse ruim ter que trabalhar com alguém que odeia, as duas tinham que aturar a companhia uma da outra pela madrugada toda.
Siyeon ajeitou o óculos e se acomodou na poltrona. Por sorte - ou azar - nenhum cliente aparecia na clínica. Era uma da manhã e as duas já estavam começando a soltar um bocejo ou outro.
Para enganar o sono, Bora decidiu beber um pouco de café. Porque vamos ser sinceros, ficar a noite inteira acordada não é uma tarefa fácil para ninguém. Mesmo que já estivesse acostumada com essa rotina, o café era sua salvação. Levantou-se da cadeira onde estava sentada e se aproximou da cafeteira da clínica. Depois de pouco tempo, estava voltando ao seu lugar com a xícara nas mãos. Talvez fosse o sono, ou até mesmo seu jeito desajeitado, mas acabou tropeçando no próprio pé e derrubando todo o líquido no chão limpinho.
Exatamente, chão limpinho. Siyeon, como uma boa fada da limpeza, fez questão de limpar toda a clínica no tempo livre que teve. Passou pano, varreu e ainda espirrou um pouco do spray cheiroso que perfumava o estabelecimento.
E agora todo seu trabalho foi em vão. E por culpa de quem? Kim Bora.
Siyeon encarou a mais baixa mortalmente, sendo possível ver o fogo saindo de seus olhos escuros como jabuticaba. Bora engoliu em seco e fez questão de sorrir minimamente, dando a entender que fez de propósito.
Mas vamos ser sinceros que era muito a cara dela fazer isso.
Siyeon se levantou de supetão e continuou focando seus olhos na morena envergonhada. Bora se sentiu na necessidade de dizer alguma coisa antes que a Lee. Tentou formular uma frase completa, mas, no final de tudo, soltou a coisa mais simples possível:
- Foi sem querer - disse em um sussurro.
- E isso importa? - respondeu amargamente. - Eu limpei isso aqui há uma hora atrás. Não dava para você largar esse teu jeito desastrado e ser mais cuidadosa?
- Porra, você é surda? Eu disse que foi sem querer! Acha mesmo que eu iria querer sujar o chão?
- Eu sei lá. Você é uma sonsa, não dá para saber o que passa na sua mente - cruzou os braços. - Você tem um buraco na mão? Não é a primeira, segunda e nem terceira vez que isso acontece!
