𝐏𝐑𝐎𝐋𝐎𝐆𝐔𝐄

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❝ I'm too consumed with my own lifeAre we too young for this?Feels like I can't move ❞

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❝ I'm too consumed with my own life
Are we too young for this?
Feels like I can't move ❞

━━━ SOFTCORE,
THE NEIGHBOURHOOD



🏁



20 DE NOVEMBRO DE 2022
- GP DE ABU-DHABI


Eu acho que nada na vida pode ser comparado a sensação de estar no topo do mundo.

O sentimento de que nada pode te alcançar, a vitória sendo a sua melhor companheira, e até mesmo a impressão de que a vida é até fácil demais. Tudo parece alcançável quando se já está na posição máxima de um enorme esquema de pirâmide, talvez tudo não passe de um jogo ou até mesmo uma brincadeira, no final das contas, temos que nos divertir.

Em 2014, em uma das últimas corridas daquele ano, mais especificamente na de Interlagos, Satoru Gojo olhou para o topo do automobilismo, sorriu e o tomou para si. Afinal, até hoje, ele é a pessoa mais jovem a ter conquistado um campeonato mundial na Fórmula 1, aos 21 anos.

O tempo passou, pilotos entraram e saíram da categoria e até mesmo o regulamento foi alterado, mas nada conseguiu tirar Satoru do topo, ou pelo menos a sensação de que ele tem o mundo na palma das mãos. Entretanto, isso é extremamente perigoso, porque cada vez mais que você se cega perante a distância que te separa do chão, a queda fica ainda maior.

E Satoru nunca pensou que o seu mundo de fantasia poderia simplesmente desmoronar por causa de um mísero segundo.

Ele sentia o cansaço já batendo nos músculos, o suor escorria por dentro do uniforme e os ouvidos zuniam por causa do barulho dos carros. A visão levemente turva deixava tudo até um pouco mais divertido na cabeça dele, as bandeiras dos torcedores pareciam borrões saltitantes em meio a tanta adrenalina e ele estava a um passo muito pequeno de simplesmente começar a rir, faltavam menos de 5 voltas para conseguir o sexto campeonato mundial.

A euforia o tomava por inteiro enquanto segurava o volante com força, já que entraria em uma curva relativamente difícil e que é seguida de uma reta. Precisava se concentrar para poder acelerar no momento certo, aproveitando os pneus macios, e garantir uma distância maior e mais segura em relação aos demais pilotos.

Porém, algo pesou no peito de Satoru, quase como se fosse um sexto sentido se ativando e o alertando que tinha algo de errado, pensou em colocar esse tais questionamentos de lado, tinha uma corrida pra vencer e um campeonato para concretizar.

Até que conseguiu escutar um barulho pouco atrás de si, que foi absurdamente mais alto que o do motor, quase se assemelhando a uma pequena explosão.

— Que merda foi essa, Nanami?! — Satoru perguntou rapidamente pelo rádio.

Mas a falta de resposta do seu engenheiro de pista só piorou a sensação e quando olhou de relance no retrovisor, prestes a entrar na reta, e não viu mais o carro gêmeo ao seu, o desespero começou a surgir.

Afinal, na Fórmula 1, cada segundo importa.

Cadê o Suguru?! Nanami, caralho! Me responda!

A voz de Satoru parecia perdida no vento, perdida em meio a motores, pneus e fãs, mas logo em seguida conseguiria uma resposta, mas não seria a voz do seu engenheiro que ouviria, mas sim a do chefe da sua equipe, o que acionou outro sinal de alerta.

— Foque na corrida, Satoru. Faltam cinco voltas — Masamichi falou apressado, tentando ao máximo fazer Satoru continuar focado, mesmo que ele por si só já estivesse nervoso o suficiente.

Eu não quero saber da porra da corrida! Por que o Suguru não tá mais atrás de mim?!

A pergunta fez com que Masamichi, por um segundo, encarasse o teto da garagem da equipe, a qual liderou pelos últimos dez anos. Ao seu redor, a preocupação tomava as mais diversas pessoas que estavam ali e Yuki já não conseguia segurar as lágrimas por não estar conseguindo fazer contato com Geto pelo rádio, não ligava para o fato de ali, em meio a uma corrida, ser a engenheira de pista dele.

Naquele momento, todos na equipe estavam preocupados com ele como pessoa, não como piloto e Masamichi sabe muito bem como Satoru se preocuparia ainda mais, mas o que poderia fazer?

Aconteceu uma colisão com o Naoya e o carro dele foi parar na barreira. Estamos tentando contato com ele, mas a equipe de resgate já foi acionada.

— Sem contato? — foram as únicas palavras que Satoru conseguiu pronunciar.

— Ele não está respondendo a Yuki.

Por um único instante, Satoru sentiu o seu mundo parar, mesmo que estivesse a quase 300 km/h, como se nada o estivesse realmente o segurando ali dentro do carro.

Batidas, acidentes e colisões são quase que algo comum na Fórmula 1, mesmo que não seja o desejado, o próprio Satoru já tinha batido o carro nas mais diversas vezes, uma vez quase quebrou o tornozelo. Entretanto, o fato de que Suguru estava sem responder Yuki significava três coisas: o sistema de rádio tinha sido danificado na batida, ele estava inconsciente ou algo pior.

A terceira opção fez o ato de respirar ficar ainda mais difícil para o platinado, que segurou o volante com força ao jogar o próprio carro para área de grama ao lado da pista e frear com toda a força. Sentiu o corpo balançar pela desaceleração, enquanto o carro derrapava agressivamente pelo gramado, e até ouviu a voz de Masamichi ressoar no rádio, mas ele já não ligava pra mais nada.

Fez esforço para sair do carro e sentiu uma onda de tontura ao se colocar de pé do lado de fora, mas não se deixou levar por isso e respirou fundo antes de começar a correr. Os carros dos demais pilotos passavam zunindo ao seu lado da pista, mas ele só conseguia ver a fumaça que cercava o local da batida de Suguru e naqueles instantes em meio a uma corrida desesperada, Satoru rezou, para qualquer divindade que pudesse o ouvir, que o melhor amigo dele estivesse vivo.

𝐈 𝐂𝐀𝐍 𝐒𝐄𝐄 𝐘𝐎𝐔, gojo satoruOnde histórias criam vida. Descubra agora