CAPÍTULO UM
OLIVER
Consigo ouvir cada gota pingando no papel levemente amarelado, e consigo vê-las escorrendo lentamente. Lágrimas delicadas escapando pelo rosto da mulher à minha frente.
— Suas lágrimas vão molhar as páginas do livro que está lendo, e assim, acabará rasgando-as. — Disse em tom calmo, sorrindo gentilmente.
Ela levantou a cabeça devagar, fazendo o mesmo com os olhos, os quais demoraram a desviar-se do livro.Quando seus olhos esverdeados encontraram os meus, pude sentir a confusão que pairava em sua mente. Teria ela esquecido que estava em um trem? Ou se esqueceu de que estava lendo em público? Afinal, o que ela estava lendo para ser tão cativada a ponto de chorar?
— O que disse? — A moça perguntou confusa.
— Por que está chorando?
Envergonhada, ela colocou uma mecha do cabelo atrás da orelha, deu mais um olhar rápido para o livro e, em seguida, começou a se explicar:
— Bom... é só um livro com o qual me identifico muito. Já vivi coisas parecidas, e toda vez que o leio, sempre me envolvo demais. Para ser sincera, acabei esquecendo que estava no trem e apenas me desconectei do mundo exterior. — Contou com calma, gesticulando com as mãos.
— Entendo. Prazer, sou Oliver. — Estendi a mão para cumprimentá-la.
Ela riu baixinho, e correspondeu meu cumprimento:
— Muito prazer, me chamo Olivia. — Ela sorriu.
Acho que nossos pais não foram muito criativos, nomes iguais, apenas mudando o gênero. Alguns podem dizer que é coincidência, outros, destino, mas quem se importa, não é mesmo?
— Então, o que te traz a San Diego? Você tem um sotaque diferente.
Olivia, então, conta que nasceu e cresceu em Boston. No entanto, após um evento trágico em sua vida, ela decidiu recomeçar, mudando-se para San Diego. E não, ela não compartilhou esse evento com um estranho, alguém que havia conhecido cerca de 8 minutos atrás. Mas acredito que esse seja o evento ao qual ela se relaciona na história que está lendo.
Conversamos por mais uns 14 minutos, até ouvirmos o sinal de que estávamos próximos a parada em que eu descia. Uma atitude que me surpreendeu foi quando Olívia pegou um post-it que carregava junto do livro, e anotou rapidamente um telefone.
— Toma. Quem sabe você queira me chamar pra tomar um café, ou algo assim. — Ela falou em tom brincalhão, entregando-me o papel cor de rosa, um pouco tímida, mas não deixando de sorrir.
Fiquei sem reação por 5 segundos. Apenas sorri de forma boba e levantei-me rapidamente. Ela logo se ajeitou em seu assento. Então, pude perceber que ela usava um vestido floral que batia no meio de sua coxa. O vestido tinha um tom verde-água, com flores pequenas e cor de rosa. Ela também usava um par de All Star branco, um colar delicado com a letra "O" e anéis simples, alguns com pequenas flores e borboletas, tudo em tom prata.
Saí do vagão com minha mochila Kanken azul nas costas. Assim que cheguei à estação, olhei para trás, procurando a janela onde Olivia estaria. Ela também me olhou. Trocamos rápidos sorrisos e, logo em seguida, o trem voltou a se mover. Corri apressado para fora da estação, estava atrasado. Para quê? Para ajudar minha irmã com as fotos de casamento. Sim, sou fotógrafo, não profissionalmente; é apenas um hobby.
Ao chegar a Pacific Beach, o local onde Maeve insistiu para fazer as fotos, reconheço ela, seu noivo Lucas, minha mãe e minha outra irmã, Astrid. Além deles, vejo também uma senhora de idade aparentemente próxima à da minha mãe, e acredito que seja a sogra de Mae.
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Se Essa Vida Fosse Um FIlme
RomanceEssa história é pra quem namora com personagens literários. "Casais apaixonados são bregas, melosos e vivem cada momento como se a vida fosse um filme. Não vou negar, eu queria isso. Na verdade, sei que terei, só acho que a minha vida romântica é um...