Desesperado por Amor - Jikook

Ninguém deveria se reprimir assim

Capítulo 15 - Ninguém deveria se reprimir assim

ㅡ E como você se sente sobre ele? ㅡ A psicóloga perguntou, com o óculos na ponta do nariz, as pernas cruzadas e um tom calmo e compreensivo, que deixava Jimin inquieto.

ㅡ Como assim? ㅡ Questionou mordendo o lábio, enquanto sentia a perna tremer.

ㅡ Bom, já nos conhecemos há algum tempo. E você já me contou sobre muitas coisas. ㅡ comentou com um tom leve, fechando o caderninho nas suas mãos.ㅡ Me falou sobre seus pais, seu irmão, seus tios, seus amigos e até sobre um grupo de música que você conheceu recentemente, mas tudo sempre volta para ele. ㅡ A mulher ficou em silêncio por um tempo, observando o menino que claramente estava inquieto e levemente perturbado. ㅡ Na semana passada, você me contou que havia aprendido a fazer cookies com gotas de chocolate, porque ele gostava e lembrava o nome dele. Na retrasada, que havia chorado lendo o livro que ele te indicou. Na segunda, você estava animado porque ele tinha te convidado para ir ao cinema. E hoje você está irritado, porque ele pediu para um dos seus amigos te buscar depois da sessão.

ㅡ Não estou irritado. ㅡ Resmungou com um bico emburrado nos lábios.

Aquilo não era verdade, estava irritado. Jungkook andava muito próximo de um novo estagiário da sua empresa e Jimin não conseguia conter o sentimento feio que subia pelo seu peito sem sua permissão, sempre que Jungkook mencionava Doyoon.

Havia conhecido o cara e ele claramente estava flertando com Jungkook. O mais velho poderia não ver, ou fingir não notar, mas Jimin conseguia ver o sorriso meigo, os olhos brilhando e a voz doce que o outro homem usava para falar com Jungkook.

E a sensação de inferioridade dominava seu peito, como um rolo compressor amassando seu coração sempre que os via juntos ou que ouvia seu nome, porque Jimin nunca seria como aquele homem.

Jungkook nunca conseguiria ser tão despreocupado do seu lado. Nunca o olharia daquela forma ou riria para ele daquele jeito. E agora Jungkook havia trocado sua noite de filmes, para ajudar Doyoon com alguma merda do trabalho.

Aquilo estava o corroendo de dentro pra fora.

ㅡ Jimin. ㅡ Suspirou antes de começar. ㅡ Você passou boa parte da sua vida esperando por esse menino. Desejando e torcendo para que ele te salvasse, para que ele estivesse do seu lado. ㅡ Jimin, sentiu a perna parar de tremer e se focou nas palavras da mulher. ㅡ Agora, ele tá do seu lado o tempo todo. Vocês tem um relacionamento íntimo e diferente. Podem não estar dormindo juntos, mas ele te dá uma segurança, um carinho e um afeto que você nunca teve e que sempre quis. É normal que você tenha sentimentos por ele.

ㅡ Eu não to apaixonado. ㅡ Jimin negou rapidamente, quase desesperado.

ㅡ Porque a ideia parece tão ruim pra você? ㅡ Perguntou, voltando a abrir o caderno ao ver que havia atingido um nervo que faria o menino se abrir mais.

ㅡ Porque eu não posso tá. ㅡ Afirmou, apertando uma mão na outra tentando descontar a ansiedade que sentia. ㅡ É idiotice.

ㅡ Porque?

ㅡ Porque... ㅡ Sua boca se abriu e fechou algumas vezes, tentando formular o pensamento, mas sem conseguir concluir.

Tirando o novo amiguinho de Jungkook, as coisas estavam melhorando. Ele estava mais próximo e a cada dia parecia se perdoar e entender mais tudo o que havia acontecido. A terapia estava fazendo bem pra ele. Assim como para Jimin, que finalmente havia tido coragem para falar sobre tudo aquilo com alguém.

Nas primeiras consultas, a médica havia levado um gravador, feito perguntas e mexido em feridas que verdadeiramente doíam. Jimin sabia que aquilo, aquele depoimento, seria usado como prova para o julgamento, por isso falou a verdade, detalhe por detalhe, chorou ao se lembrar e reviver aquilo, mas se manteve forte com a ideia de que aquele seria o fim daquele pesadelo.