Azul e Vermelho

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Kageyama deu um olhar mortal para o baixinho, esse que o olhou de volta, temendo por sua vida.

— Hinata Bokeeeee!

— Daichi, não vai impedir? — Sugawara indagou, chegando perto.

— Deixa um pouco, até que demorou hoje. — o alfa comentou limpando o suor do rosto.

Já era comum para os corvos ver a dupla dinâmica brigarem todo santo dia. Com Noya, os dois eram os únicos do time que ainda não tinham revelado suas classes, porém, era bem nítido que Kageyama seria um alfa, por seu jeito explosivo, e Hinata, um ômega doce e energético.

O fato é: aqueles dois tinham uma conexão, que beirava o assustador, e se completavam de uma forma caótica e calma? É uma boa forma de descrever Kagehina.

Estava bem tarde e, depois de mais alguns chutes e palavrões, os dois pararam de brigar, voltando a arrumar a quadra com os demais.

Arrumaram suas coisas e cada um seguiu seu caminho. Shoyo andava com sua bicicleta e viu o azulado alguns metros a frente. Pedalando mais, chegou perto dele e lhe deu língua.

— Porque não me esperou? — desceu o veículo e continuou a andar ao lado dele.

— Você tava conversando com o Kenma e eu queria chegar em casa. — deu de ombros.

— Como sabia que era o Kenma?

— Convenhamos, vocês dois não se desgrudam fora da quadra. É algo óbvio.

— E se, na verdade, eu estivesse conversando com uma garota? — o outro riu, descaradamente, com aquilo levando um soquinho no braço. — Qual é a graça?

— Pelo amor, você… — o olhou de lado. — Saindo com alguém?

— Sim, qual o problema? — fez um biquinho involuntário.

— Nem um, mas é meio surreal sabendo que você é um viciado em vôlei e ainda não sente cheiros direito.

— Que fique bem claro que você não é o único com esquemas.

— O que quer dizer com isso?

— Pelo amor, com esse rostinho lindo, você tem alguns contatinhos. — revirou os olhos é riu. — Ah é, esqueci do seu sorriso de psicopata, ele afasta qualquer um.

Kageyama sorriu para o ruivo, que fez uma careta.

— Ué, não funcionou.

— É que eu já tô acostumado, mas… pera, cê tá tentando me afastar?

— Sim.

— Baka! — resmungou olhando para frente e notando que estava perto da ladeira, onde eles se separavam.

A noite estava fria, bem que seguiu o conselho de sua mãe e trouxe um casaco, porém, estava morrendo de calor por ter que se mover tanto. Olhando para o poste ao seu lado, foi impossível não notar sua pele arrepiada e ele tentava desfaçar os arrepios.

Sem pensar muito, Shoyo tirou o casaco e jogou na cara dele.

— Hinata seu merda! — xingou, pelo susto, mas o baixinho estava na frente, pedalando.

— Tchau seu velho ranzinza! — despediu-se em um tom alto.

Kageyama resmungou, virando a esquina para chegar no ponto de ônibus. O casaco era pequeno para si, então o colocou sob os ombros e pode sentir o leve aroma de laranja, lhe dando uma sensação gostosa de acolhimento.

Sério… que idiota.

No outro dia, Hinata nem notou como a peça estava com cheiro forte de limão e o outro agradeceu sem olhar para si. Nada de novo vindo do rei.

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