Nem todo o tempo do mundo

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capítulo oito

NEM TODO O TEMPO DO MUNDO


— Você está bem?

A pergunta chegou tímida e até um pouco incerta aos ouvidos de Shikamaru, que, com os olhos fechados e as mãos ainda nos joelhos, tentava controlar a respiração e tentar fazer a força voltar para o corpo. Nunca pensou que diria isso, mas…

— Ser sedentário é uma porra — resmungou, finalmente conseguindo voltar à posição ereta.

Respirou fundo mais uma vez, antes de abrir os olhos e mirar o rosto do homem à sua frente, que exibia um sorriso discreto nos cantos dos lábios. Só então realmente captou todos os detalhes daquela pessoa. 

A pele realmente muito clara, avermelhada nas bochechas por causa do frio; o formato do nariz; o contorno dos lábios levemente cheios; o queixo não tão marcado; os cabelos lisos e escorridos de forma bonita, com alguns fios sobre os ombros; captou tudo, até mesmo alguns sinais que mostravam que ele já não era tão jovem quanto aparentava.

Porém, o que mais chamou a sua atenção foram os olhos. Céus! Que olhos eram aqueles!? Tão claros como pérolas lilases. Shikamaru não sabia definir, mas definitivamente não pensou em algo tão lindo quando eles foram retratados como "estranhos" por seu dono.

— Por que eu já imaginava que a primeira coisa que ouviria da sua boca seria um palavrão? — ele arqueou uma sobrancelha ao questionar divertidamente.

Porra

Por que a voz tinha que ser tão bonita também?

— Vai discordar? — arqueou uma sobrancelha, aproximando-se um passo.

— Não… — alargou um pouco mais o sorriso, sussurrando: — Ser sedentário é realmente uma porra.

Dessa vez Shikamaru não se aguentou, rindo baixinho enquanto negava com a cabeça e soltava um xingamento qualquer. Não soube dizer o que aconteceu com o seu corpo nos segundos seguintes, mas quando se deu conta, já estava com os braços rodeando o pescoço dele.

O outro homem se assustou levemente com o movimento, mas sorriu pequeno enquanto tocava de leve a lateral do corpo dele.

— Esse é um dos atos impulsivos que você nunca tem? — perguntou baixinho.

— Uhum… — resmungou.

O de cabelos longos mordeu o lábio inferior com a resposta, rodeando a cintura dele com cuidado e o apertando entre seus braços, respirando fundo no processo. 

Permaneceram assim por alguns momentos, somente sentindo o calor que emanava do corpo um do outro. O sentimento de nostalgia, como se estivessem abraçando alguém que não viam há muito tempo, era indescritível e fazia os corações pesarem de forma gostosa.

— Nome — Shikamaru pediu ao se afastar, voltando a fitar os olhos claros.

— Não sei se devo te dizer… — franziu o cenho — Você me deixou plantado aqui por mais de uma hora.

Shikamaru deu um sorriso culpado e coçou a nuca, encabulado com isso.

— Você quer ouvir a explicação?

— Vai parecer uma desculpa muito esfarrapada? — arqueou uma das sobrancelhas.

— Vai pra caralho — confessou, começando a andar lado a lado pela praça.

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⏰ Última atualização: Aug 21, 2023 ⏰

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Cartas escritas à mão no Século XXI - shikaneji Onde histórias criam vida. Descubra agora