FOREVER

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- ELA É MINHA IRMÃ! - gritei, controlando minha voz que insistia em embargar.

- A senhora não pode entrar. Me desculpe, mas ela está na UTI e só os médicos podem vê-la por enquanto.

Comecei a chorar. Me desmanchei em lagrima. Já estava naquele hospital frio e úmido há muitas horas e não aguentava mais a agonia de não poder ver como estava minha irmã. Eu não conseguia ouvir a enfermeira dizendo 'não' mais uma vez, então apenas encolhi no canto da parede deixando todas as emoções gritarem junto com as lagrimas...

- Senhorita, é melhor você ir lá para fora. Fique um pouco com a mãe de vocês duas, contatem a família... - a mesma mulher de branco veio ao meu encontro ao ver minha situação.

Me limitei a erguer a cabeça. Minhas bochechas encharcadas e meus olhos vermelhos como meu pequeno computador que levo para todos os cantos e que minha irmã tanto adora. Olhei para a enfermeira e lhe contei a verdade mais dolorosa da vida da minha irmã.

- Ela só tem a mim por ela. Apensa eu.

Levantei, limpei os joelhos da calça, tirei os resquícios de hospital das mãos e fui embora.

Na manhã seguinte, eu já estava lá de novo. Depois de uma noite sem dormir - coisa que nunca faço - e 18 horas sem comer, eu voltei ao hospital. Estava pálida, fraca e suja. Mas eu não ligava. Só queria cuidar da minha irmã mais nova.

Eu não sou tão mais velha assim. É apenas um ano e alguns dias de diferença; nossos aniversários são bem próximos. Nós duas somos opostos em tudo: uma loira, a outra morena; uma baixa, a outra alta; uma super inteligente, a outra nem tanto assim; uma de uma mãe e outra de outra mãe.

Não, nós não somos irmãs de verdade. Mas é assim que a gente se sente em relação a outra. A gente se cuidava, somos amigas, companheiras e confidentes. Era como se tivessemos saído do mesmo útero na mesma hora. Algo nos une; algo que nem nós sabemos o que é direito. Talvez a paixão por bandas, ou o amor pela comida. Mas era mais provável que fosse o conforto e a liberdade que temos uma com a outra.

Talvez, somos a única coisa constante na vida uma da outra. Mas isso é uma coisa que a gente só vai descobrir quando morrermos.

Antes que a enfermeira me dissesse um "não", sentei e rezei um pouco. Rezei pela minha irmã, pela sua saúde, para que eu não desmaiasse de fraqueza quando ficasse de pé e para aquela mulher estar de bom humor e me deixar entrar na UTI.

- Bom dia - eu disse com o melhor sorriso que consegui estampar. - Você lembra de mim, não é mesmo? - A enfermeira assentiu. - Será que agora já posso ver a minha irmã?

- Sim. Agora sim.

A mulher, que era até gentil, me guiou até uma porta dupla, grande e branca. Antes de abrir, parou, virou-se para mim e me informou algumas regras.

- Por favor, desligue seu celular. Ele pode causar interferência nas maquinas. Tire seus sapatos e coloque isso - ela me entregou sapatilhas de pano. - Não faça muito barulho e não sente na cama da paciente. - Eu apenas balançava a cabeça e a enfermeira sorriu. - Meu nome é Júlia e agora vou falar uma coisa de irmã pra irmã.

- O que é? Está tudo bem com ela? - A aflição já começava a crescer em mim.

- Não - Júlia lamentou e segurou as minhas mãos. - Ela está em coma profundo. Ainda não acordou desde que chegou aqui e ainda não sabemos se ela vai acordar -respirei fundo para segurar as lágrimas. - Estamos fazendo o possível e o impossível para salvá-la, mas às vezes só isso não é suficiente. Então, quero pedir que você faça uma coisa por ela.

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