Trabalhou o dia todo irritadiço, contando os segundos pra resolver essa desgrama atormentando a cabeça dele.
Quase bateu em Sidney quando ele veio encher a paciência com umas perguntas que ele também não sabia a resposta e nem ligava. O dia parecia que não acabava, o sol cada vez mais quente e o trabalho triplicava.
- Ô Ramiro! Tá surdo? - Olhou pra trás e viu Antônio bravo vindo na sua direção.- Tô chamando rapaz, presta atenção!
-Desculpa patrão, eu num dormi bem essa noite. - Disse contraindo os ombros.
-Ah é? Pois bem feito, fica até altas horas naquele bar da Cândida enchendo a cara e não trabalha direito.
- Ô patrão, fala assim não que eu trabalho muito, viu? - Disse arrumando a roupa chateado.
- Aham, trabalha... até parece. Mas não foi isso que eu vim falar pra você não, tenho um serviço pra você. Quero que você vá até a casa do Tadeu e embale uns moveis que a Gladys vai mostrar pra você e traga tudo pro depósito. E não quero que leve ninguém porque eu quero descrição.
- O Dotô Tadeu tá de mudança pra cá é?
- Isso não é da sua conta não ô Ramiro, faz o que eu tô mandando e para de encher o saco!
- Mas patrão, eu sozinho vai levar o dia inteirin pra fazer. - Reclamou
- Por isso que eu vim cedo, e eu quero até o fim do dia isso resolvido. Me ouviu? - Disse bravo e voltou em direção a seu carro. - Não sei do que tanto reclama, já fiz até sair do sol quente.
Ramiro tirou o boné da cabeça e foi fazer a tarefa resmungando. Chegou na frente da casa dos Cavallini e foi atendido depois de um bom tempo por uma Gladys um tanto bagunçada, com a roupa meio amassada e o rosto suado.
-Não tem pão velho -Ela foi fechar novamente a porta mas Ramiro segurou
- Não Dona Gladys, sô eu Ramiro, funcionário do Seu Antônio, eu vim pra pegar os móveis pra ele.
Ela mudou de expressão e deixou ele entrar. Foram até uma sala separada e Gladys fazia mais barulho do que precisava andando e falando alto pedindo desculpa pela confusão e falando do quão quente a cidade estava. Quando abriu a porta havia um homem sentado em cima de uma das caixas com cara de assustado. Ramiro olhou pra dona da casa.
- Ah sim, esse é um funcionário do Tadeu, ele passou por aqui e me ajudou a tirar alguns móveis do meu quarto não é? Esse rapaz veio terminar de embalar o restante.
- É-é-é sim, não foi nada, eu estava passando mesmo pra falar com o Seu Tadeu, m-mas infelizmente ele não estava - Ramiro viu uma meia no chão perto do rapaz que falava gaguejando e percebeu que ele usava o outro par dela- Bem foi um prazer, mas vou indo então, qualquer coisa é só...
Ramiro pegou a meia e estendeu pro homem magro.
-Acho que essa meia é sua, né não? - Enzo puxou rápido - E qualquer coisa, qualquer coisa mermo cê podia me ajudar com as caixa que eu vou embora mais cedo.
- C-claro, ajudo sim. - Enzo olhou pra Gladys que acenou positivamente com a cabeça.
Em duas horas Ramiro e Enzo tinham colocado tudo no Reboque. Ramiro movido pelo ódio que consumia ele naquele dia e Tadeu com as próprias motivações dele. Enzo ter descido os móveis do andar de cima realmente foi uma mão na roda.
No meio da tarde tudo já estava muito bem guardado no depósito do grupo La Selva e Ramiro decidiu usar o resto da tarde pra resolver seu problema já que Antônio ia achar que ele ainda ia tá cuidando dos móveis. E ele ia direto na fonte, chega de carta, feitiço e bruxa, hoje acabava essa confusão na cabeça dele.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O 3° Sonho - Kelmiro
FanfictionSe aquela cena vermelha dos bastidores for um outro sonho do Ramiro