Dandara
Dandara: Ainda sou virgem amooor- cantei assim que o preto vulgo amor da minha vida entrou pela porta da sala.
Preto: O cabaré abriu hoje foi cedo- me encarou rindo.
Vamos lá, Preto é o braço direito do meu pai desde que eu me entendo por gente, tava do lado do seu Raul em todos os momentos inclusive quando ele foi preso e adivinha quem que ficou responsável por mim? Sim, foi bem ele mesmo.
Eu já gostava muito dele mas tipo como um tio mais velho sabe, mas depois que meu pai foi preso e o Marlon meio que se mudou aqui pra casa pra tomar conta de mim tudo mudou.
Nesse tempo eu tinha 14 anos e óbvio que não rolou nada porque além de ser muito mais velho que eu Preto respeitava muito o meu pai e a mim também e isso era o que me deixava cada vez mais instigada.
Preto: fala mandada, o que tem pro almoço hoje tô com uma fome imoral- olhei pra ele indignada.
Dandara: Na sua casa não tem comida não? Eu hein se manca- ele me olhou com um sorriso de lado que é capaz de deixar qualquer uma molhada.
Preto: Qual foi Dandinha, faz a boa pro pai vai- falou com aquela voz rouca e gostosa dele.
Dandara: Aí Preto tem o de sempre, você sabe que só faço alguma coisa diferente no final de semana por que não tem aula e sobra mais tempo.
Preto: Certinha você, vou comer- disse indo pra cozinha como se fosse o dono da casa fico pasma com essa confiança que meu pai tem nele porque se fosse outro nem entrava aqui se eu estivesse sozinha.
Dandara: Cadê o meu pai hein? Não vem almoçar não- perguntei olhando pra ele que tava botando a comida no prato.
Preto: Vem não, passei aqui porque ele pediu pra te avisar e ainda ganhei almoço grátis, fala tu, saí no lucro- disse rindo.
Que audácia.
Dandara: Você tá muito cheio de gracinha viu Marlon- ele me olhou assim que chamei pelo nome dele e não pelo vulgo.
Preto: Pra você é Preto gatinha- pegou a jarra de suco na geladeira e sentou comendo.
Preto: Não vai comer não? Já disse que hoje é só nois dois, não adianta esperar o seu pai porque ele vai demorar, acho até que vai pedir marmita lá na tiazinha.
Fiquei encarando ele por um tempo e fui comer minha comida que como sempre tava uma delícia.
Preto
Depois de almoçar sob os olhares indecentes daquela criança eu deixei meu prato na pia porque ela já devia tá agradecida com a minha companhia que é perfeita então eu não precisava lavar prato e fui trabalhar.
Dandara pensa que engana mas eu já saquei esses olhares dela a mó cota, o foda é eu não poder corresponder porque vontade não me falta.
Tá maluco o chefe me mata se souber que tô na intenção da filhinha dele, novinha mó gostosinha que isso o pai não recusa não.
Essa maluca ainda vai me trazer muito problema.
Chegando na biqueira vi a Beatriz saindo da sala do chefe e neguei com a cabeça.
Preto: Quando vocês vão contar pra Danda? Daqui a pouco a favela toda vai saber- falei chamando a sua atenção.
Chefe: E como eu vou contar pra minha filha que tô comendo a amiga dela?- o velho falou todo se achando.
Preto: Pensei que vocês tavam namorando e pá- disse rindo.
Chefe: E a gente tá, mas é complicado, além da novinha ser nova demais ela é amiga da minha filha.
Preto: É melhor vocês contarem logo antes que a sua filha fique sabendo pela boca dos outros- falei saindo de lá.
