4 ANOS ATRÁS
Há que diga que mafiosos são ricos e possuem uma boa vida financeira.
Sinto muito para esses desinformados, mas não era o que pensava a respeito. Não quando seu pai se viciou no produto que vendia para a maldita família Lucchese, que governava a máfia Cosa Nostra e dominava grande parte da Itália. Obviamente, eles não tinham esse conhecimento desde que meu pai pagasse o que era devido, tampouco sabiam se a carga que Davide Caruso, mais conhecido como meu pai, pegava deles era apenas para venda ou também para uso próprio.
Mas nós sabíamos e não era nada interessante o que essa merda fazia com a nossa vida.
Tínhamos uma boa vida, antes dele entrar para o mundo dos vícios, antes disso poderíamos ser até considerado uma família normal na máfia. Meu pai era um dos soldados do capo, Salvatore Lucchese, e tinha uma boa convivência com cada um deles, estava até sendo cogitado para se tornar um Caporegime caso continuasse tendo um bom desempenho com suas atividades.
No entanto, com o tempo as coisas começaram a desandar, principalmente dentro de casa, com as cobranças insistentes de minha mãe sempre por mais. A verdade era que ela nunca se sentia satisfeita com o que tínhamos, a ambição dela sempre foi seu grande problema e começou a cogitar a possibilidade de me apresentar ao futuro Don, para um casamento arranjado com seu filho, Matteo Lucchese.
Tinha apenas oito anos na época e meu pai não concordou com essa opção, pois segundo ele, minha mãe não pensava em mim como filha, apenas queria dar o golpe na grande fortuna da famiglia e apesar de fazerem parte da máfia, meu pai não queria que eu passasse a ter um alvo mirado nas costas. Não era o que queria para mim.
Meu pai sempre foi o único que demonstrava afeto por mim, já minha mãe me enxergava apenas como a galinha de ouro, que no momento certo lhe daria o grande retorno esperado. Tinha medo de seus planos para mim.
Com o passar do tempo, o convívio entre eles era tão desgastante e as brigas pareciam tão corriqueiras, que meu pai começou a beber mais do que deveria e certo dia resolveu experimentar a maldita cocaína que seu capo vendia. Depois disso não ficava difícil imaginar o que aconteceu, meu pai virou um viciado.
Consequentemente, seu trabalho foi afetado e aquele cargo que tanto almejava, já não importava o bastante. Assim como colocar comida dentro de casa, na verdade, isso virou luxo. Pois para pagar seus vícios, ele passou a vender tudo que tinha dentro de casa e daí foi só ladeira abaixo.
Por esse motivo, me encontrava nesse momento junto de meu primo e fiel companheiro, Leonardo Caruso, indo até a feira da madrugada da Sicília para tentar resgatar alguns alimentos que sempre eram descartados, para termos o que comer nesse dia. Minha irmã, Genevive, tinha apenas quatro anos e chorava com fome, minha mãe andava mais estressada do que o costume e meu pai para variar tinha desaparecido, esperava que voltasse vivo para casa, apesar de tudo.
— Tenho um pouco de dinheiro que sobrou da minha mesada, não precisa procurar nada no lixo dessa vez. — Meu primo comentou, quando nos aproximávamos de uma viela estreita e vazia. Para ser sincera, não gostava de passar por ali, ainda mais sozinha, mas adiantava bem o caminho, por isso, como Leonardo se encontrava ao meu lado, não vi problemas.
— Não se preocupe com isso, não quero que fique gastando de sua mesada conosco.
— Pare de falar asneira, cazo! Sei que se fosse comigo, faria o mesmo. Não tem discussão!
Bufei resignada, sabendo que não conseguiria vencer essa briga. Meu primo era tão teimoso quanto eu, ou até mais, caso isso fosse possível.
— Va bene! Mas assim que conseguir te devolvo... — Pelo menos essa era a intenção, mas infelizmente ele sabia que não seria tão fácil cumprir essa promessa. — E você poderia... hum...
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Matteo - O império do mafioso
RomanceChiara Caruso foi criada como fonte de vingança de sua família e quando ela completa dezoito anos, vê seu mundo ruir quando descobre que seus pais farão de tudo para que ela se case com o capo da famiglia, mais temida da Itália e não vê alternativa...