— Seu filho da puta! Não aguento mais ficar vendo nosso nome ser manchado na boca desses abutres! — Meu papa jogou uma das revistas de fofocas mais famosa da Itália contra a mesa em que eu tomava meu café calmamente, enquanto ouvia mais um de seus grandes sermões. — Quando que você vai tomar vergonha nessa sua cara e agir como o Don que lhe ensinei a ser, cazzo! — grunhiu, ainda irritado, se sentando em seu lugar na ponta da mesa, colocando a cabeça dentro de suas mãos.
Prendi o riso para não o irritar ainda mais, enquanto tomava mais um gole de café na xícara de porcelana.
Quem conhecia o grande e temido Salvatore Lucchese, não acreditaria em como eu conseguia fazer com que perdesse a linha com tanta facilidade.
— Por favor, se atente em seu palavreado, pois quem está sendo ofendida com seus berros para o nosso bambino, sou eu! — ralhou minha mãe, tomando um gole de seu suco de laranja, tão serena quanto eu.
Meu pai levantou seus olhos acinzentados, como os meus, em sua direção e lhe deu um sorriso envergonhado. Ela era a única que conseguia fazer com que ele perdesse a compostura tão rápido e deixá-lo com vergonha de seus atos e palavras esdrúxulas.
— Desculpe, amore mio. Seu filho me tira do sério!
Revirei os olhos, por dizer como se eu fosse apenas o filho dela e precisei segurar minha língua para não o provocar ainda mais.
— Nosso filho! — ela frisou a primeira palavra. — Não fiz sozinha.
Meu pai respirou fundo, tentando se controlar e se serviu de uma xícara de café puro, assim como o meu. Dando-nos alguns minutos de silêncio, mas o conhecendo tão bem, como conhecia, sabia que isso era temporário, que ele voltaria ao seu tão cansativo discurso sobre a importância e necessidade de que eu me casasse.
Meus trinta anos se aproximava cada vez mais e sabia da necessidade de ter uma boa esposa para comandar ao meu lado o império de máfia que tínhamos conquistado anos após anos. O problema era encontrar essa mulher!
Meu pai tinha alguém ao seu lado que amava e fazia tudo que estava ao seu alcance para a fazer feliz e protegê-la. Não era um desses românticos que acreditava que cada um tinha sua alma gêmea, apenas queria alguém que me agradasse, a ponto de passar o resto de meus dias ao lado.
Não tinha interesse em ser infiel em meu casamento, não fui criado dessa maneira, por esse motivo evitava tanto por escolher a minha futura esposa.
Caso a questão fosse apenas fisicamente, já teria escolhido.
Meu desejo era que fosse alguém além de linda, também inteligente, que não se preocupasse apenas com que roupa usaria nas diversos festas que frequentávamos, ou em como sairia sua foto nos noticiários ao lado do atual Don da temida Cosa Nostra. Queria uma mulher amável, que fosse carinhosa com os nossos filhos, mas que se preocupasse com coisas mais importantes do que sua mídia social. E, infelizmente, a maioria das mulheres que me envolvia e conhecia dentro da própria máfia, que se enquadrariam dentro do esperado para estar ao meu lado, eram todas assim.
Elas me viam e seus olhos brilhavam em expectativas de me agradar, mas não me enxergavam, apenas olhavam o meu posto e tudo que conquistariam para elas e sua família, alcançando o cargo de primeira-dama.
— Não dá para esperar mais! Tentei ser paciente e você sabe que falo a verdade. — Ele de fato falava. — Mas não há mais como aguardar seu bom senso em escolher alguém do seu interesse. Já recebi diversos convites para que conhecesse as muitas bambinas que se enquadram perfeitamente no que precisa, e sempre respeitei que quisesse ter interesse por elas, mas para mim acabou! Você está sujando a nossa imagem com sua libertinagem nas boates Paradiso.
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Matteo - O império do mafioso
RomantikChiara Caruso foi criada como fonte de vingança de sua família e quando ela completa dezoito anos, vê seu mundo ruir quando descobre que seus pais farão de tudo para que ela se case com o capo da famiglia, mais temida da Itália e não vê alternativa...