Αt Least

sixty one

[Sixty One]- 19 Junho

Rachel

Desperto ao ouvir o som irrequieto do meu telemóvel, quem será que me acorda cedo quando finalmente estou de férias. Pego no dispositivo e vejo que foi apenas a Talia, ignoro o que ela disse sobre querer ir ao shopping e precisar de roupas novas. Às vezes pergunto-me se ela pensa que eu sou rica como ela. Todas as semanas quer ir comprar algo novo e arrasta-me com ela. Sinceramente nem sei porque me relaciono com ela, mas visto que a minha fama de puta existe por todos os recantos, não há nada que eu possa fazer, se me afastasse dela seria estranho, então porque não tentar aturá-la. Ela também não é assim tão má quanto faço parecer.

Por vezes considero-me tão má pessoa que penso nem me conhecer, não má no sentido de maltratar alguém, eu respeito os demais, apenas são as minhas atitudes que não são as mais banais. Por exemplo eu não me considero puta a maior parte das vezes, mas certas vezes sei que o sou.

Nem tudo o que dizem é verdade.

Nem tudo o que dizem é verdade.

Nem tudo o que dizem é verdade.

As palavras doces do Kyle ecoam pela minha mente. Eu disse que era uma puta e que era o que todos diziam, mas ele negou, ele disse que eu não era uma puta. Eu deveria sentir-me feliz por isso, mas eu sinto-me estranha. Porque me sinto eu estranha. Eu deveria sorrir, mas não é possível, eu tenho medo. Nem tudo o que dizem é verdade. Porque disse ele estas palavras.

Poderá ele gostar de mim?

Não sonhes, ele não gosta de ninguém, só dele próprio, tu própria já o disseste. O meu subconsciente atira, é verdade, é tudo verdade. O Kyle não gosta de ninguém, ele apenas se importa com o seu umbigo.

Eu pensei poder mudá-lo, mas há quem não tenha seja capaz de mudar.

Talvez o melhor seja mesmo desistir. Desistir é para os fracos. Talvez eu seja fraca.

Talvez eu não tenha a força necessária para ajudar o Kyle.

Talvez eu apenas precise de esquecer tudo o que existe dele no meu interior.

Mas como se esquece quem nos tirou a pureza?