Capítulo Único

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Tornar-se um Curandeiro não foi a decisão mais fácil da vida de Draco, mas também não foi a mais difícil.

Bem, a outra opção, de se tornar um Mestre de Poções, meio que o entediou depois de algum tempo, o cheiro de um Laboratório de Poções era honestamente horrível demais para ele aguentar oito horas por dia, sete dias por semana (Circe proíbe Severus de ouvir isso vindo de Draco, onde quer que ele esteja). Então, ele seguiu a única outra carreira que parecia se adequar aos seus interesses. St. Mungos também não era exatamente o lugar mais cheiroso do mundo, mas trabalhar como Curandeiro trouxe a Draco um propósito, uma sensação de que ele poderia realmente ser bom, ser útil para alguma coisa.

Mesmo que algumas pessoas o criticassem ou lhe dissessem palavrões, isso pagava o preço, sabendo que ele era capaz de ajudar, de alguma forma. Além disso, ser um Curandeiro era honestamente emocionante. Alguns pacientes carregavam consigo histórias extraordinárias, e Draco sempre fazia questão de oferecer ouvidos atentos, mesmo que não fosse sua especialidade.

Mas numa noite quente, seu nome é chamado. A recepcionista avisa que tem um paciente esperando por ele em uma sala reservada, mas não informa o nome nem a ficha. Draco semicerra os olhos confuso para ele, mas segue em frente. Bem, quem poderia ser? Talvez alguém com um caso embaraçoso, como algo preso no cu. Já aconteceu antes, de qualquer maneira. Draco só pode se perguntar enquanto caminha em direção à sala designada, a porta fechada e aparentemente silenciosa.

Mas então, quando ele abre a porta, ele não consegue acreditar. Na verdade.

Porque seu misterioso paciente não é ninguém além de Harry Potter, com uma aparência absolutamente horrível, com o cabelo espetado, apontando para todas as direções, o rosto manchado de sujeira e arranhões cobrindo todo o - ah - torso nu. Ele está de mau humor, seu rosto tem um leve rubor avermelhado e ele bate os dedos no colchão como se estivesse impaciente demais.

"Eu não posso acreditar." Draco expressa seus pensamentos em um sussurro, esperando que Potter não ouça. Um minuto se passa, Draco tosse e seu mundo volta ao eixo normal. "Então, você é meu paciente. Que conveniente."

"Obrigado, Deus. Eu estava prestes a acreditar firmemente que havia me transformado em um alienígena se você continuasse me olhando daquele jeito." Potter fala, e Draco não ouve sua voz há algum tempo.

"Você teria ficado melhor se tivesse feito isso, eu lhe garanto." Ele responde, apenas por causa dos velhos tempos.

Já se passaram anos desde que ele foi absolvido de ser enviado para Azkaban. Bem, já que Potter falou por ele e sua mãe. Ele não tinha visto Potter desde então, assim como todos os outros no Mundo Mágico, porque Potter havia praticamente desaparecido.

Todos esperavam que ele seguisse sua carreira como Auror, — Merlin sabe que isso foi tudo o que ele falou desde o quinto ano — para reconhecer sua reputação como o Salvador e sua eventual posição na alta sociedade bruxa, como uma figura pública, basicamente um celebridade. Draco se lembra de ver o rosto de Potter no jornal todas as manhãs e lembra das especulações sobre o relacionamento de Potter com a filha mais nova dos Weasley. Sua mãe até comentou como o casamento deles deveria ser ótimo.

Mas num dezembro inesperadamente frio, Potter desapareceu.

De repente, do nada, o Salvador do Mundo Mágico desapareceu. A notícia teria sido suficiente para deixar seu mundo ainda traumatizado em um tumulto se não fosse pelos presentes de despedida que ele deixou para algumas pessoas. Objetos, anotações, livros, apenas coisas aleatórias que ele deixou para avisar a todos sobre seu bem-estar que de alguma forma acabaram sendo confundidas com pistas. Não eram dicas de como encontrar Potter porque ele não queria ser encontrado, ele não estava perdido. No noticiário, isso durou dias. Cada repórter queria dar uma olhada em Granger e Weasley, querendo perguntar se os outros dois membros do antigo Trio Dourado sabiam alguma coisa sobre Harry. Eles sempre respondiam solenemente, sempre juntos, os dois, sempre alegando que Harry estava bem e que era de sua livre escolha simplesmente ir embora.

Dragon Rider [TRADUÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora