Só eu e você | seungchan

✿ ⊰ 27

Sentindo-se cada vez mais aflito a cada passo pesado que o seu pai dava em direção ao seu quarto, Christopher Bang respirava fundo e agia quase que desesperado, guardando todas as suas coisas na bolsa emprestada de Seungmin e a escondendo debaixo da cama; para evitar que o Bang mais velho fuçasse seus pertences ao querer entrar. Ele, por um segundo, olhou para a janela aberta, mas com grades em toda ela, vendo que nunca conseguiria pular dela e fugir daquele momento incoveniente.

Três batidas na porta fizeram Christopher ficar afobado e, tentando recuperar a sua calma, foi até a porta sem que o senhor Bang esperasse por ele; abrindo apenas um pouco e dando de cara com uma aparência parecida com a sua, entretanto era muito mais velho e gordo.

-- Como eu esperava, meu filho, você veio para casa justamente perto do seu aniversário! -- exclamou, sorrindo estranho e estalando a língua no céu da boca. Bangchan suspirou cansado, quase fazendo cara de nojo ao ver aquele projeto de capiroto na sua frente. -- Como recompensa por estar finalmente em casa e, com certeza, você vai ficar dessa vez aqui comigo, vou te surpreender com um lindo parente! Venha, vamos descer. Estou ansioso para te mostrar!

-- Vou passar. -- declarou ao pai, negando com a cabeça e mãos, criando coragem ao enfrentá-lo. Forçou um sorriso em seus lábios. -- Obrigado pelo seu carinho, querido pai. Mas não preciso do seu presente, seja lá o que for ele. Só estou aqui com o propósito de pegar as minhas coisas e ir embora o mais rápido possível.

A afeição do homem mudou drasticamente ao ouvir tal declaração e o Bang mais novo não deixou de notar a frieza tomando-lhe o rosto do outro. Um silêncio tenso prevaleceu entre os dois enquanto o senhor Bang mantinha seus olhos firmes direcionados ao filho, parecendo pensar seriamente em algo.

-- Eu sou seu pai. -- ditou entre dentes, aproximando lentamente do outro. Ele jogou o cigarro no chão e o amassou com o pé, saindo ainda uma fumaça de matar os pulmões. Bangchan engoliu seco, assustando-se como um cachorrinho perdido. -- Sendo assim, seu filho da put4, quero que aja como meu verdadeiro filho e não como um garotinho que gosta de pegar viados por aí. Seja homem! Tenho certeza que aqueles seus amigos fizeram lavagem cerebral... Na merda. Da sua. Cabeça. -- xingou pausadamente, batendo com brutalidade o indicador na testa do filho; este que arregalou os olhos e começou a respirar rápido demais. -- Você é nojento. Você se parece com a merda daquela mulher. Você deveria morrer de tanto que você me decepciona cada vez mais.

Sob a tortura psicológica que o afetava a cada frase dita pelo pai, Christopher fechou os punhos fortemente e a respiração continuava acelerar. O peito subia e descia. Suas mãos tremiam mais do que o normal e seus dentes rangiam uns com os outros, seu coração parecia uma batedeira. A raiva, tristeza e ódio transpareciam em seus olhos vermelhos e cerrados.

Christopher Bang poderia muito bem dar àquele homem um belo soco, entretanto o medo estava a sua frente. Ao seu lado. Atrás de si. Sentia-se um completo fracote, pois não possuía a devida coragem de enfrentar o próprio pai. Jurava que, perto deste homem, virava uma criança chorona; como na época de sua infância e uma grande parte de sua adolescência.

Sem Seungmin ao seu lado, Christopher acreditava que ele era apenas um fraco, impotente, um inútil.

-- Vou levar esse seu silêncio como uma afirmação, filho. -- o Bang mais velho agarrou o mais novo pelo pescoço e começou a puxá-lo a força para a fora do quarto. Chan tentou recuar, mas a força estava nas mãos do pai. -- Venha, vamos ver seu presente agora.

Contudo, uma música de ligação ecoou pelo quarto, fazendo eles pararem de andar e Bangchan olhar arregalado, no mesmo instante, para a sua cômoda -- onde estava seu celular vibrando --, dando abertura para que o pai percebesse o quanto a ligação seria importante para o filho se ele atendesse. Talvez era o namorado, o senhor Bang pensou.